A
história de Santa Susana foi-nos transmitida pela Passio do seu
martírio, que remonta ao século VI, enriquecida com contos lendários. Não se
sabe a data do seu nascimento; provavelmente, era natural da Dalmácia, mas
viveu em Roma no século III.
De família nobre, aparentada com o imperador Diocleciano, Susana era filha do presbítero Gabino (na época, os presbíteros eram os anciãos, que cuidavam da comunidade cristã), irmão do Bispo Caio, que depois se tornou Papa (283-296), e de Cláudio e Máximo, funcionários imperiais.
Quando ascendeu ao trono em 284, Diocleciano estabeleceu a tetrarquia e passou a reinar no Oriente enquanto Maximiano reinava no Ocidente. Ambos nomearam césares como sucessores e co-imperadores juniores: Maximiano indicou Constâncio Cloro (o pai de Constantino, o Grande) e Diocleciano, Gaio Galério Valério Maximiano. Em 293, para garantir sua sucessão, Diocleciano desejava casar seu jovem sucessor rapidamente, mas sua filha, Valéria, já estava casada e a única jovem solteira da família seria Susana, sua prima. O anúncio do casamento traria a desgraça para ela e a família.
Susana, jovem culta e de rara beleza, consagrou-se a Deus, oferecendo-lhe a sua virgindade. Por isso, recusou a proposta de Diocleciano de casar-se com seu filho adotivo, Gaio Galério Valério Maximiano.
O exemplo de Susana converteu seus tios Cláudio e Máximo
Seu tio Cláudio, que havia sido encarregado de fazer-lhe a proposta de casamento, ficou tão impressionado com a determinação da jovem. A ponto de querer saber mais sobre a sua crença. Por isso, converteu-se - e, com ele, sua esposa, os filhos e os servos - e distribuiu seus bens aos pobres.
Não tendo recebido nenhuma resposta, o imperador pediu notícias ao irmão de Cláudio, Máximo. Assim, ele ficou sabendo sobre a decisão de Susana de renunciar ao casamento. Depois, junto com Cláudio, decidiu envolver na questão também Caio e Gabino. Todos os quatro concordaram em não obrigar a jovem a casar-se. Ao conhecer melhor a sobrinha, também Máximo abraçou o cristianismo.
Decapitada em casa
Ao ser informado sobre a decisão de Susana e sobre a conversão de seus dois oficiais, Diocleciano, furioso, prendeu a jovem e seus familiares.
Submetidos a um interrogatório, nenhum deles abjurou à fé cristã. Assim sendo, o imperador mandou condená-los à morte. Cláudio e Máximo foram queimados vivos; a esposa de Cláudio, Prepedigna e os filhos do casal, foram todos mortos; Gabino foi torturado e morreu de fome na prisão.
O cônsul Macedônio ordenou que Susana realizasse um sacrifício ao deus romano Júpiter para provar sua fé. Quando ela se recusou, ficou evidente que ela era de fato cristã, mas neste ponto os relatos divergem. Segundo uma fonte, o próprio Macedônio ordenou que ela fosse morta. Já em outra, Susana teria sido libertada por ser da família do imperador Diocleciano.
De qualquer forma, considera-se que Susana foi decapitada em sua casa, em 11 de agosto de 294. A esposa do imperador Diocleciano, que também era cristã, organizou o enterro e conservou seu sangue como relíquia.
O Papa Caio, que morava perto da casa de Gabino, na manhã do dia seguinte, celebrou Missa no lugar do martírio de Susana e estabeleceu que a santa fosse recordada e venerada em sua própria casa.
Desta forma, começando a aumentar o culto a Santa Susana, no ano de 330 uma basílica foi construída sobre a casa da Santa e dedicada primeiro a São Caio, em homenagem ao papa tio dela. No século VI, o Papa Gregório, tornou a dedicá-la em sua homenagem e ela é conhecida desde então como Sancta Susanna ad duas domos.
Os restos mortais de Santa Susana, que foram sepultados no cemitério de Santo Alexandre, na Via Nomentana, foram trasladados, depois, para a igreja a ela dedicada e, várias vezes modificada, hoje denominada igreja de Santa Susana nas Termas de Diocleciano.
Ali, segundo fontes de 1500, foi encontrada uma lápide, atribuída ao século V – que depois foi perdida, – com a escrita: "Olim presbyteri Gabini Filia Felix / Hic Susana Iacet In Pace Patri Sociata" (“Filha feliz do presbítero Gabinio / aqui jaz Susana, na paz do Senhor).
https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/08/11/s--susana--romana--na-igreja-homonima.html
http://www.santiebeati.it/dettaglio/65850
De família nobre, aparentada com o imperador Diocleciano, Susana era filha do presbítero Gabino (na época, os presbíteros eram os anciãos, que cuidavam da comunidade cristã), irmão do Bispo Caio, que depois se tornou Papa (283-296), e de Cláudio e Máximo, funcionários imperiais.
Quando ascendeu ao trono em 284, Diocleciano estabeleceu a tetrarquia e passou a reinar no Oriente enquanto Maximiano reinava no Ocidente. Ambos nomearam césares como sucessores e co-imperadores juniores: Maximiano indicou Constâncio Cloro (o pai de Constantino, o Grande) e Diocleciano, Gaio Galério Valério Maximiano. Em 293, para garantir sua sucessão, Diocleciano desejava casar seu jovem sucessor rapidamente, mas sua filha, Valéria, já estava casada e a única jovem solteira da família seria Susana, sua prima. O anúncio do casamento traria a desgraça para ela e a família.
Susana, jovem culta e de rara beleza, consagrou-se a Deus, oferecendo-lhe a sua virgindade. Por isso, recusou a proposta de Diocleciano de casar-se com seu filho adotivo, Gaio Galério Valério Maximiano.
O exemplo de Susana converteu seus tios Cláudio e Máximo
Seu tio Cláudio, que havia sido encarregado de fazer-lhe a proposta de casamento, ficou tão impressionado com a determinação da jovem. A ponto de querer saber mais sobre a sua crença. Por isso, converteu-se - e, com ele, sua esposa, os filhos e os servos - e distribuiu seus bens aos pobres.
Não tendo recebido nenhuma resposta, o imperador pediu notícias ao irmão de Cláudio, Máximo. Assim, ele ficou sabendo sobre a decisão de Susana de renunciar ao casamento. Depois, junto com Cláudio, decidiu envolver na questão também Caio e Gabino. Todos os quatro concordaram em não obrigar a jovem a casar-se. Ao conhecer melhor a sobrinha, também Máximo abraçou o cristianismo.
Decapitada em casa
Ao ser informado sobre a decisão de Susana e sobre a conversão de seus dois oficiais, Diocleciano, furioso, prendeu a jovem e seus familiares.
Submetidos a um interrogatório, nenhum deles abjurou à fé cristã. Assim sendo, o imperador mandou condená-los à morte. Cláudio e Máximo foram queimados vivos; a esposa de Cláudio, Prepedigna e os filhos do casal, foram todos mortos; Gabino foi torturado e morreu de fome na prisão.
O cônsul Macedônio ordenou que Susana realizasse um sacrifício ao deus romano Júpiter para provar sua fé. Quando ela se recusou, ficou evidente que ela era de fato cristã, mas neste ponto os relatos divergem. Segundo uma fonte, o próprio Macedônio ordenou que ela fosse morta. Já em outra, Susana teria sido libertada por ser da família do imperador Diocleciano.
De qualquer forma, considera-se que Susana foi decapitada em sua casa, em 11 de agosto de 294. A esposa do imperador Diocleciano, que também era cristã, organizou o enterro e conservou seu sangue como relíquia.
O Papa Caio, que morava perto da casa de Gabino, na manhã do dia seguinte, celebrou Missa no lugar do martírio de Susana e estabeleceu que a santa fosse recordada e venerada em sua própria casa.
Desta forma, começando a aumentar o culto a Santa Susana, no ano de 330 uma basílica foi construída sobre a casa da Santa e dedicada primeiro a São Caio, em homenagem ao papa tio dela. No século VI, o Papa Gregório, tornou a dedicá-la em sua homenagem e ela é conhecida desde então como Sancta Susanna ad duas domos.
Os restos mortais de Santa Susana, que foram sepultados no cemitério de Santo Alexandre, na Via Nomentana, foram trasladados, depois, para a igreja a ela dedicada e, várias vezes modificada, hoje denominada igreja de Santa Susana nas Termas de Diocleciano.
Ali, segundo fontes de 1500, foi encontrada uma lápide, atribuída ao século V – que depois foi perdida, – com a escrita: "Olim presbyteri Gabini Filia Felix / Hic Susana Iacet In Pace Patri Sociata" (“Filha feliz do presbítero Gabinio / aqui jaz Susana, na paz do Senhor).
http://www.santiebeati.it/dettaglio/65850
Adendo
O Papa Caio foi o 28º papa da história da Igreja Católica.
Nascido na Dalmácia, região que hoje é pertencente à Croácia, em data desconhecida, Caio, por sinal, é um dos papas mais desconhecidos. Sabe-se muito pouco sobre sua vida pessoal e mesmo religiosa antes de se tornar Sumo Pontífice. Era descendente de um imperador cujo prenome era também Caio. Por isso, Caio viveu seus primeiros anos no luxo, no seio de uma família nobre e abastada. Não se sabe como ele veio a se tornar cristão. O fato, porém, é que Caio passou a ser um cristão fervoroso e grande conhecedor da fé e da doutrina cristã. Sabe-se que era descendente da família imperial de Diocleciano, que era seu tio. Era irmão do presbítero Gabino e tio de Suzana, ambos canonizados.
Com o falecimento do Papa Eutiquiano, Caio foi eleito para ser sucessor no dia 17 de dezembro de 283. Antes de sua eleição, o Papa Caio, junto com seu irmão, Gabino, transformou sua casa em igreja. Lá, ouviam os aflitos, os pecadores; auxiliavam os pobres e doentes; celebravam as missas, distribuíam a eucaristia e ministravam os sacramentos do batismo e do casamento.
O grande contratempo enfrentado pelo Papa Caio se deu no âmbito interno do próprio clero, devido a crescente multiplicação de heresias, criando uma grande confusão entre os devotos cristãos. A última, pela ordem cronológica, na época, foi a de “Mitra”. Esta heresia era do tipo maniqueísta, de origem asiática, pela qual Deus assumia em si a contraposição celeste da luz e da treva. Tal heresia e outras ele baniu por completo.
Era uma época de muitas dificuldades para os cristãos, mas o Papa Caio conseguiu os oferecer um período de relativa paz, construir igrejas por toda Roma e encontrou as catacumbas de cristãos que foram martirizados antes de seu papado. Habilidoso no trato com as autoridades romanas, o Papa Caio conseguiu converter o prefeito Cromâncio.
Entre suas ações como papa, Caio decretou que todo bispo só poderia assumir a posição após desempenhar as funções de hostiário, leitor, exorcista, acólito, subdiácono, diácono e padre. Reformando a administração da Igreja, dividiu os bairros de Roma entre os diáconos e conteve agitadores que desejavam se vingar da morte imposta a outros pontífices.
O Papa Caio também pode ser considerado o primeiro Papa que reuniu fiéis e emissários imperiais durante uma forte discussão a respeito da legitimidade das cobranças de tributos sobre os cristãos. Assim, conseguiu bastante confiança dos governantes Romanos. Conseguiu conter inúmeros agitadores que desejavam vingança pela morte de outros papas usando de atos de vandalismo.
Entretanto, durante o seu governo, muitos foram martirizados por não abjurarem a Fé Católica. Ao que tudo indica, o Papa São Caio esteve sempre presente nos esconderijos das catacumbas, para assim atender às necessidades dos cristãos. Como Papa, chegou a aconselhar alguns cristãos refugiados na casa de campo do então convertido prefeito Cromâncio, de Roma, para que fugissem da cidade antes de serem presos, pois sabia que muitos destes cristãos poderiam fraquejar diante das torturas e do martírio. Conta-se que este mesmo conselho foi dado a São Sebastião, mas este preferiu ficar em Roma, para animar e defender os irmãos da Igreja. Inclusive este santo, por permanecer na arena de luta defendendo a Igreja de Cristo, foi severamente martirizado.
Embora tenha conseguido ampliar a presença da Igreja Católica em Roma física e administrativamente, o Papa Caio conviveu com uma época em que as medidas contra os cristãos estavam em crescimento. Nós sabemos, pelos escritos da Igreja, que apesar do seu parentesco com o imperador, o Papa se recusou a ajudar Diocleciano, que pretendia receber a sobrinha dele como sua futura nora. A ira do soberano mandou matar os cristãos, começando pelo seu parente, Caio. Não é certo que o Papa Caio tenha sido martirizado no final de seu papado de doze anos, mas a tradição diz que o Sumo Pontífice foi decapitado no dia 22 de abril de 296, data que marca o fim do seu papado.
Caio foi sepultado na Catacumba de Calisto. Sua tumba, ainda com o epitáfio original, foi encontrada na Catacumba de São Calisto, junto com o anel usado por ele para selar cartas. Seus restos mortais estão hoje na capela da família Barberini.
Venerado mais tarde como santo, o Papa Caio
foi sucedido pelo Papa Marcelino.
O nome Caio vem do Latim “Caius” e significa feliz, alegre, contente.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
O Papa Caio foi o 28º papa da história da Igreja Católica.
Nascido na Dalmácia, região que hoje é pertencente à Croácia, em data desconhecida, Caio, por sinal, é um dos papas mais desconhecidos. Sabe-se muito pouco sobre sua vida pessoal e mesmo religiosa antes de se tornar Sumo Pontífice. Era descendente de um imperador cujo prenome era também Caio. Por isso, Caio viveu seus primeiros anos no luxo, no seio de uma família nobre e abastada. Não se sabe como ele veio a se tornar cristão. O fato, porém, é que Caio passou a ser um cristão fervoroso e grande conhecedor da fé e da doutrina cristã. Sabe-se que era descendente da família imperial de Diocleciano, que era seu tio. Era irmão do presbítero Gabino e tio de Suzana, ambos canonizados.
Com o falecimento do Papa Eutiquiano, Caio foi eleito para ser sucessor no dia 17 de dezembro de 283. Antes de sua eleição, o Papa Caio, junto com seu irmão, Gabino, transformou sua casa em igreja. Lá, ouviam os aflitos, os pecadores; auxiliavam os pobres e doentes; celebravam as missas, distribuíam a eucaristia e ministravam os sacramentos do batismo e do casamento.
O grande contratempo enfrentado pelo Papa Caio se deu no âmbito interno do próprio clero, devido a crescente multiplicação de heresias, criando uma grande confusão entre os devotos cristãos. A última, pela ordem cronológica, na época, foi a de “Mitra”. Esta heresia era do tipo maniqueísta, de origem asiática, pela qual Deus assumia em si a contraposição celeste da luz e da treva. Tal heresia e outras ele baniu por completo.
Era uma época de muitas dificuldades para os cristãos, mas o Papa Caio conseguiu os oferecer um período de relativa paz, construir igrejas por toda Roma e encontrou as catacumbas de cristãos que foram martirizados antes de seu papado. Habilidoso no trato com as autoridades romanas, o Papa Caio conseguiu converter o prefeito Cromâncio.
Entre suas ações como papa, Caio decretou que todo bispo só poderia assumir a posição após desempenhar as funções de hostiário, leitor, exorcista, acólito, subdiácono, diácono e padre. Reformando a administração da Igreja, dividiu os bairros de Roma entre os diáconos e conteve agitadores que desejavam se vingar da morte imposta a outros pontífices.
O Papa Caio também pode ser considerado o primeiro Papa que reuniu fiéis e emissários imperiais durante uma forte discussão a respeito da legitimidade das cobranças de tributos sobre os cristãos. Assim, conseguiu bastante confiança dos governantes Romanos. Conseguiu conter inúmeros agitadores que desejavam vingança pela morte de outros papas usando de atos de vandalismo.
Entretanto, durante o seu governo, muitos foram martirizados por não abjurarem a Fé Católica. Ao que tudo indica, o Papa São Caio esteve sempre presente nos esconderijos das catacumbas, para assim atender às necessidades dos cristãos. Como Papa, chegou a aconselhar alguns cristãos refugiados na casa de campo do então convertido prefeito Cromâncio, de Roma, para que fugissem da cidade antes de serem presos, pois sabia que muitos destes cristãos poderiam fraquejar diante das torturas e do martírio. Conta-se que este mesmo conselho foi dado a São Sebastião, mas este preferiu ficar em Roma, para animar e defender os irmãos da Igreja. Inclusive este santo, por permanecer na arena de luta defendendo a Igreja de Cristo, foi severamente martirizado.
Embora tenha conseguido ampliar a presença da Igreja Católica em Roma física e administrativamente, o Papa Caio conviveu com uma época em que as medidas contra os cristãos estavam em crescimento. Nós sabemos, pelos escritos da Igreja, que apesar do seu parentesco com o imperador, o Papa se recusou a ajudar Diocleciano, que pretendia receber a sobrinha dele como sua futura nora. A ira do soberano mandou matar os cristãos, começando pelo seu parente, Caio. Não é certo que o Papa Caio tenha sido martirizado no final de seu papado de doze anos, mas a tradição diz que o Sumo Pontífice foi decapitado no dia 22 de abril de 296, data que marca o fim do seu papado.
Caio foi sepultado na Catacumba de Calisto. Sua tumba, ainda com o epitáfio original, foi encontrada na Catacumba de São Calisto, junto com o anel usado por ele para selar cartas. Seus restos mortais estão hoje na capela da família Barberini.
O nome Caio vem do Latim “Caius” e significa feliz, alegre, contente.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
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