sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A Glória extraordinária da Assunção de Nossa Senhora - 15 de agosto


    


     Embora a Assunção (em latim: assūmptiō - "elevado") tenha sido definida em tempos relativamente recentes como um dogma infalível pela Igreja Católica, a própria Igreja interpreta o capítulo 12 do Apocalipse como fazendo referência ao evento.
     A mais antiga narrativa é o chamado Liber Requiei Mariae ("O Livro do Repouso de Maria"), que sobrevive intacto apenas em uma tradução etíope. Provavelmente composta no início do século IV, esta narrativa apócrifa cristã pode ser do início do século III. Também muito primitivas são as diferentes tradições dos "Narrativas da Dormição dos 'Seis Livros'". As versões mais antigas deste apócrifo foram preservadas em diversos manuscritos em siríaco dos séculos V e VI, embora o texto em si seja provavelmente do século IV.
     A Assunção também aparece no De Transitu Virginis, uma obra do final do século V atribuída a São Melito que preserva uma versão teologicamente editada das tradições presentes no Liber Requiei Mariae.
     De Transitus Mariae conta a história de como os Apóstolos teriam sido transportados por nuvens brancas até o leito de morte de Maria, cada um vindo da cidade em que estava pregando no momento.
     Uma carta em armênio atribuída a São Dionísio, o Areopagita, também menciona o evento, embora seja uma obra muito posterior, escrita em algum momento do século VI. São João Damasceno é a primeira autoridade eclesiástica de sua época a advogar a doutrina pessoalmente (e não na forma de obras anônimas). Seus contemporâneos, São Gregório de Tours e Modesto de Jerusalém, ajudaram a promover o conceito por toda a Igreja.
     Em algumas versões da história, o evento teria ocorrido em Éfeso, na Casa da Virgem Maria, embora esta seja uma tradição muito mais recente e localizada. As mais antigas apontam que o fim da vida da Virgem Maria se deu em Jerusalém. Pelo século VII, uma variação apareceu, que conta que um dos apóstolos, geralmente identificado como sendo São Tomé, não estava presente na morte de Maria Ssma., mas sua chegada atrasada teria provocado uma reabertura do túmulo da Virgem, que então se descobriu estar vazio, com exceção de suas mortalhas. A Virgem Maria teria lançado do céu sua cinta para o apóstolo como uma prova do evento. Este incidente aparece muitas vezes nas pinturas sobre a Assunção.
     A doutrina da Assunção de Maria se tornou amplamente conhecida no mundo cristão, tendo sido celebrada já no início do século V e já estava consolidada no Oriente por volta de 600. O evento era celebrado no Ocidente na época do Papa Sérgio I no século VIII e foi confirmada como oficial pelo Papa Leão VI. O debate teológico sobre a Assunção continuou depois da Pseudo Reforma Protestante e atingiu um clímax em 1950, quando o papa Pio XII o definiu como dogma para os católicos.

Definição dogmática

     Em 1º de novembro de 1950, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, o Papa Pio XII declarou a Assunção da Virgem Maria como um dogma:
     “Pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e em nossa própria autoridade, pronunciamos, declaramos e definimos como sendo um dogma revelado por Deus: que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo completado o curso de sua vida terrena, foi assumida, corpo e alma, na glória celeste”.
     Desde a declaração solene da infalibilidade papal pelo Concílio Vaticano 1º, em 1870, esta declaração de Pio XII foi a única vez que um papa fez uso ex cathedra da prerrogativa. Pio XII deliberadamente deixou em aberto a questão se Maria teria ou não morrido antes da Assunção.
     Antes da definição dogmática, em Deiparae Virginis Mariae, Pio XII buscou a opinião dos bispos católicos e um grande número deles apontou para o Gênesis (Gen 3:15) como um suporte escritural para o dogma. Em Munificentissimus Deus (item 39), Pio XII faz referência à "luta contra o inimigo infernal" como neste versículo e a "vitória completa sobre o pecado e a morte", como em I Coríntios (I Coríntios 15:54).
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     “À medida que Ela ia subindo, com certeza, como numa verdadeira transfiguração, como num verdadeiro Monte Tabor, a glória interior dEla ia transparecendo aos olhos dos homens. Falando dEla diz o Antigo Testamento: omnis glória filia regis ab intos - toda [a] glória da filha do rei lhe vem de dentro, daquilo que está dentro dEla. E com certeza essa glória interna que Ela tinha se manifestou do modo mais estupendo quando, já no alto de sua trajetória celeste, Ela olhou uma última vez para os homens, antes de definitivamente deixar esse vale de lágrimas e ingressar diante da glória de Deus”.
     (Conf. SD de 10/8/1968, por Plinio Corrêa de Oliveira)

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