Hoje, Festa da Imaculada Conceição, apresentamos a Venerável Clara Isabel Fornari, uma fervorosa devota da Santa Mãe de Deus.
Nascida em Roma, a 25 de junho
de 1697, Ana Felícia Fornari
entrou aos quinze anos para o
noviciado das Clarissas, em Todi. Sua vida religiosa era orientada por seu
confessor, o jesuíta Crivelli. Tomando o nome de Clara Isabel, fez a profissão no ano seguinte e, desde então, a
sua vida foi uma série dos fenômenos mais extraordinários, consignados no
processo de beatificação e confirmados sob juramento pelas suas companheiras,
pelo confessor e pelo médico.
Tinha frequentes e prolongados êxtases; recebia numerosas visitas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, de Santa Clara e de Santa Catarina de Sena. No decorrer
duma delas, Jesus meteu-lhe no
dedo o anel que simbolizava o seu consórcio espiritual. Comprazia-se em
chamar-lhe «a sua esposa de dor».
Clara Isabel participou,
com efeito, dos sofrimentos do Divino
Crucificado: tinha as mãos, os pés e o lado marcado com estigmas
visíveis, donde por vezes corria sangue. Na cabeça tinha uma coroa cujos
espinhos cresciam para o interior, saindo pela fronte, desprendendo-se e caindo
ensanguentados. As torturas e perseguições demoníacas que sofreu recordam as
que, cem anos depois, veio a padecer o Santo
Pároco de Ars. Desde o noviciado, o demônio tentava-a com o desespero e
o suicídio; depois, maltratava-a, atirando-a pelas escadas abaixo, e tentava
tirar-lhe a fé.
Nos últimos meses de vida parecia abandonada de Deus, tendo perdido até a lembrança das consolações passadas. Só
recuperou a antiga alegria pouco tempo antes de morrer, no ano de 1744. Um processo de beatificação da Madre
Clara Isabel está em andamento.
A invocação de Nossa Senhora da Confiança foi introduzida na Igreja no
século XVIII pela Venerável Clara Isabel Fornari, que nutria uma devoção muito
especial a Santa Mãe de Deus e portava sempre consigo um quadro com a pintura
dEla com o Menino Jesus nos braços. Logo várias copias começaram a circular
pela Itália; a essa pintura se atribuíam muitas graças e curas, e em 1917 o
Papa Bento XV coroou Nossa Senhora da Confiança confirmando canonicamente seu
título e o dia de sua festa: 24 de fevereiro.
O quadro fora pintado pelo grande artista italiano Carlo Maratta
(1625-1713). Em 1704 ele tornou-se pintor da corte de Luís XIV. Diz-se que o
renomado artista deu o quadro para uma jovem nobre que se tornou abadessa do
Convento das Clarissas de São Francisco na cidade de Todi. Era a hoje Venerável
Madre Clara Isabel Fornari.
Segundo palavras da própria Venerável, Nossa Senhora fez promessas
especiais a ela com respeito a este quadro: "Minha Senhora Celeste, com
o amor de uma verdadeira Mãe, assegurou-me que todas as almas que com confiança
se apresentarem diante desta imagem obterão verdadeiro conhecimento, dor e
arrependimento de seus pecados, e a Santíssima Virgem lhes concederá uma
particular devoção e ternura por Ela”. (Esta promessa se aplica não apenas
ao quadro original, mas também a todas as cópias dele.)
Uma das cópias foi levada para o Seminário Maior de Roma, do qual Ela se
tornou padroeira. Todos os anos, no dia 24 de fevereiro, o próprio Pontífice
vai venerá-la.
Entre os fatos prodigiosos que comprovam a proteção dEla ao Seminário
contam-se as duas vezes (1837 e 1867) em que uma epidemia de cólera atingiu a
Cidade Eterna, mas o Seminário Romano foi milagrosamente poupado pela poderosa
intercessão de sua Padroeira.
Na 1a. Guerra Mundial, cerca de cem seminaristas foram enviados à frente
de batalha e se colocaram sob a especial proteção de Nossa Senhora da Confiança
. Todos retornaram vivos, graça que atribuíram à proteção da Santíssima Virgem.
Em agradecimento, entronizaram o venerável quadro numa nova capela de mármore e
prata.
O fundador da Congregação dos Monges Olivetanos é o iniciador da devoção
a Nossa Senhora Menina. A ela o então Beato Bernardo, em 1623, consagrou a
igreja edificada e dirigida pelos monges no Monte Oliveto. A primeira imagem só
foi confeccionada em 1755 e constava de “uma menina deitada num berço,
enfaixada com graça e riqueza”. O abade olivetano Dom Isidoro Gazzali foi quem
a encomendou à Venerável Madre Clara Isabel Fornari, religiosa Clarissa e
especialista em escultura. Desde então, é essa a imagem venerada nos mosteiros
olivetanos. Assim honravam a festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrada no
dia 8 de setembro.
A cidade italiana de Milão é outro centro de irradiação dessa piedosa
forma de venerar a Mãe de Deus. Na igreja de Santa Maria dos Anjos havia a
imagem também esculpida pela Venerável Clara Isabel Fornari, modelada em cera,
chamada “Maria Santíssima Bambina”. O seu semblante iluminado pelas graças da
infância retinha a simplicidade, a pureza, a alegria da sua alma.
Posteriormente, foram aparecendo outras pinturas e imagens, como a da igreja
São Nicolau, na cidade do Porto em Portugal, no século XVIII. Também pode se
encontrar uma pintura de Sant’ Ana, tendo a Menina Maria de pé ao seu lado,
enquanto recebe instruções.
Marcas deixadas
em uma pequena mesa de madeira e na manga da camisa da Venerável Madre Clara
Isabel Fornari, Abadessa das Clarissas de Todi. As quatro marcas foram deixadas
pelo padre falecido Panzini, o ex-abade Olivetano de Mântua, a 1º de novembro de
1731 (Museu das Almas do Purgatório).
Fontes diversas
e Santos de cada dia, Pe. José Leite,
S.J. 3ª. Ed. Editorial A.O. Braga.
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