sábado, 11 de abril de 2020

Beata Helena Guerra, Fundadora - Festejada 11 de abril

   
      A cidade de Lucca na Etrúria (Itália) orgulha-se de ter sido o berço de Santa Gema Galgani (também comemorada hoje) e da Beata Helena Guerra. Ali veio ela ao mundo aos 23 de junho de 1835 em parto prematuro.
      Seus pais, Antônio Guerra e Faustina Francheschi, ilustres por nascimento e muito mais por suas virtudes, colocaram a filha sob a proteção de Santa Zita, honra insigne da mesma cidade, e procuraram incutir-lhe a verdadeira piedade desde os mais tenros anos. Foi educada em casa com professores particulares para que o límpido espelho da sua alma não fosse embaciado por possíveis más companhias.
      A 5 de julho de 1845 recebeu o sacramento da Confirmação. O Espírito Santo tomou posse daquela alma infantil, infundindo-lhe os seus dons. É que nos desígnios divinos esta menina estava predestinada para ser uma grande apóstola da devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Com efeito, impulsionada pelo mesmo Espírito Santo, dedicou-se a estudar latim para poder ler a Sagrada Escritura e os Santos Padres.
      Reuniu um grupo de amigas e com elas formou a associação das "Amizades espirituais" com o fim de se ajudarem mutuamente no caminho da virtude e se dedicarem à salvação das almas. Fundou, ademais, os "Jardins de Maria", isto é, uma associação em que as jovens do campo cultivassem com empenho uma determinada virtude para oferecer como flor à Mãe de Deus. Deu a essa associação o nome de Filhas de Maria.
      Levada do desejo de cuidar dos pobres, filiou-se às Conferências de S. Vicente de Paulo. E quando a cólera-morbo atacou as redondezas de Lucca, ela não deixou de atender as vítimas da peste.
     Em abril de 1870, Helena participa de uma peregrinação pascal em Roma juntamente com seu pai, Antônio. Entre outros momentos marcantes, a visita às Catacumbas dos Mártires confirma nela o desejo pela vida consagrada. Em 24 de abril, assiste na Basílica de São Pedro a terceira sessão conciliar do Vaticano I, na qual vinha aprovada a Constituição “Dei Filius” sobre a Fé. A visita ao Papa Pio IX a comoveu de tal maneira que depois de algumas semanas, já em Lucca, no dia 23 de junho, fez a oferta de toda a sua vida pelo Papa.
      No ano de 1871, depois de uma grande noite escura, seguida de graças místicas particulares, reuniu na própria casa um grupo de jovens que, depois de muitos sofrimentos e contratempos, deram começo, em 1882, à Congregação das Irmãs de Santa Zita, dedicada a educação cultural e religiosa da juventude, que mais tarde tomou o nome de Oblatas do Espírito Santo, pois a vocação da Beata era praticar e difundir a devoção ao Divino Paráclito. É neste período que Santa Gema Galgani se tornará “sua aluna predileta”.
     Em 1886, Helena sentiu o primeiro apelo interior a trabalhar de alguma forma para divulgar a devoção ao Espírito Santo na Igreja.
     De 1895 a 1903, movida pelo Espírito Santo, ela recorreu ao Papa Leão XIII, escrevendo-lhe doze cartas confidenciais pedindo uma renovação da pregação sobre o Espírito Santo. Nos seus diferentes escritos ao Sumo Pontífice, ela exortava-o a convidar os fiéis a redescobrir o que é uma vida vivida sob a ação do Espírito Santo. Na sua oração, ela pedia uma renovação da Igreja, a unidade dos cristãos, uma renovação da sociedade e por isso mesmo "uma renovação da face da terra".
     O Papa Leão XIII, amavelmente solicitado pela mística de Lucca, dirigiu à toda Igreja alguns documentos que são como uma introdução à vida segundo o Espírito Santo e que podem ser considerados também como o início do “retorno ao Espírito Santo” dos tempos atuais: o breve “Provida Matris Charitate” de 1895; a Encíclica “Divinum Illud Munus” em 1897 e a carta aos bispos “Ad fovendum in christiano populo”, de 1902.
     Em outubro de 1897, Helena foi recebida em audiência por Leão XIII, que a encorajou a prosseguir o apostolado pela causa do Espírito Santo e autorizou também a sua Congregação a mudar de nome, para melhor qualificar o carisma próprio na Igreja: Oblatas do Espírito Santo.
     No seu coração, havia a ideia de um Pentecostes permanente. Dizia ela: “O Pentecostes não terminou; de fato é sempre Pentecostes em todos os tempos e em todos os lugares, porque o Espírito Santo deseja ardentemente dar-se a todos os homens e, aqueles que o desejam, podem recebê-lo sempre; portanto não temos nada a invejar aos Apóstolos e aos primeiros cristãos; nós só temos que nos dispor, como eles, a recebê-lo bem e Ele virá a nós como veio a eles”.
     Para pedir esta renovação, a Beata Helena teve também a ideia de um movimento mundial de oração segundo o modelo do Cenáculo de Jerusalém, onde Jesus celebrou a última Ceia. Ela declarava: "Oh, se de todos os lugares da Cristandade se pudesse elevar ao Céu uma oração tão unânime e fervorosa como a do Cenáculo de Jerusalém, para reacender o fogo do Espírito Divino!"
     A Beata tinha cumprido sua missão. Mas antes de partir, no dia 11 de abril de 1914, teve que se associar de perto aos sofrimentos e humilhações de Cristo. Caluniaram-na de tal forma, que foi forçada a abandonar o cargo de Superiora da Congregação que fundara, e ficar reduzida ao silêncio durante anos. Verificou-se nela a sentença do Mestre: "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só, mas se morre, dá muito fruto".
      Aceitou a humilhação com paciência e espírito de fé. A glorificação tinha que vir rapidamente. Assim sucedeu com a beatificação a 26 de abril de 1959. O Papa João XXIII a definiu “Apóstola do Espírito Santo dos tempos modernos”, assim como Santa Maria Madalena foi a apóstola da Ressurreição e Santa Maria Margarida Alacoque a apóstola do Sagrado Coração.
      “A vinda do Espírito Santo no Cenáculo foi como o beijo da reconciliação dado por Deus à humanidade redimida no sangue de Jesus” (Beata Helena Guerra)

Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J., 3a. ed. Editorial A.O. - Braga;

Publicado neste blog em 10 de abril de 2012

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