sexta-feira, 3 de março de 2023

Beata Maria da Conceição Cabrera Arias de Armida, Viúva, leiga, fundadora – 3 de março

     Maria da Conceição Cabrera Arias de Armida (cujo nome é bem mais longo, acrescente-se Lacavex Rivera), mais conhecida como Conchita, nasceu em São Luís Potosi, México, no dia 8 de dezembro de 1862.
     Seus pais, Otaviano Cabrera Lacavex, e sua mãe Clara Arias Rivera, eram de uma família bem-posicionada. Foi uma menina simples e comum, nobre e travessa como qualquer outra, como ela mesma relata: “Desobedecia a meus pais, brigava com meus irmãos, roubava doces e frutas”, entretanto professava um amor especial à Eucaristia.
     Em 8 de novembro de 1884, aos 21 anos, casou-se com Francisco Armida na Igreja do Carmo. Entre 1885 e 1899, o casal teve nove filhos. Francisco Armida faleceu em 17 de setembro de 1901.
     Após a viuvez, Conchita se dedicou ao estudo e ao apoio aos estudos de seus filhos, nunca ingressou na vida religiosa. Esposa e mãe de numerosos filhos, é uma das santas modernas que Jesus preparou para uma maternidade espiritual para os sacerdotes. No futuro ela terá grande importância para a Igreja universal.
     Jesus uma vez explicou para Conchita:
     Existem almas que receberam uma unção através da ordenação sacerdotal. Porém há também almas sacerdotais que têm uma vocação sem ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas se oferecem em união comigo... Essas almas ajudam espiritualmente a Igreja de maneira poderosa. Tu serás mãe de um grande número de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu coração como mil martírios. Oferece-te como holocausto, une-te ao meu sacrifício para obter as graças para eles” ... “Desejaria voltar a este mundo...nos meus sacerdotes. Desejaria renovar o mundo, revelando-me neles e dar um impulso forte à minha Igreja, derramando o Espírito Santo sobre os meus sacerdotes como numa nova Pentecostes”. “A Igreja e o mundo necessitam de uma nova “Pentecostes, uma Pentecostes sacerdotal, interior”.
     Quando jovem Conchita rezava com frequência diante do Santíssimo: “Senhor, sinto-me incapaz de Te amar, portanto quero casar. Doa-me muitos filhos, que eles possam Te amar mais de quanto eu sou capaz”. De seu casamento muito feliz nasceram nove filhos, duas mulheres e sete homens. Ela os consagrou todos a Nossa Senhora: “Entrego-os completamente a Ti como se fossem Teus filhos. Tu sabes que eu não os sei educar, pouco sei do que significa ser mãe, mas Tu, Tu o sabes”.
     Conchita viu morrer quatro de seus filhos e todos tiveram uma morte santa. Uma filha tornou-se religiosa da Cruz, um filho tornou-se padre jesuíta e os outros se casaram e tiveram filhos. Como uma grande família, eles viveram na Cidade do México.
     Conchita foi realmente mãe espiritual para o sacerdócio de seu filho, e sobre ele escreveu: “Manuel nasceu na mesma hora em que morreu Pe. José Camacho. Quando ouvi a notícia, roguei a Deus que meu filho pudesse substituir este sacerdote no altar. Desde quando o pequeno Manuel começou a falar, rezamos juntos para a grande graça da vocação ao sacerdócio... No dia de sua primeira Comunhão e em todas as festas importantes renovei a súplica... Aos dezessete anos entrou na Companhia de Jesus”.
     Em 1906 da Espanha, onde estava, Manuel (nascido em 1889 e terceiro filho por idade) comunicou-lhe sua decisão de se tornar sacerdote e ela lhe escreveu: “Doa-te ao Senhor com todo o coração sem nunca negar-te! Esquece as criaturas e principalmente esquece a ti mesmo! Não posso imaginar um consagrado que não seja um santo. Não é possível doar-se a Deus pela metade. Procura ser generoso com Ele!”.
     Em 1914 Conchita encontrou Manuel na Espanha pela última vez, porque ele não voltou nunca mais ao México. Naquela época o filho lhe escreveu: “Minha querida, pequena mãe, me indicaste o caminho. Tive a sorte, desde pequeno, de ouvir de teus lábios a doutrina salutar e exigente da cruz. Agora queria pô-la em prática”.
     A mãe também experimentou a dor da renúncia: “Levei tua carta frente ao tabernáculo e disse ao Senhor que aceito com toda minha alma esse sacrifício. No dia seguinte coloquei a carta no meu peito enquanto recebia a Santa Comunhão para renovar o sacrifício total”.
“Mãe, ensina-me a ser sacerdote”
     No dia 23 de julho de 1922, uma semana antes da ordenação sacerdotal, Manuel, então com trinta anos de idade, escreve para sua mãe: “Mãe, ensina-me a ser sacerdote! Fala-me da imensa alegria de poder celebrar a S. Missa. Entrego tudo em tuas mãos, como me protegeste no teu peito quando eu era criança e me ensinaste a pronunciar os belos nomes de Jesus e Maria para introduzir-me nesse mistério. Sinto-me realmente como uma criança que pede preces e sacrifícios... Assim que eu for ordenado sacerdote, te mandarei a minha bênção e depois receberei ajoelhado a tua”.
     Quando Manuel foi ordenado sacerdote, aos 31 de julho de 1922, em Barcelona, Conchita levantou-se para participar espiritualmente da ordenação; devido ao fuso horário no México era noite. Ela comoveu-se profundamente: “Sou mãe de um sacerdote! ... Posso somente chorar e agradecer! Convido todo o céu a agradecer em meu lugar porque me sinto incapaz pela minha miséria”.
     Dez anos mais tarde escreveu ao filho “Não consigo imaginar um sacerdote que não seja Jesus, ainda menos quando ele é parte da Companhia de Jesus. Rezo para ti para que tua transformação em Cristo, desde o momento da celebração, se cumpra de modo que tu sejas, dia e noite, Jesus” (17 de maio de 1932). “O que faríamos sem a cruz? A vida sem as dores que unem, santificam, purificam e obtêm graças, seria insuportável” (10 de junho de 1932).
     O Pe. Manuel morreu aos 66 anos de idade em odor de santidade. O Senhor fez com que Conchita compreendesse o seu apostolado: “Confio-te mais um martírio: tu sofrerás aquilo que os sacerdotes cometem contra mim. Tu viverás e oferecerás pela infidelidade e pelas misérias deles”. Esta maternidade espiritual para a santificação dos sacerdotes e da Igreja a consumiu completamente. Conchita morreu em 3 de março de 1937 aos 75 anos.
     Suas obras como leiga: 1) Apostolado da Cruz; 2) Congregação das religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus cujo propósito principal é a Adoração ao Santíssimo Sacramento dia e noite, e expiação das injurias feitas ao Coração de Jesus; 3) Aliança de Amor com o Sagrado Coração de Jesus, para leigos que queiram cultivar no mundo o espírito das religiosas da Cruz; 4) Fraternidade de Cristo Sacerdote que reúne os sacerdotes diocesanos que participam das Obras da Cruz; 5) Sua quinta e maior obra é a fundação da congregação sacerdotal dos Missionários do Espírito Santo, em 1914, junto com o Pe. Felix Rougier Olanier. Esta obra está presente no México, Estados Unidos, Colômbia, Costa Rica, Chile, Espanha e Itália. Maria da Conceição deixou um legado teológico de 66 volumes manuscritos.
     Tempos depois, um missionário do Espírito Santo, o Pe. Luís Manuel Guzman Guerreiro fundaria, na solenidade de Pentecostes, o grupo Círculo do Espírito Santo e da Cruz, conhecido como C.E.C., que também é um ramo das Obras da Cruz.
     Seus restos mortais se encontram na cripta da Igreja São José de Altillo, na cidade do México.
     A causa de beatificação e canonização foi iniciada pelo Arcebispo do México nos anos 1956-1959. Foi reconhecida como Venerável em Roma no dia 20 de dezembro de 1999 por João Paulo II. Em 8 de junho de 2018 o Papa Francisco autorizou promulgar o Decreto do milagre atribuído a intercessão da Venerável Maria da Conceição Cabrera de Armida Arias. No dia 4 de maio de 2019, realizou-se a cerimônia de beatificação. Conchita Cabrera e a primeira mulher beatificada no México.

   
Fontes: “Adoração eucarística pela santificação dos sacerdotes e Maternidade espiritual” - Responsável pela publicação: S.E.R. Mons. Mauro Piacenza, Arcebispo. tit. de Vittoriana, Secretário da Congregação para o Clero
https://es.wikipedia.org/wiki/Concepción_Cabrera_de_Armida

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