sábado, 28 de janeiro de 2017

Beata Maria de Pisa, viúva, monja dominicana - 30 de janeiro

     
     A vida desta beata é uma prova de que a santidade não depende das circunstâncias externas; em qualquer estado de vida a pessoa pode se santificar. Muitas vezes pensamos que o sofrimento, quando é muito grande nos impede de continuar o caminho com alegria. A Beata Maria nos mostra que uma dor muito grande pode ser ocasião de uma entrega mais inteira a Deus. Também nos ensina que nos momentos de obscuridade é bom seguir o conselho de pessoas piedosas para que nos ajudem a encontrar o caminho de saída.
     Catarina Boncini nasceu em Pisa, Itália, em meados do século XIV. Filha de uma família da alta sociedade, ainda estava no berço quando viu seu Anjo da Guarda e dele recebeu um aviso que preservou sua vida. Algum tempo depois, ela recebeu uma segunda visita e, a partir daí, estabeleceu-se entre a alma pura da criança e o espírito benfazejo uma misteriosa troca de orações e de graças. Foi nesta escola que Catarina aprendeu os segredos do amor divino.
     Sua vida foi especialmente dramática: enviuvou de Baccio Mancini; e novamente enviuvou de Guilherme Spezzalaste, aos 25 anos. Os vários filhos dos dois casamentos faleceram muito jovens.
     Portanto, na Beata Maria de Pisa encontramos o exemplo de uma serva de Deus que se casou duas vezes e teve muitos filhos, viveu vários anos no mundo como viúva, ingressou em um convento relaxado, o reformou, e, finalmente, fundou uma comunidade de observância religiosa excepcional, na qual morreu numa idade muito avançada em odor de santidade.
     Conta-se que Catarina (Maria era seu nome em religião) aos cinco anos teve uma experiência mística extraordinária. Em um êxtase, ou visão, presenciou a tortura no potro de Pedro Gambacorta, que havia sido acusado de conspirar e fora condenado à forca por seus inimigos. A legenda acrescenta que Catarina rezou com tanto fervor ao presenciar o suplício, que a corda da forca rompeu e os juízes comutaram a pena de morte. Depois disto, a Virgem Maria apareceu à Catarina e lhe ordenou que rezasse todos os dias sete Pai-Nossos e sete Ave-Marias, porque a bondade de Deus a sustentaria nos perigos.
     Catarina casou-se aos 12 anos e teve dois filhos. Seu primeiro esposo morreu quando a beata tinha 16 anos. Cedendo à pressão de sua família, Catarina casou-se pela segunda vez. O novo casamento durou oito anos e dele nasceram cinco filhos. Todos os filhos da beata faleceram muito jovens.
     A família pretendia casá-la pela terceira vez, mas ela se opôs resolutamente e se entregou de alma e corpo às obras de piedade e caridade. Em meio às ocupações, aos cansaços, às preocupações que lhe davam os cuidados com a casa e com a educação de seus filhos, ela soube, administrando ativa e minuciosamente o seu tempo, encontrar o prazer de se entreter com Deus na mais alta contemplação. Sua caridade era inesgotável; jamais um pobre batera em vão à sua porta.
     Ela se alegrava, sobretudo, em consolar os doentes, em cuidar de suas feridas, em oferecer-lhes, juntamente com as esmolas, palavras de paz e consolação. Ela converteu sua casa em hospital. Conta-se que acostumava beber o vinho com que lavava as chagas dos enfermos, e que em certa ocasião experimentou tal doçura ao beber o vinho, trazendo força à sua natureza, que chegou a convencer-se em seu foro íntimo de que o misterioso doente a quem havia atendido era o próprio Salvador.
     Catarina fez votos de jejuar quatro vezes por semana, de manter uma dura disciplina quotidianamente e de não se permitir o mais ligeiro repouso que não fosse sobre um leito de tábuas de madeira.
     Naquela época de sua vida Catarina estava sob a direção dos dominicanos, em cuja Ordem Terceira havia ingressado. Provavelmente foram aqueles religiosos que a colocaram em contato com Santa Catarina de Siena, de quem ela se tornou discípula. Ainda se conserva uma carta que aquela Santa escreveu a "Monna Catarina e Monna Orsola ed altre donne di Pisa" (Sra. Catarina e Sra. Úrsula e outras senhoras de Pisa).
     A conselho de Santa Catarina de Siena, Catarina ingressou no convento dominicano relaxado da Santa Cruz com o objetivo de restabelecer nele a estrita observância. A beata conseguiu reformá-lo, mas aspirava por uma vida de maior perfeição. Assim, junto com a Beata Clara Gambacorta, saiu do convento de Santa Cruz para fundar outra comunidade em um convento construído com essa finalidade pelo pai de Clara, o mesmo Pedro Gambacorta por quem Irmã Maria havia rezado.
     Deus abençoou a nova fundação, que se converteu em um modelo de vida religiosa, famoso em toda Itália. Neste convento a Beata Maria Mancini faleceu em 22 de janeiro de 1431. Seu culto foi aprovado em 2 de agosto de 1855 pelo Papa Beato Pio IX.
     Seu corpo foi venerado por vários séculos no seu Mosteiro de São Domingos, em Pisa. O mosteiro foi destruído por bombardeios na 2ª guerra mundial. A igreja passou a pertencer a Ordem de Malta. As monjas compraram o Palácio Serafim e o transformaram em mosteiro e para ali levaram as relíquias das Beatas Maria e Clara.
     Hoje as relíquias são custodiadas pelas irmãs da Congregação das Dominicanas de Santa Catarina, pois as monjas, por serem em pequeno número, se uniram a outras comunidades de monjas dominicanas da Itália.
     A Beata se distinguiu pelas duras penitências, visões místicas e por um admirável zelo pelas almas do Purgatório. A Ordem Dominicana a recorda no dia 30 de janeiro.


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