quinta-feira, 17 de junho de 2021

Beata Osana Andreasi de Mântua, Virgem e Mística – 18 de junho


Em Mântua, na Lombardia, região da Itália, a Beata Osana Andreasi, virgem, que, tomando o hábito das Irmãs da Penitência de São Domingos, associou com admirável sabedoria a contemplação das realidades divinas com as ocupações terrenas e a prática das boas obras. († 1505)
 
     A Beata Osana Andreasi nasceu no magnífico palácio de uma nobilíssima família italiana (sua mãe é uma Gonzaga). Aos cinco anos, enquanto caminhava nas margens do Pó, ouviu distintamente uma voz clara e firme que lhe diz: "A vida e a morte consistem em amar a Deus". A criança entra em êxtase e sente-se levada até o Céu por um esplêndido anjo. Este lhe mostra a hierarquia do Céu e diz: "Para entrar no Céu é necessário que a Deus muito se ame. Vê, todas as coisas cantam-lhe a glória e proclamam aos homens: ama-O, ama-O, Ele a tudo criou para que O amem!"
     A partir dessa experiência, nasce nela um grande desejo de estudar teologia. O pai se opõe como algo que não é adequado para uma criança. Mas Osana reza. Em resposta às suas orações a Nossa Senhora, esta começa a aparecer em pessoa e dá-lhe aulas. Então Osana aprende latim e adquire um grande conhecimento das Escrituras Sagradas. Cita de memória até mesmo os comentários dos Padres da Igreja.
     Por fim, seu pai se convenceu. Permite que ela dedique sua vida à teologia, não se case aos quinze anos e use o hábito de terciária dominicana. Mas Osana também assume responsabilidades políticas, incluindo a regência provisória do Ducado de Mântua
     Quando Osana tinha 28 anos de idade, recebeu estigmas na sua cabeça, no lado e nos pés, embora fossem visíveis para terceiros apenas em certos dias da semana especialmente às sextas-feiras e durante a Semana Santa. Osana relatou a sua vida espiritual e experiências místicas ao seu biógrafo e orientador espiritual, o beneditino Jerônimo de Monte Oliveto.
     Ajudava os pobres e serviu como diretora espiritual de muitas pessoas, gastando grande parte da fortuna da sua família para auxiliar os mais necessitados. Manifestava frequentemente a sua repulsa pela decadência e criticava a aristocracia pela ausência de moralidade. Foi amiga da Beata Columba de Rieti e recebeu apoio espiritual da Beata Estefânia Quinzani.
     A sua casa era um autêntico centro de ação social e caritativa em benefício dos mais necessitados, bem como um local habitual de reunião e discussão sobre temas espirituais e vida da Igreja. Uma das principais causas de sofrimento de Osana no seu tempo foi a degradação da Igreja sob o pontificado do Papa Alexandre VI.
     Osana passou os últimos 37 anos da vida na corte de Mântua. Em 1478, os soberanos de então, o Duque Francisco II e sua mulher, Isabel d’Este, fizeram dela superintendente da sua Casa. Depressa compreenderam que era um anjo que tinham debaixo do teto. Quando ela estava para morrer, ajoelhados junto do leito, pediram-lhe a bênção; ela respondeu que pertencia ao sacerdote presente abençoá-los. Foi preciso que este tomasse a mão dela para lhes traçar na testa o sinal da cruz. Francisco II isentou de contribuições, por vinte anos todos os membros da família dela. E a duquesa Isabel ergueu-lhe um belo mausoléu, que ainda agora se vê na Catedral de Mântua.
     Dotada de dons proféticos, com suas orações protegeu o Duque Francisco na batalha de Fornovo de 1495, predisse a derrota de César Borgia e, em 1500, o tão suspirado nascimento do primeiro filho de Isabel d’Este, Frederico II, “filhinho da oração”. Falou também de um flagelo que cairia sobre a Itália corrupta, profetizando o saque de Roma, obra dos Lanzichenecchi (soldados de infantaria alistados pelas Legiões Alemãs, famosos por sua crueldade), em 1527.
     A ''Vida da Beata Osana'' foi escrita em 1507, pouco depois da sua morte. Fr. Jerônimo juntou traduções em latim das 24 cartas recebidas de Osana, acompanhadas de documentos certificando a sua autenticidade. A biografia tem um caráter de relatório detalhado das suas conversas com Osana.
     Uma outra biografia, publicada em 1505 é da autoria de Fr. Francisco Silvestre de Ferrara, um dos mais relevantes teólogos tomistas e que veio a ser Mestre Geral da Ordem dos Pregadores.
     Osana faleceu a 18 de junho de 1505. O seu corpo incorrupto encontra-se em exposição sob o altar de Nossa Senhora do Rosário na Catedral de Mântua, Itália.
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     Gostaria de meditar sobre o fato maravilhoso - referido por seu confessor e biógrafo - que aconteceu quando ela tinha cinco anos de idade. Sabemos que o estudo da teologia - e da filosofia, que necessariamente a acompanha - é muito profundo e requer uma aplicação vigorosa da razão. São estudos normalmente adequados a pessoas maduras: quanto mais madura é a pessoa, mais adequado é o estudo deste tipo. Esta é a regra: a vida da Beata Osana é a exceção.
     Olhemos uma menininha de cinco anos que caminha ao lado de um rio muito bonito, o Pó. Eu mesmo tive a oportunidade de apreciar a beleza do Pó em uma viagem de Milão a Veneza. A menina está admirando o rio quando um anjo aparece. Um anjo magnífico que fala do amor a Deus e como toda a criação canta e proclama a Sua glória. A essência desta mensagem é que Deus criou todas as coisas para ser amado por meio delas.
     Por que um anjo apareceu para esta menina? E como é que o anjo faz para abrir a alma de uma criança para a contemplação de Deus na Criação? A menina provavelmente já estava preparada pela sua natureza a considerar com admiração a paisagem à sua frente. É comum entre as crianças que conservam sua inocência original colocar-se numa posição de admiração diante das belezas da natureza. Mas aqui aparece um anjo e se torna a coisa mais bela que ela já tinha visto. Percebemos isto pelo relato de seu confessor e biógrafo, que o deve ter contado muitas vezes.
     O anjo, movendo-se em uma espécie de auge da beleza, a ergue desta Terra e mostra a ela a hierarquia celeste, ou seja, a hierarquia angélica no Paraíso, onde os tronos dos anjos caídos permanecem vazios e são gradualmente ocupados por homens e mulheres santos. Assim é mostrada a Osana a mais bela realidade que existe, todo o Reino Celeste. Depois de ter mostrado toda esta beleza, o anjo lhe diz para observar como todas as coisas criadas por Deus são intrinsecamente boas e dignas de serem amadas. É a conclusão natural: ame as criaturas e ame o Seu Criador, a fim de tornar-se santa e ir para o Céu para ocupar o lugar preparado para você.
     Deus, por meio de seu anjo, convida uma menina a compreender o esplendor da criação e a magnificência do Criador, algo que vai muito além da capacidade de percepção natural dos sentidos. Deus a convida a elevar-se acima das limitações humanas e a concentrar a sua alma sobre as realidades espirituais que são imperceptíveis aos nossos sentidos, mas que são mais reais do que a realidade material. Mostra-lhe também um anjo e a hierarquia angélica composta por seres puramente espirituais. No vértice da hierarquia está Nossa Senhora e, acima dEla, o Rei dos reis, Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Com este convite único Deus está formando uma pessoa cuja vida inteira será dedicada à reflexão. Enquanto o anjo mostra para Osana todas estas coisas, está implicitamente dizendo a ela para fazer um esforço de inteligência para conhecer Deus. O anjo indica, já aos seus cinco anos, a estrada que lhe é destinada para se santificar: se estas coisas são tão belas, como Deus deve ser mais belo. E ela começa a meditar sobre estas coisas. (...)
 
Autor: Plinio Corrêa de Oliveira
Postado neste blog em 17 de junho de 2011

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