sábado, 26 de abril de 2014

Santa Zita, Virgem, Empregada doméstica - 27 de abril

    


     Zita nasceu no ano de 1218 em Montsagrati, aldeia próxima de Lucca, na Toscana, Itália. Sua família era pobre, mas muito católica. Sua irmã mais velha tornou-se freira cisterciense e seu tio Graziano era um eremita que a população local tinha como santo.
     Filha de camponeses tementes a Deus, sua mãe, apesar de ser uma mulher muito sofrida e totalmente analfabeta, fazia questão que Zita estudasse e para isso a incentivava dizendo que Deus teria muito orgulho dela se pusesse afinco em seu estudo.
     Aos 12 anos Zita tornou-se criada na residência de um rico negociante de lã de Lucca, a oito quilômetros de sua casa. Ela permaneceria com essa família pelos restantes 48 anos de sua vida. O conselho que sua mãe lhe deu ao despedir-se dela foi este: “Em tuas ações e palavras deves pensar: Isto agradará a Deus?” Foi um conselho que ajudou muito a jovem a comportar-se bem.
     O chefe da família, Pagano di Fatinelli, tinha um temperamento violento e mandava com gritos e palavras muito humilhantes. Todos os empregados protestavam por este trato tão rude, menos Zita que tudo aceitava de boa vontade para assemelhar-se a Nosso Senhor que foi humilhado e ultrajado.
     A residência dos Fatinelli ficava próxima da Igreja de São Frediano, na qual ela assistia a Santa Missa todos os dias. Zita rezava muitas orações e ao mesmo tempo cuidava de seus deveres de criada tão perfeitamente, que as outras empregadas a invejavam por sua abnegação no trabalho e por sua bondade. De fato, seu trabalho era parte de sua religião. Ela costumava dizer: “Uma criada não é santa se não estiver ocupada; na nossa posição pessoa preguiçosa é santidade falsa”.
     Para Zita seu emprego era um presente divino pelo qual ela agradecia a Deus todos os dias. As outras empregadas a humilhavam continuamente, porém Zita jamais respondia às suas ofensas nem guardava rancor ou ressentimento. Os empregados não gostavam dela porque ela demonstrava aversão às palavras grosseiras e às conversas imorais. Chamavam-na de “beata”, porém, com o correr dos anos, todos se deram conta de que ela era uma verdadeira santa.
     Um homem quis desrespeitá-la em sua castidade e ela o arranhou no rosto, o que o fez afastar-se. Entretanto, ele foi ter com o dono da casa e a caluniou. O patrão insultou-a. Zita não disse uma só palavra para defender-se, deixou que Deus se encarregasse de fazê-lo. Depois se soube toda a verdade e o patrão arrependeu-se dos maus tratos que lhe havia imposto. O seu apreço por aquela humilde criada cresceu enormemente.
     No princípio seus patrões ficavam muito irritados com suas generosas doações de alimento para os pobres, mas com o tempo eles foram vencidos por sua paciência e afabilidade, e se tornou uma amiga muito íntima deles. Eles a encarregaram de todos os assuntos domésticos. Na sua posição de comando, ela a todos os empregados tratava com bondade. Ela só era severa quando havia necessidade de combater algum vício entre os criados.
     Zita tinha total liberdade de fazer o seu horário de trabalho, o que lhe permitia ocupar-se com visitas aos doentes e aos encarcerados. Ela gastava o dinheiro que recebia por seu trabalho ajudando os pobres. Dormia no chão, numa esteira, porque havia dado sua cama e colchão a uma família muito necessitada.
     Um dia, em pleno inverno, com vários graus abaixo de zero, a senhora da casa lhe emprestou seu manto de lã para que ela fosse à igreja ouvir Missa. Eis que na porta da igreja Zita encontra um pobre tiritando de frio. Ela deixou o manto com ele, advertindo-o que devia devolvê-lo depois da Missa, para que ela pudesse por sua vez devolvê-lo à sua patroa. Ao sair da igreja não o encontrou: o pobre havia desaparecido... O Sr. Fatinelli ficou furioso e a estava repreendendo quando um ancião bateu na porta e devolveu o manto. As pessoas da cidade interpretaram que aquele ancião era um Anjo, e desde então a porta de São Frediano é chamada “O Portal do Anjo”.
     Numa época de grande escassez e fome, Zita repartiu entre os mais pobres os grãos que havia na dispensa. Quando o furibundo capataz da casa chegou para contar a quantidade de grãos que ainda havia na dispensa, a Santa se pôs a rezar pedindo a Deus que a ajudasse. O homem encontrou ali todos os grãos, não faltava nada.
     Rapidamente espalhou-se em Lucca a notícia de suas boas ações e das visões celestes com as quais Deus Nosso Senhor a obsequiava. A ela também foram atribuídos vários milagres. Ela era muito procurada por pessoas importantes.
     Por ocasião de sua morte, em 27 de abril de 1278, o povo aclamou-a Santa. A família Fatinelli, a quem servira toda a vida, de joelhos a venera. Durante 48 anos trabalhou como criada, demonstrando que qualquer ofício pode levar a uma grande santidade.
     Tão venerada era Santa Zita após sua morte, que tanto o poeta Fazio degli Uberti (Dittamonde, III, 6), quanto Dante (Inferno, XI, 38) designam a cidade de Lucca simplesmente como “Santa Zita”.
     O ofício em sua honra foi aprovado por Leão X. Em 1580 seu túmulo foi descoberto na Igreja de São Frediano e quando seu corpo foi exumado, 300 anos depois de sua morte, se conservava incorrupto (1652). Foi sugerido então que o seu culto fosse aprovado solenemente. O Papa Inocêncio XII a declarou Santa em 5 de setembro de 1696. Em 1748 seu nome entrou para o Calendário Romano.
     A mais remota biografia da Santa é preservada num manuscrito anônimo pertencente à família Fatinelli, e foi publicada em Ferrara no ano de 1688 pelo Mons. Fatinelli (“Vita beata Zita virginis Lucensis ex vetustissimo códice manuscripto fideliter transumpta”). Para a publicação de uma “Vita e miracoli di S. Zita vergine lucchese” (Lucca, 1752), Bartolomeo Fiorito usou aquele manuscrito e outras informações tiradas do processo levado a efeito para provar o culto imemorial da Santa.
     Ainda hoje seu corpo incorrupto pode ser venerado na Capela de Santa Zita da Igreja de São Frediano (*), em Lucca. São milhares de peregrinos que vão visitar o seu sepulcro, e Santa Zita continua dando-nos uma lição: num trabalho humilde se pode ganhar uma grande glória para o Céu.
     Ela foi proclamada padroeira das empregadas domésticas do mundo inteiro pelo Papa Pio XII. Santa Zita é apresentada com uma sacola e chaves, ou com filões de pão e um rosário. 
 
(*) São Frediano, viveu no século VI, era príncipe da Irlanda. Foi em peregrinação a Roma e fixou-se numa ermida no Monte Pisano, perto de Lucca. O papa elegeu-o Bispo de Lucca, mas a diocese foi atacada pelos Lombardos. Acredita-se que São Frediano tenha fundado um grupo de eremitas o qual se uniu ao de São João Latrão em 1507. 
 
Etimologia: Zita = do toscano antigo, “menina, moça” (hoje citta).

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