terça-feira, 7 de março de 2023

Beata Maria da Providência (Eugênia Smet) - 7 de fevereiro

     
Segundo a doutrina da Igreja Católica, o Purgatório não é um nível intermédio entre o Inferno e o Paraíso, mas um estado de purificação onde as almas dos que morreram em estado de graça (isto é, não estão manchados pelo pecado mortal e, portanto, já estão destinadas ao Paraíso), ainda precisam se purificar para ver a face de Deus no Céu. Isto se justifica pela existência nas almas de manchas originadas pelos pecados veniais (ou leves) e pelas penas temporais devidas ao pecado, pois que 'nada de impuro pode entrar no céu' (Ap.21,27).
     A existência do Purgatório se baseia no testemunho da Sagrada Escritura e da Tradição. Vários Concílios o definiram como dogma; Santos Padres e Doutores da Igreja o atestam a uma voz. Há uma prisão da qual não se sairá senão quando tiver pago o último centavo. (Mat. 18, 23-35).
     O menor sofrimento no Purgatório, como dizem os santos, ultrapassa todos os possíveis sofrimentos na terra. Está em nosso poder reduzi-los e ajudar as almas a alcançar a felicidade pela qual anseiam. Por isso o amor ao próximo deve ser o estímulo para lhes levar ajuda.
     Em vista de tudo o que foi acima exposto, se compreenderá a importância da fundação levada a cabo pela Beata Maria da Providência.
     Eugênia Maria Josefina Smet nasceu no dia 25 de março de 1825, na cidade de Lille, França. Era a terceira de seis filhos de uma família abastada de origem flamenga. Estudou por dez anos junto às Irmãs do Sagrado Coração de Lille. Concluídos os estudos, desejava ingressar naquele instituto como religiosa, mas retornou à sua casa.
     Embora tivesse inclinação para a vida religiosa, permaneceu em família e dedicou-se ao apostolado leigo. Comunicou ao seu confessor que havia feito o voto privado de castidade e depois começou a trabalhar nas obras de caridade.
      Tornou-se membro da obra pela propagação da fé, fundada em Lion no ano de 1822 por Paulina Jaricot, ela também uma leiga, obra esta que vinha obtendo uma ampla difusão e influência; os sócios ajudavam as missões com a oração diária e com uma esmola semanal. Pequenos gestos somados produzem grandes resultados.
     Nessas obras ninguém da paróquia tinha tanta dedicação quanto Eugênia. Distribuía diariamente alimentos aos carentes e aos enfermos. Sua participação ativa e objetiva aumentava cada vez mais os donativos para as obras missionárias, deixando os padres admirados com o seu senso de organização e carisma. "É necessário ajudar bem a Providência", dizia ela, justificando os crescentes donativos e pacotes de alimentos que conseguia.
     O século XIX foi um tempo fortemente marcado pela devoção às almas do Purgatório. Em novembro de 1853, aos 28 anos, decidiu promover uma associação de fiéis empenhados em rezar pelas almas do Purgatório. Logo conseguiu adesões, mas as dificuldades que encontrou levaram-na a fundar, com o mesmo objetivo, uma congregação de religiosas.
     Durante três anos pediu conselhos a muitos, inclusive ao próprio papa Beato Pio IX e ao Santo Cura d’Ars, que deram a ela todo apoio, e, finalmente, nos primeiros dias de 1856, ela está em Paris. Era a Paris triunfal de Napoleão III, da vitória da Crimeia, dos grandes congressos e projetos.
     Maria era teimosa e não gostava de ouvir muitos conselhos de seus diretores. Por isso os capelães de sua comunidade duravam muito pouco tempo e a Comunidade não progredir. Mas Deus lhe concedeu o remédio de que precisava. Enviou-lhe um sábio padre jesuíta que com diplomacia, mas energia, conseguiu que a Irmã Maria o ouvisse e seguisse os seus conselhos. Ela, que era tão dominante, agora tinha um de seu tamanho diante dela. Finalmente, um dia confessou-lhe claramente: “Padre, conseguiste dominar a minha arrogância e teimosia!” O padre respondeu: “Se Deus quiser, de agora em diante, o que você vai procurar é fazer sempre não o que seus impulsos e seus caprichos o aconselham, mas o que mais lhe parece ser a vontade de Deus”.
     Outro dia ela disse ao santo jesuíta: “Padre, estou totalmente desgostosa comigo mesma e com a maneira como me comporto”. E ele respondeu: “Estou contente que você não esteja feliz com a forma como você é e se comporta. Se você estivesse feliz, isso seria um mau sinal”.
      Com a orientação espiritual do padre jesuíta e com mais cinco religiosas, iniciou no dia 19 de janeiro de 1856, a Congregação das Auxiliadoras das Almas do Purgatório, com a finalidade de rezar pelos defuntos.
     Mas, Maria da Providência (nome que adotou na Congregação) conheceu o duríssimo “purgatório” que muitos passavam ainda em vida e por isso estabeleceu que as Irmãs Auxiliadoras deveriam interceder em duas frentes: pelas almas, com suas orações; pelos vivos carentes, alimentação, alfabetização e tratamento quando enfermos.
     Assim, sempre confiante na Providência, seguiu avante serena e decidida, promovendo uma sólida ligação entre o terreno e o celeste: toda alegria doada neste mundo é convertida para os outros em esperança de maior beatitude no mundo invisível.
     A regra e a espiritualidade de Santo Inácio foram adotadas em 1859, consolidando o Instituto, cuja expansão é lenta porque a fundadora não tem pressa: com sua praticidade flamenga ela quer primeiro “robustecer as raízes”. Em vida, a fundadora abriu as casas de Nantes (1864) e Bruxelas (1869) na Bélgica; e as de Shangai (1867) e Zi-Ka-Wei (1869) na China. ​
     No final do século XX as Auxiliadoras eram cerca de 1500 em sessenta casas espalhadas pelo mundo.
     A imensa paciência com que suportou vários sofrimentos provocados por um câncer, demonstraram claramente a grandeza de sua personalidade. Não cessou sua atividade. Teve forças para organizar um novo convento em Bruxelas, porém suas energias diminuíam. A guerra franco-prussiana de 1870 aumentou suas provações. Podo tirar suas noviças de Paris, antes que os alemães a sitiassem, e enviou-as à Nantes e à Bruxelas.
     Ela se extinguiu sob os tiros dos canhões inimigos. O sacerdote que a assistia, Pe. Pierre Olivaint, morreria nos massacres da Comuna de Paris alguns meses depois. A Fundadora faleceu no dia 7 de fevereiro de 1871 consumida por um câncer. Seu rosto crispado pelas dores voltou à serenidade após sua morte.
     Que como esta santa fundadora, também nós logremos dominar nossos impulsos, nossas inclinações, e deixemo-nos guiar pelas luzes e inspirações de quem nos queira levar à santidade.
     Pio XII a proclamou beata em 1957, com sua celebração litúrgica no dia 7 de fevereiro.
 
Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br
https://es.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADa_de_la_Providencia
https://www.aciprensa.com/
 
Postado pela primeira vez em 6 de fevereiro de 2012

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