sábado, 18 de novembro de 2017

A Medalha Milagrosa e uma Conversão: a história de Claude Newman

Amanhã se inicia a Novena da Medalha Milagrosa, cuja festa é comemorada no dia 27 de novembro. Para marcar esta que é uma das grandes revelações de Nossa Senhora a partir do século XIX, reproduzimos abaixo um milagre obtido pelo uso da Medalha Milagrosa.

     Claude Newman (1923-1944), um homem negro, com cinco anos foi separado de sua mãe Fioretta e enviado a uma pequena cidade a leste de Vicksburg, Mississippi. Lá, junto com seu irmão mais velho, cresceu com sua avó Ellen Newman.
      Desde a infância Claude teve de tomar parte no trabalho pesado nos campos de algodão, onde trabalhou também Sid Cook, o homem com quem a avó Ellen havia se casado em 1939. Depois de testemunhar o maltrato contínuo e espancamentos que a avó amada sofria do marido, na tarde de 19 de dezembro de 1942, Claude matou Cook com um tiro de uma arma de fogo. Ele tinha 19 anos. Ele tentou fugir, mas depois de algumas semanas foi preso e condenado à morte.
     Em 1943, Claude Newman, estava aguardando a execução em uma prisão do Mississippi. Um dia, Claude notou uma medalha pendurada no pescoço de um companheiro de prisão e perguntou ao jovem o que era. Este respondeu lançando a medalha ao chão com uma maldição e disse: "pegue isso". Ele não sabia que o pingente era uma Medalha Milagrosa. Mesmo não sabendo nada sobre ela, ou o que representava, Claude pegou e pendurou-a no pescoço. Ele não tinha ideia de como esta ação simples mudaria sua vida.
Visões  
   Durante a noite, Claude foi despertado por uma visão brilhante, que mais tarde descreveu como "a mulher mais bela que Deus jamais criou". A visão acalmou o homem assustado e disse: "Se você quiser que eu seja sua Mãe e você meu filho, vá a um sacerdote da Igreja Católica". E desapareceu.
     "Um fantasma, um fantasma!", gritou Claude, clamando por um padre. Na manhã seguinte, o Pe. Robert O'Leary (que mais tarde redigiu a história) foi convocado. Depois de ouvir o relato extraordinário e falar com ele, o padre descobriu que Claude era uma alma muito simples e analfabeta que sabia muito pouco sobre a religião.
     O padre começou a ensinar o jovem sobre o Catolicismo, e logo as aulas de catecismo incluíram outros quatro presos que ficaram profundamente impressionados com a visão de Claude. Várias semanas depois, o padre introduziu o sacramento da Confissão e Claude se disse: "Oh, eu sei sobre isto! A Senhora me disse que quando vamos nos confessar estamos ajoelhados não diante de um sacerdote, mas diante da Cruz de Seu Filho. E quando nos arrependemos verdadeiramente de nossos pecados, e nós confessamos os nossos pecados, o sangue que Ele derramou cai sobre nós e nos liberta de todos os pecados".
     Os outros ficaram surpresos com essa nova revelação. Vendo sua surpresa, Claude pediu desculpas, "Oh, não fiquem bravos, não fiquem com raiva, eu não quis fazer mal".
Revelação
    Assegurando-lhe que ele estava longe de se zangar, Pe. O'Leary perguntou a Claude se ele tinha visto a Senhora novamente. Levando o sacerdote para um canto, o jovem disse: "Ela me disse que se o Sr. duvidasse de mim ou mostrasse hesitação, eu devia lembrá-lo que, deitado em uma vala na Holanda em 1940, o Sr. fez um voto a Ela, que Ela ainda está esperando se concretizar”.
     Esta revelação o convenceu completamente das afirmações de Claude. Durante a guerra, o Pe. O'Leary prometeu erguer uma igreja em homenagem à Imaculada Conceição se ele sobrevivesse. Ele cumpriu a promessa em 1947 e a igreja ainda permanece em Clarksdale, Mississippi.
     Quando o padre e Claude retornaram à aula sobre a Confissão, Claude disse a seus amigos: "Vocês não deveriam ter medo da Confissão. Vocês realmente estão dizendo a Deus seus pecados, não ao padre. Sabe, a Senhora disse que a Confissão é algo como um telefone. Conversamos com Deus por meio do sacerdote, e Deus nos fala por meio do sacerdote".
      Finalmente, os catecúmenos foram recebidos na Igreja. Nos registros batismais da paróquia de Santa Maria em Vicksburg, MS, o batismo de Claude é registrado em 16 de janeiro de 1944, quatro dias antes da execução programada.
     Quando o dia se aproximou, o xerife perguntou a Claude se ele tinha um último pedido.
     "Bem, os meus amigos estão todos abalados. O carcereiro está abalado. Mas você não entende. Eu não vou morrer; apenas esse corpo é que vai. Eu vou estar com Ela. Então, eu gostaria de fazer uma festa".
     "O que você quer dizer?", perguntou o xerife Williamson.
     "Uma festa!" disse Claude. "O Sr. daria permissão ao Padre O'Leary para trazer alguns bolos e sorvete, e permitiria que os prisioneiros do segundo andar fossem levados para a sala principal para que todos possamos estar juntos e fazer uma festa?"
     O xerife estava admirado, mas consentiu, e até permitiu que os companheiros de Claude participassem.
     Então, o padre O'Leary visitou uma rica patrona da paróquia, e ela generosamente forneceu sorvete e bolo, e todos gostaram da festa.
     A pedido de Claude o Pe. O'Leary trouxe livros de oração da Igreja, e todos juntos rezaram a Via Sacra e fizeram uma Hora Santa, sem o Santíssimo Sacramento, rezando especialmente por Claude e por todas as suas almas.
     À medida que a hora da execução de Claude se aproximava, os homens foram colocados de volta à suas celas.
     O sacerdote foi então para a capela para buscar o Santíssimo Sacramento para que ele pudesse dar a Comunhão a Claude momentos antes da sua execução. O Padre O'Leary voltou à cela de Claude. Este se ajoelhou de um lado das grades, o sacerdote ajoelhou-se, e eles rezaram enquanto o relógio caminhava para a hora da execução.
     Quando ele já se preparara com o Pe. O'Leary, o xerife chegou apressadamente e gritando que o governador havia concedido um adiamento da execução de duas semanas. Para seu espanto, o jovem começou a chorar, inconsolável.
     Claude não estava ciente de que o xerife e o procurador do distrito estavam tentando obter uma suspensão da execução de Claude para salvar sua vida. Mas quando Claude descobriu, começou a chorar.
     Desconcertado, o xerife deixou a sala. O padre permaneceu e Claude se acalmou, então o Padre O'Leary deu a Comunhão a ele. Depois, Claude disse: "Mas o Sr. não entende! Se o Sr. tivesse visto seu rosto e olhado nos olhos dEla, não gostaria de viver outro dia!... O que eu fiz de errado nessas últimas semanas para que Deus me recusasse ir para casa?... Por que, padre? Por que eu ainda devo permanecer aqui por duas semanas?"
     O Padre O'Leary teve uma súbita inspiração. Ele lembrou-o de James Hughs, um prisioneiro branco na mesma prisão, que odiava Claude intensamente. Este prisioneiro levou uma vida horrivelmente imoral, e, como Claude, ele também fora condenado a ser executado por assassinato. James foi criado como católico, mas agora ele era um réprobo e rejeitava Deus e todas as coisas cristãs.
     O Padre O'Leary disse então: "Talvez nossa Bem-aventurada Mãe queira que você ofereça esse adiamento de estar com Ela para a conversão dele". E o sacerdote continuou: “Por que você não oferece a Deus cada momento que você está separado da sua Mãe celestial por esse prisioneiro, para que ele não seja separado de Deus por toda a eternidade?”.
     Claude pensou por um momento, depois concordou, e ele pediu ao Padre O'Leary que lhe ensinasse as palavras para fazer a oferta. O Padre O'Leary cumpriu e, mais tarde, declarou que, a partir desse momento, as duas únicas pessoas na terra que conheciam essa oferta pessoal eram Claude e ele mesmo, porque era um assunto privado entre Deus, a Santíssima Mãe, Claude e ele mesmo.
     Algumas horas depois (ainda na manhã seguinte ao seu indulto de execução) Pe. O'Leary veio mais uma vez visitar Claude que disse ao padre: "James me odiava antes, mas, ó padre, como ele me odeia agora!" (Isso ocorreu porque James tinha ouvido falar do perdão de Claude e tinha ciúmes) Para encorajá-lo, o bom padre disse: "Bem, talvez seja um bom sinal”.
A execução de Claude
      Durante as duas semanas de indulto, Claude generosamente ofereceu seus sacrifícios e orações por seu companheiro prisioneiro, o réprobo James Hughs. Duas semanas depois, Claude foi finalmente morto pela cadeira elétrica em 4 de fevereiro de 1944.
      Sobre a santa morte de Claude, o Padre O'Leary testemunhou: “Nunca vi ninguém ir para a morte com alegria e felicidade. Mesmo as testemunhas oficiais e os repórteres do jornal ficaram maravilhados. Eles disseram que não entendiam como alguém podia sentar-se na cadeira elétrica radiante de felicidade”.
     A notícia da morte de Claude apareceu em Vicksburg Evening News no dia da sua execução (vide foto à esquerda). Suas últimas palavras para o Padre O'Leary foram: "Padre, eu me lembrarei do Sr. E sempre que tiver um pedido, peça-me e eu vou pedir a Ela”.
A milagrosa conversão e execução do prisioneiro James Hughs

     Três meses depois, em 19 de maio de 1944, o homem branco por quem Claude tinha oferecido seu sacrifício, deveria ser executado. O Padre O'Leary disse: "Este homem era a pessoa mais imunda que eu já havia encontrado. Seu ódio a Deus e a tudo que fosse espiritual é difícil de descrever".
     Ele não permitia um sacerdote ou um clérigo em sua cela. Pouco antes de sua execução, o médico do condado suplicou que pelo menos ele se ajoelhasse e rezasse o "Pai Nosso" antes que o xerife viesse buscá-lo. O prisioneiro cuspiu no rosto do médico!
     Quando ele foi preso na cadeira elétrica, o xerife disse a ele: "Se você tem algo a dizer, diga agora". James Hughs começou a blasfemar. De repente, ele parou de falar e seus olhos se fixaram num canto da sala, teve um olhar de surpresa rapidamente seguido por um grande horror, e ele gritou: "Xerife, me chame um padre!"
     O Padre O'Leary estava na sala, porque naquela época a lei do Mississippi exigia que um clérigo estivesse presente nas execuções. O sacerdote, no entanto, tinha se escondido atrás de alguns repórteres porque o condenado ameaçava amaldiçoar Deus se ele visse um clérigo.
     Ao ouvir o seu pedido, o Padre O'Leary imediatamente foi até o condenado. As pessoas saíram da sala e ele ouviu a confissão do homem. James disse que era católico, mas se afastou de sua religião quando tinha 18 anos por causa de sua vida imoral. Ele confessou todos os seus pecados com profundo arrependimento e fervor intenso.
     Quando todos voltaram para a sala, o xerife perguntou ao padre: "Padre, o que o fez mudar de ideia?"
     "Eu não sei", disse o Padre O'Leary, "não perguntei a ele".
     O xerife disse: "Bem, eu não vou dormir hoje à noite se eu não lhe perguntar". O xerife foi ao condenado e perguntou: "Filho, o que fez você mudar de ideia?"
     O prisioneiro respondeu: "Lembra-se daquele homem negro, Claude - aquele que eu odiava tanto? Bem, ele estava parado ali [e ele apontou], naquele canto. E atrás dele, com as mãos sobre os ombros dele, estava a Santíssima Virgem Maria. E Claude me disse: ‘Ofereci minha morte em união com Cristo na Cruz para a sua salvação. Ela obteve para você este dom de ver seu lugar no inferno se você não se arrepender’. E foi-me mostrado meu lugar no inferno, e é por isso que eu gritei".
     James Hughs foi executado como previsto, mas a aparição celestial de Nossa Mãe Santíssima com Claude Newman e a visão subsequente do inferno converteram instantaneamente sua alma nos últimos momentos de sua vida.
     Mais uma vez, o simples uso da Medalha Milagrosa atraiu o olhar de Nossa Mãe, e salvou não só uma, mas muitas almas naquela prisão do Mississippi

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