Margarida Molli, filha dos abastados Francisco e Joana Molli, nasceu no
castelo de Russi, a 15 k de Ravena, no dia 8 de maio de 1442. Logo o sofrimento
se apresentou em sua vida apesar da riqueza da família, porque aos três meses
ficou cega devido a uma grave doença.
Muito pequena, já aos cinco anos, iniciou uma vida de penitência e de
contemplação; caminhava sem calçado em qualquer tempo. Tudo indicava uma
precoce inclinação à santidade. Cresceu perseverando na penitência, deixando os
bens terrenos aos pobres, vivendo de esmolas, infringindo-se jejuns e
asperezas, como por exemplo, dormir sobre a terra nua. Emitiu na adolescência o
voto de virgindade. Devido a sua cegueira, que muito embora não a impedisse de
caminhar rapidamente e sem guia, não podia aspirar ao ingresso em uma ordem
religiosa, então passou a viver como monja em sua casa.
Embora vivesse afastada, a fama de sua santa vida se difundiu nos
arredores e muitas pessoas procuravam-na para ouvir os seus conselhos para uma
vida verdadeiramente evangélica, receber as consolações dirigidas aos aflitos, suscitando
arrependimento nos pecadores.
Margarida teve o dom da profecia, como também o de operar milagres:
predisse a Batalha de Ravena de 1512, o Concílio de Trento (1545-1564) e a
vitória de Lepanto de 1571.
Era chamada por todos de “a Mãe,
a Santa”; ela reuniu em Pieve de São Pancrácio, distante três quilômetros de
sua casa, um grupo de jovenzinhas para instrui-las e educá-las cristãmente.
Em 1485, aos 43 anos, deixou Russi e se mudou para Ravena onde morou na
casa de Lourenço Orioli, seu parente e devoto, continuando sua atividade em
muitas obras de caridade, visitando as igrejas, recebendo e guiando muitas
pessoas admiradas e atraídas pela sua heroica prática das virtudes cristãs.
Conservou uma grande serenidade de espírito e resignação, mesmo diante
das calúnias daqueles que não acreditavam nela. Em união com o papa,
empenhou-se na defesa da Cristandade contra os muçulmanos, e ao mesmo tempo estimulava
as pessoas a rezar pela união de todos os cristãos.
Para os inúmeros fieis que recorreriam a ela criou a Confraternidade do
Bom Jesus que depois de sua morte, por obra de seu discípulo Jerônimo Maluselli
auxiliado por outra discípula, Gentile Giusti, se tornaria a Congregação dos
Padres do Bom Jesus, muito ativa em Ravena e em Romagna (em 1538, foi aprovada
pelo papa Paulo III e, em 1651, foi supressa pelo papa Inocêncio X).
Margarida morreu em Ravena no dia 23 de janeiro de 1505. Seu modesto
túmulo em Santo Apolinário Novo se tornou meta de muito devotos. Como ele fora
profanado durante a invasão dos franceses, seu devoto parente, Lourenço Orioli,
com o consenso dos sacerdotes, transferiu o corpo levando-o sobre um asno,
deixando o animal livre para ir onde desejasse. Em meio à noite o asno parou
próximo à igreja de São Pancrácio de Russi, sob uma grande árvore, e ali o
corpo foi enterrado à luz de uma multidão de pirilampos.
Em 1659 as suas relíquias foram unidas as da Beata Gentile Giusti na
Igreja do Bom Jesus de Ravena. Após outras transladações, as relíquias das duas
beatas repousam na igreja de Santo Apolinário em Russi.
Em 1537, por disposição do papa Paulo III, iniciou-se um processo para
os milagres atribuídos às duas beatas. O culto é de origem popular e a festa
das beatas é celebrada no último domingo de janeiro.
=
= =
Gentile era filha de um ourives de Verona, e casou-se muito jovem com um
alfaiate de Ravena, de sobrenome Pianella, matrimônio combinado pelos pais. Seu
esposo era certamente um “bom partido” tendo em vista a grande clientela que
tinha. Grosseiro, pouco sensível e nada religioso, Pianella era exatamente o
contrário de Gentile, que era sensibilíssima por natureza, muito piedosa e
delicada. Assim, não se pode dizer que o casamento fosse feliz: Gentile era
maltratada e ele mofava dela. Afinal o marido a abandonou e se transferiu para
Pádua, deixando-a sozinha com duas crianças para criar. Embora o péssimo marido
a tivesse denunciado por bruxaria, o Bispo de Ravena pessoalmente reconheceu a
absoluta correção e religiosidade de Gentile.
Anos depois ele voltou e encontrou a mulher que, apesar de tudo,
permanecera fiel e havia criado os filhos (embora um deles morresse muito
jovem) e continuara a rezar por sua conversão. E o milagre da unidade familiar
aconteceu com a mudança radical do estilo de vida do marido, graças ao exemplo
da mulher. Ele faleceu pouco tempo depois e Gentile, especializada em paciência
e fidelidade, continuou a oferecer o seu exemplo de viúva dedicada aos outros.
Parece que a sua missão específica
era realmente a de tornar melhores os homens que encontrava: Jerônimo
Maluselli, incrédulo e violento, após abrir-se com ela e ter escutado seus
conselhos, mudou de vida e se tornou sacerdote. Também Leonel, o único filho
que lhe restou, ao qual se dedicava para que não seguisse o exemplo do pai, se
tornou sacerdote.
Gentile na realidade se inspirava no modelo de vida de sua prima,
Margarida, cega e arruinada pelas ásperas penitências que se infligia.
Gentile Giusti faleceu no dia 28 de janeiro de 1530, mas ainda hoje as
regiões de Russi e de Ravena reservam o último domingo de janeiro para festejar
juntas as duas primas, que depois de ter partilhado os ideais de vida cristã,
repousam em uma única urna, circundadas de uma devoção vivíssima.
Fonte: santiebeati/it
Nenhum comentário:
Postar um comentário