sábado, 30 de julho de 2011

Beata Zdenka Cecília Schelingova, Mártir - Festejada 31 de julho

     No dia 14 de setembro de 2003, Festa da Santa Cruz, João Paulo II beatificou, numa solene cerimônia em Bratislava, na Eslováquia, a Irmã Zdenka Cecilia Schelingova e o Bispo Vasil’ Hopko, ambos mártires eslovacos.
     Na presença de bispos, alguns cardeais, sacerdotes e religiosas, testemunhas e vítimas ainda vivas da “Igreja do Silêncio”, também chamada “Igreja das catacumbas do século XX” nos países sob o domínio comunista, o papa recordou os filhos da Santa Igreja que irrigaram com seu sangue aquelas regiões e deu como exemplo das perseguições de ontem e de hoje as duas figuras notáveis que beatificava.
 
      
     Cecilia Schelingova, este era o seu nome de leiga, nasceu em 24 de dezembro de 1916 em Krivá, distrito de Dolny, Eslováquia, penúltima de 11 filhos. Três dias depois foi batizada. Seus pais, Pavol e Zugana, eram honestos camponeses que deram uma educação religiosa aos filhos, fundamentada na oração e no cumprimento do dever - trabalhar no campo e nas lides da casa.
     Cecília se distinguia de suas companheiras na escola pela diligência, obediência e a prontidão com que procurava ajudar os outros.
     Em 1929 começou a colaborar na paróquia das Irmãs de Caridade da Santa Cruz.  Atraída pela caridade das Irmãs, com apenas 15 anos desejou entrar naquela Congregação. Seus pais e seus irmãos se alegraram muito e se sentiram muito satisfeitos com sua escolha.
     Durante seu noviciado fez estudos de enfermagem em Podunajské Biskupice por dois anos, e depois um curso de especialização em radiologia. No dia 30 de janeiro de 1936 emitiu os primeiros votos mudando o nome para Zdenka (Sidônia).
     Era intensa sua oração. Durante o trabalho se mantinha muito unida a Deus. Era amável com todos e estava sempre disposta a servir. A amizade espiritual com Jesus marcou sua vida religiosa e seu trabalho de enfermeira.
     Com o diploma de enfermeira, exerceu esta atividade em Humenné, cidade situada na parte oriental da Eslováquia, próximo da Ucrânia, e de 1942 em diante, gozando de grande estima por suas qualidades, trabalhou na radiologia do Hospital Estatal de Bratislava com competência, generosidade e amor pelos doentes. Muitos a consideravam um “modelo de Irmã e de enfermeira profissional”.
     Em 1948, o partido comunista começou uma verdadeira perseguição contra a Igreja Católica, usando discriminação com os fieis, fechando Ordens religiosas, enviando sacerdotes e religiosos para os trabalhos forçados, perseguindo e aprisionando bispos e seus colaboradores.
     As Irmãs de sua Congregação também viviam no temor e nas dificuldades cada vez mais pesadas. Irmã Zdenka Schelingova participava do sofrimento da Igreja eslovaca oprimida pelo regime, e procurou ajudar alguns sacerdotes em dificuldade por causa de sua Fé.
     Com grande coragem conseguiu ajudar na fuga de um sacerdote católico em tratamento no hospital por causa das torturas sofridas durante os interrogatórios, e já destinado aos trabalhos forçados na Sibéria. Depois da fuga do sacerdote, Irmã Zdenka rezou assim diante da cruz na capela do hospital: “Jesus, eu vos ofereço a minha vida pela dele. Salvai-o!”
     Mas a coisa não passou de todo despercebida: o regime comunista totalitário pos a Polícia secreta a vigiar a religiosa.
     Assim, oito dias depois, 29 de fevereiro de 1952, quando Irmã Zdenka procurava ajudar outros seis sacerdotes a escapar, foi descoberta e aprisionada. Nos dias seguintes, sofreu terríveis interrogatórios no cárcere, com humilhações e torturas.
     No dia 17 de junho de 1952, acusada de alta traição, foi condenada a doze anos de prisão, a perda dos direitos civis por dez anos. Era evidente que a condenação era infringida no âmbito da perseguição religiosa contra a Igreja Católica e não por um atentado à soberania do Estado: era o motivo das condenações de tantos eclesiásticos.
     Embora sofrendo, Irmã Zdenka não mostrava nenhum rancor contra os seus algozes, antes perdoando e disposta a morrer por Deus e pelo bem da Igreja. Enquanto era golpeada quase até a morte, sussurrou: "O perdão é o maior na vida”.
     Sua via crucis prosseguiu por diversas prisões e hospitais de cárceres (Rimavska Sabota, Brno, Praga, Pardubice), o que causou graves conseqüências a sua saúde: devido às torturas, apareceu um tumor maligno no peito e uma tuberculose.  .
     Temendo que ela morresse na prisão, libertaram-na no dia 15 de abril de 1955, mas por medo da situação política, não foi recebida no hospital de Bratislava, foi aceita no de Trnava.
     Depois de pouco mais de três meses, vividos no sofrimento com humildade e abandono à vontade de Deus, Irmã Zdenka morreu de câncer (é o que foi escrito no seu atestado de óbito), no dia 31 de julho de 1955, após ter recebido o Santo Viático, na idade de apenas 38 anos.
     Imediatamente após a sua morte o povo a considerava mártir da Fé.
     Em 1970 o tribunal de Bratislava e a Corte Suprema reconheceram a inocência de Irmã Zdenka da infamante acusação.
     As suas co-irmãs e o povo eslovaco se recordam da sempre risonha Irmã Zdenka como uma religiosa que caminhou na via da perfeição imitando Nosso Senhor Jesus Cristo, suportando os sofrimentos com paciência heróica, firme determinação, disposta a morrer por Deus e pelo bem da Igreja, sem nenhum rancor aos seus perseguidores.
     Seus despojos repousam na Igreja da Santa Cruz, em Podunajske Biskupice.
 
 
Uma Heroina do Século XXI
 
Jovem religiosa defende o uso público do hábito desafiando a Cristofobia
 
     Irmã Ana Verônica, oblata de São Francisco de Sales em Paris, foi convocada juntamente com vários outros professores de Filosofia ao Liceu Carnot, da capital francesa. O objetivo da reunião era combinar a correção de muitas provas da matéria que tinham ficado sem corrigir no fim do ano escolar.
     Ela se apresentou como de costume: com o hábito completo do instituto religioso a que pertence. Sua presença foi pretexto para um rebuliço. Professores laicistas e socialistas exigiram das autoridades do Liceu a expulsão da religiosa sob o pretexto de que ela ofendia a laicidade e, de forma caricata e ofensiva, compararam seu hábito com o véu islâmico.
     As autoridades nada fizeram, pois sabiam que o procedimento da religiosa era irrepreensível do ponto de vista legal.
     Os professores laicistas exigiram que ela tirasse o hábito. “V. poderia ser mais discreta!”, desabafou uma professora laicista.
     - “Eu não posso fazer melhor nem pior. Eu devo levá-lo”, respondeu a jovem religiosa.
     Os jornais fizeram estardalhaço com o fato e o secretariado geral do ensino católico exigiu que a Irmã Ana Verônica desse prova de “juízo” e comparecesse usando roupas civis. Com tom sereno e respeitoso, mas firme, a freira respondeu a seus detratores em carta publicada pelo jornal parisiense “La Croix”, de 13/07/2011:
 
     Nós repetimos claramente que jamais tiraremos nosso hábito. …
     Um hábito religioso é o sinal da resposta a um chamado para se consagrar a Deus, que nem todos os batizados recebem.
     Desde 8 de setembro de 2004, data de minha entrada na vida religiosa, minha vida mudou muito e o hábito não é mais que a expressão visível disso.
     Comparecer agora de outra maneira, sem o hábito religioso, é uma coisa impossível para mim, pois eu não uso mais outros vestidos que não sejam os de minha consagração religiosa.
     Eu não sou religiosa por horas. Fazemos a profissão para viver seguindo Cristo até a morte.
     Esta consagração religiosa inclui todas as dimensões de nosso ser: corpo, coração, alma e espírito.
     O jovem homem rico do Evangelho recuou diante do apelo de Jesus para segui-Lo, quando Ele pousou seu olhar sobre ele. Isso significa que a decisão de se consagrar a Deus não é fácil de tomar. Ela pressupõe certas renúncias…
     O hábito religioso é sinal desse fato. Ele pode, portanto, ser um sinal de contradição. Nós sabemos que nosso hábito não deixa indiferentes as pessoas. Ele é um testemunho da presença de Deus.
     Por meio dele nós relembramos, de modo silencioso, mas eloqüente, que Deus existe neste mundo que se obstina a não querer pensar nem sequer na possibilidade da transcendência divina.
     Mas, Jesus nos diz no Evangelho que o servidor não é maior que seu mestre. Vós conheceis a continuação? “Se eles me perseguiram, eles vos perseguirão também” (Jn 15, 20).
     E Jesus acrescentou: “As pessoas vos tratarão assim por causa de Mim, porque eles não conhecem Aquele que me enviou” (Jn 15, 21).
    
     A carta da corajosa Irmã Ana Verônica causa viva impressão na França.
     No Brasil, o PNDH-3 pretende banir os símbolos religiosos dos locais públicos e instalar um laicismo – na realidade, um anti-catolicismo mal disfarçado – como o francês. Para atingir sua finalidade extremada, não poderá deixar de tentar proibir as próprias vestes talares dos religiosos e das religiosas.
 
Fonte: Artigo L. Dufaur 28/7/2011 www.ipco.org.br 

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