sexta-feira, 1 de junho de 2018

Santa Rute, Nora Exemplar – 4 de junho



    “Disse-lhe então Noemi: ‘Olha, tua cunhada voltou para junto do seu povo e para seu deus; volta também com ela’. Respondeu Rute: ‘Não insistas comigo para que te deixe, pois para onde fores, irei também, onde for tua moradia, será também minha; teu povo será o meu povo e teu Deus será o meu Deus. Onde morreres, quero morrer e ser sepultada.  Que Deus me mande este castigo e acrescente mais este se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti!”

     Rut, Rute ou Ruth é personagem do Antigo Testamento. O Livro de Rute é o oitavo livro do Antigo Testamento e é tratado como um dos livros históricos, posicionado entre Juízes e I Samuel, pois seus eventos transcorrem «nos dias em que os juízes julgavam» (Rute 1:1). Seu nome é uma referência à figura principal do relato, Rute, a bisavó do Rei Davi. Rute, cujo nome significa “amizade”, “companheira, amiga”, ou “beleza”, era moabita.
     A narrativa mostra como Rute se tornou uma ancestral do Rei Davi por meio do casamento com Boaz. O apreço, a lealdade e a confiança em Deus que Boaz, Naomi (ou Noemi) e Rute demonstraram permeiam o relato (Rute 1:8-17, 2:4-20, 3:9-13, 4:10).
     Excetuando-se a lista genealógica (Rute 4:18-22), os eventos relatados no livro de Rute abrangem um período de cerca de 11 anos no tempo dos juízes, embora não se declare exatamente quando ocorreram.
     O relato concluir com a genealogia de Davi sugere que o escritor estava a par do propósito de Deus com respeito a Davi. Isto se ajustaria a Samuel, pois foi ele quem ungiu a Davi para ser rei. Por isso, teria sido também apropriado que Samuel fizesse um registro dos ancestrais de Davi (I Samuel 16:1-13).
     Há evidência da orientação de Deus na preservação da linhagem que levava ao Messias, bem como na escolha dos indivíduos para essa linhagem. Às mulheres israelitas casadas com um homem da tribo de Judá apresentava-se a possível perspectiva de contribuir para a linhagem terrestre do Messias (Gênesis 49:10).
     Também merece destaque o fato da protagonista do livro ser uma estrangeira, e isso mostra que a salvação não tem fronteiras, e que o amor de Deus não é nacionalista, nem exclusivista. No entanto devemos lembrar que Rute era etnicamente vizinha dos que a assimilaram e, portanto, da mesma família semítica antiga, o que pode ser considerado um proto-nacionalismo regionalista antigo entre as duas margens longitudinais do Jordão.
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     Rute nasceu em Moab, região que fica ao sul de Israel, do outro lado do Mar Morto, atual Jordânia. Lendo o livro de Rute ficamos sabendo que a jovem moabita era justa, santa, temente a Deus, embora criada nos costumes moabitas. Os moabitas eram inimigos dos israelitas e os venceram em algumas batalhas.
     Uma grande fome em Israel obrigou muitos judeus a emigrar em busca de sobrevivência. Noemi, seu esposo Elimelec, da tribo de Judá, e seus dois filhos Maalon e Quelion foram para a terra de Moab e lá Elimelec faleceu. Maalon e Quelion tomaram por esposas as mulheres da terra: Quelion casou-se com Orfa e Maalon com Rute. Foi desta forma que Rute entrou para a história de Israel e seu nome será lembrado para sempre.
     Os dois filhos de Noemi também faleceram em Moab sem deixar descendência. Noemi ficou só numa terra estranha. Por isso, quando chegou ao conhecimento dela que o Senhor tinha permitido a abundância retornar à sua terra, resolver voltar para sua pátria.
     A princípio suas noras decidiram acompanhá-la, mas Noemi insistiu para elas ficarem em Moab; eram jovens e poderiam se casar novamente. Orfa acatou o conselho de Noemi e ficou em Moab. Mas Rute não a quis abandonar. A passagem das Escrituras que se encontra no início deste post mostra a lealdade, a elevação de alma e a firmeza da jovem.
     De voltar à sua terra, os parentes de Noemi ficaram admirados com o carinho e atenção que Rute dedicava a sogra. Elas chegaram na época da colheita da cevada e Rute ia ao campo inicialmente recolhendo as espigas que caiam no chão e que o dono do campo, Boaz, permitia que os pobres recolhessem. Boaz viu com que dedicação a jovem fazia aquela tarefa e a contratou para trabalhar na colheita. Ele tinha parentesco com Noemi e era um homem bom e piedoso que amava a Deus e conhecia sua Lei. Boaz trata tão bem a moabita, que ela se surpreende; como é que uma estrangeira pode ser tão bem tratada?
     Noemi percebe a oportunidade de ao mesmo tempo conseguir um marido para Rute e recuperar as terras de seu marido falecido. Rute segue os conselhos de Noemi e escuta a orientação piedosa e sábia de Boaz. ela não tenta usufruir da situação, Rute tem coragem de deixar claro para Boaz quais são suas intenções; ela não usa meias palavras, ela não usa de falsas estratégias; seu sim é sim, e seu não é não: “Sou Rute tua serva, estende a tua capa sobre tua serva, porque tu és resgatador”.
     É importante entendermos melhor essa ideia do ‘resgatador’: Boaz era alguém que estava numa posição de cuidar de Noemi e de Rute, resgatando as terras que eram de Elimelec. Isso envolveria nesse caso uma união matrimonial com Rute, trazendo descendentes para esta casa. Boaz desejava fazer o bem e se interessou verdadeiramente por aquela mulher piedosa, trabalhadora, fiel e transparente. E por fim se casaram.
     O filho de Rute e Boaz, neto de Noemi, se chamou Obed. Ele foi o pai de Jessé, que foi o pai de Davi. Assim, Rute foi essencial para que, um dia, várias gerações mais tarde, Jesus nascesse da descendência de Davi.

    Por causa de sua fidelidade, Rute teve descendentes que chegaram até o Messias, o Salvador, Jesus, o Filho de Deus. Na Idade Média Rute era considerada uma prefigura da Igreja e Boaz a prefigura de Cristo, e a união de ambos como prefigura da união entre Cristo e a Igreja.







 

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