quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Beatas Margarida Molli, Mística e Gentile Giusti, sua discípula - 23 de janeiro

     As informações sobre a Beata Margarida Molli e sua discípula e parente, a Beata Gentile Giusti se encontram na edição de 1535 de uma Vida de duas Beatíssimas Mulheres, Margarida e Gentile, compilada de acordo com notícias em parte recebidas da mesma Gentile Giusti pelo Cônego Regular Lateranense (Agostiniano) Padre Serafim Aceti de Porti da Fermo (1496-1540), portanto contemporâneo das duas beatas. Desta edição não existe atualmente nenhum exemplar, mas somente uma cópia manuscrita no arquivo de Santo Apolinário em Russi (Ravena).
     Margarida Molli, filha dos abastados Francisco e Joana Molli, nasceu no castelo de Russi, a 15 k de Ravena, no dia 8 de maio de 1442. Logo o sofrimento se apresentou em sua vida apesar da riqueza da família, porque aos três meses ficou cega devido a uma grave doença.
     Muito pequena, já aos cinco anos, iniciou uma vida de penitência e de contemplação; caminhava sem calçado em qualquer tempo. Tudo indicava uma precoce inclinação à santidade. Cresceu perseverando na penitência, deixando os bens terrenos aos pobres, vivendo de esmolas, infringindo-se jejuns e asperezas, como por exemplo, dormir sobre a terra nua. Emitiu na adolescência o voto de virgindade. Devido a sua cegueira, que muito embora não a impedisse de caminhar rapidamente e sem guia, não podia aspirar ao ingresso em uma ordem religiosa, então passou a viver como monja em sua casa.
     Embora vivesse afastada, a fama de sua santa vida se difundiu nos arredores e muitas pessoas procuravam-na para ouvir os seus conselhos para uma vida verdadeiramente evangélica, receber as consolações dirigidas aos aflitos, suscitando arrependimento nos pecadores.
     Margarida teve o dom da profecia, como também o de operar milagres: predisse a Batalha de Ravena de 1512, o Concílio de Trento (1545-1564) e a vitória de Lepanto de 1571.
     Era chamada por todos de “a Mãe, a Santa”; ela reuniu em Pieve de São Pancrácio, distante três quilômetros de sua casa, um grupo de jovenzinhas para instrui-las e educá-las cristãmente.
     Em 1485, aos 43 anos, deixou Russi e se mudou para Ravena onde morou na casa de Lourenço Orioli, seu parente e devoto, continuando sua atividade em muitas obras de caridade, visitando as igrejas, recebendo e guiando muitas pessoas admiradas e atraídas pela sua heroica prática das virtudes cristãs.
     Conservou uma grande serenidade de espírito e resignação, mesmo diante das calúnias daqueles que não acreditavam nela. Em união com o papa, empenhou-se na defesa da Cristandade contra os muçulmanos, e ao mesmo tempo estimulava as pessoas a rezar pela união de todos os cristãos.
     Para os inúmeros fieis que recorreriam a ela criou a Confraternidade do Bom Jesus que depois de sua morte, por obra de seu discípulo Jerônimo Maluselli auxiliado por outra discípula, Gentile Giusti, se tornaria a Congregação dos Padres do Bom Jesus, muito ativa em Ravena e em Romagna (em 1538, foi aprovada pelo papa Paulo III e, em 1651, foi supressa pelo papa Inocêncio X).
     Margarida morreu em Ravena no dia 23 de janeiro de 1505. Seu modesto túmulo em Santo Apolinário Novo se tornou meta de muito devotos. Como ele fora profanado durante a invasão dos franceses, seu devoto parente, Lourenço Orioli, com o consenso dos sacerdotes, transferiu o corpo levando-o sobre um asno, deixando o animal livre para ir onde desejasse. Em meio à noite o asno parou próximo à igreja de São Pancrácio de Russi, sob uma grande árvore, e ali o corpo foi enterrado à luz de uma multidão de pirilampos.
     Em 1659 as suas relíquias foram unidas as da Beata Gentile Giusti na Igreja do Bom Jesus de Ravena. Após outras transladações, as relíquias das duas beatas repousam na igreja de Santo Apolinário em Russi.
     Em 1537, por disposição do papa Paulo III, iniciou-se um processo para os milagres atribuídos às duas beatas. O culto é de origem popular e a festa das beatas é celebrada no último domingo de janeiro.
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     Gentile era filha de um ourives de Verona, e casou-se muito jovem com um alfaiate de Ravena, de sobrenome Pianella, matrimônio combinado pelos pais. Seu esposo era certamente um “bom partido” tendo em vista a grande clientela que tinha. Grosseiro, pouco sensível e nada religioso, Pianella era exatamente o contrário de Gentile, que era sensibilíssima por natureza, muito piedosa e delicada. Assim, não se pode dizer que o casamento fosse feliz: Gentile era maltratada e ele mofava dela. Afinal o marido a abandonou e se transferiu para Pádua, deixando-a sozinha com duas crianças para criar. Embora o péssimo marido a tivesse denunciado por bruxaria, o Bispo de Ravena pessoalmente reconheceu a absoluta correção e religiosidade de Gentile.
     Anos depois ele voltou e encontrou a mulher que, apesar de tudo, permanecera fiel e havia criado os filhos (embora um deles morresse muito jovem) e continuara a rezar por sua conversão. E o milagre da unidade familiar aconteceu com a mudança radical do estilo de vida do marido, graças ao exemplo da mulher. Ele faleceu pouco tempo depois e Gentile, especializada em paciência e fidelidade, continuou a oferecer o seu exemplo de viúva dedicada aos outros.
     Parece que a sua missão específica era realmente a de tornar melhores os homens que encontrava: Jerônimo Maluselli, incrédulo e violento, após abrir-se com ela e ter escutado seus conselhos, mudou de vida e se tornou sacerdote. Também Leonel, o único filho que lhe restou, ao qual se dedicava para que não seguisse o exemplo do pai, se tornou sacerdote.
     Gentile na realidade se inspirava no modelo de vida de sua prima, Margarida, cega e arruinada pelas ásperas penitências que se infligia.
     Gentile Giusti faleceu no dia 28 de janeiro de 1530, mas ainda hoje as regiões de Russi e de Ravena reservam o último domingo de janeiro para festejar juntas as duas primas, que depois de ter partilhado os ideais de vida cristã, repousam em uma única urna, circundadas de uma devoção vivíssima.
 
Fonte: santiebeati/it

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