Jeanne
Littlejohn nasceu em Túnis, Tunísia, em 22 de novembro de 1933, filha de
Guillaume Littlejohn, de origem maltesa, que se casara em segundas núpcias com
a italiana Viola Simone. Quando seu pai morreu em 1941, ela e seus irmãos foram
recebidos no colégio interno: o único homem nas Filhas da Caridade, as três
mulheres nas Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos, em Túnis.
Ao
completar quinze anos, em 28 de maio de 1948, ela recebeu a Confirmação na
paróquia do Sagrado Coração de Túnis. Algum tempo depois, Jeanne voltou às
irmãs que ela já conhecia, para ser uma delas. Para verificar a genuinidade de
sua vocação, ela foi enviada por um ano para Lourdes, em 1956. No final desse
período, foi admitida no postulado na casa mãe de Vénissieux, perto de Lyon. Na
profissão religiosa ela mudou seu nome para Irmã Angèle-Marie.
Irmã
Angèle-Marie permaneceu na casa-mãe até os votos temporários, emitidos em 8 de
setembro de 1959. Foi então enviada para Bouzaréah, nos arredores de Argel,
onde as Irmãs mantinham um orfanato e um colégio para jovens: ela cuidava das
alunas mais jovens e ensinava as mais velhas, já tendo se tornado
particularmente hábil nas rendas tradicionais da Argélia, que ela ensinava às
meninas.
Em
1964, quando a Escola de Artes de Argélia em Belcourt foi aberta, por causa dessa
habilidade ela foi admitida como instrutora de bordados, ali permanecendo até
sua morte. No ano seguinte, 8 de setembro de 1965, ela fez os votos perpétuos.
Juntamente com as duas irmãs da pequena comunidade da qual ela fazia parte, visitava
as famílias das estudantes, preocupando-se com as suas ausências e garantia que
durante o exame as meninas fossem julgadas corretamente.
Ela
era circunspecta, mas, se necessário, sabia expressar sua alegria como as
mulheres argelinas, que muitas vezes a convidavam para as festas de casamento e
a viam dançando com elas. Paciente, íntima e simples com as meninas, ela desejava
incutir nelas o amor pela arte, por um trabalho bem feito; ela falava na língua
delas. A Irmã Angèle-Marie se sentia profundamente ligada à Argélia, aos seus
habitantes, à sua missão, compartilhando com este povo as alegrias e as
tristezas.
As
ameaças aos estrangeiros, entretanto, tornavam-se cada vez mais frequentes.
Diante dos riscos que se prenunciavam, a Irmã Angèle-Marie reagiu com a oração,
como escreveu: "Estou triste, desamparada, rezo a Nossa Senhora dos
Apóstolos na missa cotidiana, na oração, no Rosário e na amizade de pessoas".
O Padre Bonamour, sacerdote da paróquia,
falava do perigo. A superiora geral das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos
Apóstolos perguntou às suas irmãs na Argélia se elas queriam sair ou ficar. Irmã
Angèle-Marie escolheu a segunda opção: “Para testemunhar a Jesus. Não tenho
medo, porque estou com Ele e com a Santa Virgem. No final desses dias de oração
e reflexão escolhi ficar”.
Afinal,
as pessoas do bairro as amavam: "Bom dia, mamães", saudavam quando passavam
na rua para ir ao mercado. Elas respondiam com um sorriso: "Bom dia,
filhinhos!".
No
dia 3 de setembro de 1995, a Irmã Angèle-Marie e sua superiora, Irmã Bibiane
Leclercq, foram à missa nas freiras salesianas. À uma irmã que manifestou seu
medo da violência, Irmã Angèle-Marie responde: "Não devemos ter medo. Só
temos que viver bem no momento presente... O resto não nos pertence". Às
19h15, elas deixaram a capela das freiras e voltavam para casa. Chegando à
altura do número 92 da Via Benlouzaïd, na qual moravam no número 105, foram
atingidas por tiros. Elas haviam tomado as precauções necessárias, mas era
óbvio que alguém as perseguira.
As
duas Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos foram incluídas na causa
que contava dezenove candidatos aos altares, todos religiosos, mortos de 1994 a
1996, durante os chamados "anos negros" da Argélia. Seu inquérito
diocesano ocorreu em Argel, de 5 de outubro de 2007 a julho de 2012.
Em
26 de janeiro de 2018, o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto
relativo ao martírio dos dezenove religiosos. Sua beatificação foi celebrada em
8 de dezembro de 2018 no santuário de Nossa Senhora de Santa Cruz em Oran,
presidida pelo cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas
dos Santos, como enviado especial do Santo Padre.
A
memória litúrgica de todo o grupo foi marcada para 8 de maio, o dia do
nascimento no céu dos dois primeiros mortos, Irmão Henri Vergès e Irmã
Paul-Hélène Saint-Raymond.
Argel, capital da Argélia
Argel, com uma população de mais de um
milhão de habitantes, ao norte da África é a capital da Argélia, o segundo
maior país da África. No século IV havia neste país entre 600 e 700 bispos
católicos.
Santo Agostinho, um dos maiores santos da
Igreja, era argelino. Os árabes aí impuseram a religião islâmica a partir do
século VII. Hoje o Islamismo é a religião do estado, praticada por 98% da
população. Nas quatro dioceses argelinas não há mais que cerca de 60.000
católicos.
Em Argel encontra-se um célebre santuário
mariano dedicado à Nossa Senhora da África. Duas mulheres foram as
idealizadoras deste templo: Margarida Bergezio e Anna Cuiquien, francesas,
de origem italiana. Elas acompanharam o bispo Dom Pavy, em 1846, para
dedicarem-se às obras sociais que o mesmo bispo fundara na Argélia. Quando ali
chegaram as missionárias não encontraram nenhum santuário mariano. Por isso
colocaram uma pequena imagem da Virgem sob uma oliveira nas proximidades de
Argel. Pouco a pouco o lugar se transformou num centro de peregrinação por
parte de numerosos devotos de Nossa Senhora. As piedosas mulheres recolheram
dinheiro e construíram uma capela provisória em 1857.
O atual santuário foi concluído em 1872
sobre um promontório que domina o mar e a cidade de Argel. Numerosos são os
peregrinos que o visitam. Há milhares de ex-votos espalhados nas paredes. Não
apenas católicos, como também muçulmanos, especialmente as mulheres, vêm de
todas as partes para rezar ante à imagem da Santíssima Virgem, chamada em árabe
de “Lalla Mariam”.
Escola de bordado árabe Luce Ben Aben I, Argel,
Argélia
Esta impressão fotocrômica do interior de
uma escola de bordado em Argel é parte das “Imagens de pessoas e lugares na
Argélia”, do catálogo da Detroit Publishing Company (1905).
Em 1845, a francesa Eugénie Luce (1804 a
1882) abriu uma escola para garotas muçulmanas em Argel que tinha como objetivo
educar as jovens locais nos moldes europeus. Ela incluiu o ensino de bordado no
currículo, assim como francês e outras disciplinas.
Em 1861, a administração franco-argelina
retirou o financiamento da escola. A ênfase da escola passou então de educação
geral para bordado e treinamento para o comércio. O artesanato tradicional
feminino na Argélia, assim como a tecelagem, o bordado e a fabricação de
tapetes, havia sofrido com a concorrência dos produtos importados feitos à
máquina; a Escola Luce Ben Aben buscou trabalhar contra os efeitos dessa
tendência. Em 1880, a neta de Madame Luce, Madame Ben-Aben, dirigia a escola.
Vista parcial de Bouzaréah |
https://www.santiebeati.it/
https://19martyrs.jimdo.com/mgr-claverie-et-ses-18-compagnons/qui-sont-ils/jeanne-littlejohn-sœur-angèle-marie/
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