quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Soror Josefa Menéndez e as Mensagens do Coração de Jesus

    
     Nasceu em Madrid, em 4 de fevereiro de 1890. Ainda muito jovem entrou para a Sociedade do Sagrado Coração, na França, onde muito cedo foi objeto das revelações do Divino Mestre. Teve uma vida breve, faleceu em 1923, aos 33 anos de idade. E em 30 de novembro de 1948, foi iniciado seu processo de beatificação. 
      Dez anos antes de se instaurar o processo, o Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Papa Pio XII, deu a conhecer ao mundo um livro escrito pela Irmã Josefa, intitulado “Apelo ao Amor”, que relatava as experiências místicas da religiosa durante sua breve vida.
     Nas revelações, encontramos em palavras pungentes a manifestação do amor infinito e aparentemente incompreensível de Deus que se entregou por nós. 
Belíssimas Colocações de Nosso Senhor Jesus Cristo…
     “Ah! Se as almas soubessem como as espero cheio de misericórdia! Sou o Amor dos amores! E não posso descansar senão perdoando!”
     “Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer à misericórdia e implorar perdão. Vosso Deus não consentirá que vossa alma seja presa do inferno”.
     “Estou sempre esperando com amor que as almas venham a Mim! Não desanimem! Venham! Atirem-se nos meus braços! Não tenham medo! Sou seu Pai!”. 
     Além das mensagens do Sagrado Coração, Josefa Menéndez teve também revelações sobre o Inferno, que Deus permitiu para nosso conhecimento e reflexão. É tão terrível a experiência desta alma privilegiada, mas ela sofreu para a salvação das almas, segundo vontade do Divino Redentor. 
Soror Josefa Menéndez e o juízo particular da alma religiosa
     A meditação desse dia, dia 22 de setembro de 1922, era sobre o Juízo Particular da alma religiosa.
     Minha alma não podia afastar esse pensamento, apesar da opressão que sentia. 
     De repente senti-me atada e acabrunhada com tal peso, que num instante percebi com mais claridade do que nunca o que é a santidade de Deus e como lhe aborrece o pecado.
     Vi como num relâmpago toda a minha vida diante de mim, desde a minha primeira confissão até o dia de hoje.
     Tudo estava presente: os meus pecados, as graças que recebi no dia de minha entrada em religião, minha tomada de hábito, meus votos, as leituras, os exercícios, os conselhos, as palavras, todos os socorros da vida religiosa, da vida de uma freira, os conselhos que me foram dados, as palavras que eu ouvi, todos os socorros para amar verdadeiramente a Igreja, a Nossa Senhora e a Deus, tudo esteve presente diante de mim em um só momento.
     Não há expressão que possa dizer a confusão terrível que a alma sente nessa hora: “agora é inútil, estou perdida para sempre”.
     Instantaneamente achei-me no Inferno, mas sem ter sido arrastada como das outras vezes. A alma lá se precipita por si mesma, como se desejasse desaparecer da vista de Deus para poder odiá-lo e amaldiçoá-lo.
     A minha alma deixou-se cair num abismo cujo fundo não se pode ver, pois é imenso. Imediatamente ouvi outras almas se regozijarem vendo-me nos meus tormentos.
     Ouvir aqueles horríveis gritos já é um martírio, mas creio que nada é comparável em dor à sede de maldição que se apodera da alma; e quanto mais maldiz, mais aumenta a sede.
     Nunca tinha experimentado aquilo; outrora a minha alma ficava cheia de dor diante daquelas horríveis blasfêmias, embora não pudesse produzir nenhum ato de amor. Mas hoje dava-se o contrário. Vi o Inferno como sempre: longos corredores, cavidades, fogo; ouvi as mesmas almas a gritar e a blasfemar.
     Pois como já escrevi, embora não se vejam as formas corporais, mantêm-se os tormentos como se os corpos estivessem presentes e as almas se reconhecessem. Gritavam: Olá, aqui estás como nós; éramos livres de fazer ou não fazer aqueles votos. Agora, agora... E maldiziam os seus próprios votos.
     Fui empurrada para aquele lixo inflamado e esmagada como que entre duas tábuas ardentes, e era como se pontas de ferro em brasa se me enfiassem no corpo.
     Senti como se quisesse, sem conseguir, arrancar minha língua, tormento que me reduzia a extremos de dor.
     Os olhos pareciam sair-me das órbitas. Creio que por causa do fogo que tanto os queimava.
     Não havia uma só unha que não sofresse horrivelmente. Não se pode nem mover o dedo para buscar alívio.
     Não se pode nem mover um dedo para buscar alívio, nem mudar de posição, o corpo fica como que achatado e dobrado pelo meio.
     Os ouvidos ficam acabrunhados com os tais gritos de confusão que não cessam um instante. Um cheiro nauseabundo e repugnante asfixia e invade tudo. É como se carne em putrefação estivesse queimando com piche e enxofre, mistura que não se pode comparar a coisa alguma no mundo dos vivos.
     Tudo senti como das outras vezes. E embora fossem horríveis esses tormentos, nada seriam se a alma não sofresse.  Mas sofre de maneira que não se pode descrever. Não posso explicar o que foi esse sofrimento, muito diferente dos que experimentei das outras vezes, pois se o tormento de uma alma no mundo é terrível, nada é em comparação com o de uma alma religiosa.
     Essa necessidade de odiar é uma sede que consome. Nem uma recordação que lhe possa dar o mais pequeno alívio.
     Um dos maiores tormentos, acrescenta Josefa, é a vergonha que a envolve. Parece que todas as almas danadas que a cercam lhe gritam sem cessar: "Que nós nos tenhamos perdido, nós que não tínhamos os mesmos socorros que tu, que há de extraordinário? Mas tu, que te faltava? Tu comias à mesa dos eleitos.
     Tudo o que estou escrevendo, conclui ela, não é senão uma sombra ao lado do que a alma sofre, pois não há palavras que possam exprimir tormento semelhante.
 
     Para entenderemos os tormentos do Inferno, basta esta afirmação de Santo Afonso de Ligório: “O fogo da terra – e ele entende não o fogo de uma vela, que é em si mesmo o elemento fogo como tal, mesmo no que ele tem de mais ígneo, de mais combustível – é como um fogo de pintura em comparação com o fogo do Inferno".  
Reflexão: Quando vemos as horríveis blasfêmias, os pecados que são cometidos impunimente nos dias de hoje – sacrilégios, aborto, eutanásia, etc. – quem de nós ousaria aproximar-se de Nossa Senhora, dizendo: "Minha Mãe, eu aprovei, ou fiquei indiferente a que pessoas próximas fizesse isto". A reação de Nossa Senhora, a repulsa dEla seria tal, que nós não ousaria olhá-la. Ora, por mais que Ela seja santa, Deus é infinito, e se a repulsa dEla é incomensurável, a de Deus é infinita.
     O mundo hoje é tão indiferente diante das ações a que nos referimos no parágrafo anterior, para não dizer complacente... Mas, segundo a Doutrina Católica, Deus odeia essas ações, Ele não é indiferente a elas. O olhar do homem indiferente pousa no pecado e não censura, mas o olhar de Deus pousa naquilo e execra e destina às chamas eternas do Inferno aquele que pecou, caso ele não se arrependa.
     Na economia comum da graça, salvo os casos excepcionais, à medida que os homens vão pecando, insistindo no caminho do pecado, a possibilidade da misericórdia vai minguando. E quando há uma torrente de pecados cometidos numa cidade, num país, no mundo, o normal é que haja uma torrente de almas que caem no Inferno. Não queremos dizer com isso que cada pecador vai para o Inferno, mas queremos dizer que o número de pecadores que vão para o Inferno aumenta enormemente por causa do número de pecados.
     Lembremo-nos que Nossa Senhora em Fátima insistia sempre com as três crianças – Jacinta, Francisco e Lúcia – para que rezassem pelos pecadores. E a pequena Jacinta fazia muitos sacrifícios, extraordinários para sua idade, pelos pecadores. Mas é preciso que eles se convertam... Senão as orações destas almas santas serão inúteis!
     É bom lembra que, assim como Deus atormenta no Inferno os precitos, Ele acaricia no Céu e inebria de carícias os seus eleitos; Ele fala aos seus eleitos e lhes diz coisas, e mostra de Si coisas que os deixariam ébrios de alegria, se no Céu pudesse haver ebriedade. É o afago contínuo, é a palavra de bem-aventurança, de afeto, a carícia incessante, sempre igual e sempre diversa, e que nunca termina. Ele disse de Si mesmo: "Eu serei eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande".

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