No dia de Pentecostes de 1623, na Missa solene, a Senhora Le Gras, em solteira Luísa de Marillac, ouviu uma voz interior a certificá-la de que depressa encontraria um bom diretor. Encontrou, de fato, no ano seguinte, São Vicente de Paulo que triunfou onde todos os outros, incluindo São Francisco de Sales, tinham errado. Com efeito, São Vicente conseguiu libertá-la dos escrúpulos, obsessões, dúvidas sobre a fé e outras idéias fixas, que a tornavam infeliz.
Filha de Luís de Marillac, Senhor de Ferrières, nascera em 1591 e casara-se dez anos antes, 1613, com o escudeiro e secretário da Rainha Maria de Médici, Antonio Le Gras, que era tido como fadado para uma brilhante carreira, mas, de fato, arrastava uma doença de que morreria, doze anos depois do casamento. No dia 19 de outubro daquele ano nasceu-lhe um filho, Miguel. Luísa cuidou do esposo com a maior atenção, ao mesmo tempo em que educava o filho único dos dois. Ela tinha 34 anos quando enviuvou.
Desde esse tempo reuniu-a Vicente de Paulo aos seus trabalhadores. Quem curara essa alma, descobriu nela riquezas imensas. Utilizou-as ao serviço dos que eram seus preferidos e vieram a tornarem-se também os dela: os enjeitados, os anormais, os desequilibrados, os velhos e os doentes abandonados.
Em dezembro de 1625, após a morte do esposo e tendo seu filho entrado no seminário, Luísa pode acolher em sua casa as primeiras jovens que vinham se colocar ao serviço dos pobres, em colaboração com as Damas da Caridade. Era o primeiro núcleo da nova Congregação.
Colaboraram os dois, São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, durante 35 anos. Juntos fundaram a congregação das Irmãs da Caridade (1633) que deviam ter, dizia Vicente, “por mosteiro só as casas dos doentes, por cela um quarto alugado, por capela a igreja paroquial, por claustro as ruas da cidade ou as salas dos hospitais, por clausura a obediência, por grade o temor de Deus, por véu a santa modéstia”.
“Só Deus conhece que força de ânimo ela possui”, disse São Vicente a respeito da atividade incansável de Luísa, apesar das precárias condições de saúde e de muitas atribulações.
Luísa, que lhes escrevera as regras, dirigiu as Irmãs até ao fim. Faleceu a 15 de março de 1660 com sessenta e nove anos, poucos meses antes do “padre dos pobres”, de quem aprendera a simplicidade da vida interior e o espírito prático, e em sintonia com o pensamento do Santo Fundador, segundo o qual a santidade é mais verdadeira quanto mais escondida.
Luísa de Marillac obteve as honras dos altares em 11 de março de 1934. Em 1960 João XXIII a declarou patrona das Assistências Sociais.
Fonte: Santos de Cada Dia, do Pe. José Leite, S.J., 3ª ed. Editorial A.O. Braga
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