sexta-feira, 9 de março de 2018

Santa Francisca Romana, Viúva, Fundadora – 9 de março

Santa Francisca Romana (1384-1440), de nobre e rica família, casou-se muito jovem, teve três filhos, fundou as "Oblatas de Maria" e em março de 1433 também fundou o mosteiro em Tor de' Specchi, perto do Campidoglio (Roma). Quando seu marido morreu, em 1436, ela se mudou para esse mesmo mosteiro e se tornou a prioresa.

     Os dados que damos a seguir constam da obra de Ernest Hello “Physionomies de saints”.
     A vida de Francisca reside nas visões. Suas visões mais singulares, mais estupendas, mais características, são as visões do inferno. Inúmeros suplícios, variados como os crimes, lhe foram mostrados no conjunto e nas minúcias.
     Santa Francisca Romana viu o ouro e a prata derretidos, acumulados pelos demônios nas gargantas dos avarentos.
     Viu as hierarquias de demônios, suas funções, seus suplícios e os crimes a que eles presidem.
     Viu Lúcifer, consagrado ao orgulho, chefe geral dos orgulhosos, rei de todos os demônios e de todos os condenados. Esse rei é muito mais desgraçado do que todos os seus súditos.
     O inferno é dividido em três partes: o inferno superior, o inferno médio e o inferno inferior. Lúcifer está no fundo do inferno inferior. Sob Lúcifer, chefe universal, acham-se subordinados três chefes a ele e prepostos aos demais: Asmodeu, que preside os pecados da carne, era um querubim; Mamon, que preside aos pecados de avareza, era um trono; Belzebu preside aos pecados da idolatria.
     Belzebu é particular e especialmente o príncipe das trevas. É torturado pelas trevas e é por meio das trevas que tortura suas vítimas.
     Uma parte dos demônios fica no inferno; outra reside no ar e outra reside entre os homens, buscando a quem devorar.
     Os que ficam no inferno dão as suas ordens e enviam seus deputados; os que residem no ar agem fisicamente sobre as perturbações atmosféricas e telúricas, lançam por toda parte influências más, empestam o ar física e moralmente.
     O seu escopo é principalmente debilitar a alma. Quando os demônios encarregados na terra veem uma alma debilitada pela influência dos demônios do ar, atacam-na no seu esmorecimento para vencê-la mais facilmente.
     Atacam-na no momento em que ela desconfia da Providência.
(Daí recomendarmos a leitura do “Livro da Confiança” do Abbé Thomas de Saint Laurent, porque quando se desconfia da Providência é a hora em que todas as tentações vêm. Enquanto a pessoa é confiante, a tentação pode vir, mas tem um âmbito restrito.)
     Esta desconfiança de que os demônios do ar são especialmente inspiradores preparam a alma para a queda que os demônios da terra dela vão solicitar.
     A partir do momento em que ela esteja enfraquecida pela desconfiança, inspira-lhe o orgulho, em que ela tanto mais facilmente cai, quanto mais débil se encontre.
     Quando o orgulho lhe tenha aumentado a fraqueza, chegam os demônios da carne que lhe insuflam seu espírito; quando os demônios da carne a enfraqueceram ainda mais, chegam os demônios incumbidos dos crimes de dinheiro.
     E quando este (demônio do dinheiro) tenha nela diminuído mais ainda os recursos da resistência, chegam os demônios da idolatria que completam ou rematam o que os outros começaram. E assim é uma crise espiritual completa.
      Todos se combinam para o mal e aqui se tem a lei da queda: todo pecado no qual se detém ("tout péché que l'on garde..."), arrasta a outro pecado. Assim, a idolatria, a magia e o espiritismo aguardam no fundo do abismo aqueles que de precipício em precipício lhe escorregam nas cercanias.
     Todas as coisas da hierarquia celeste são parodiadas na hierarquia infernal. Nenhum demônio pode tentar uma alma sem licença de Lúcifer. Os demônios que estão no ar ou na terra não sofrem atualmente a pena de fogo, mas aturam outros suplícios terríveis e particularmente à vista do bem que fazem os santos.

Tomando o aspecto de Santo Onofre (sec. IV), que Santa Francisca Romana venerava, o demônio convidou-a para que fosse à sua ermida para afastá-la de sua vocação de fundar a Congregação das Oblatas (afresco no Mosteiro de Tor de'Specchi, de autor desconhecido - 1485)

     Quando Santa Francisca era tentada, sabia - pela natureza e pela violência da tentação - de que altura caíra o anjo tentador e a que hierarquia pertencera, porém, quando uma alma é salva, também o demônio tentador é escarnecido pelos outros demônios. É conduzido perante Lúcifer que lhe inflige um castigo especial, distinto das suas outras torturas.
     Este demônio entra às vezes, em consequência, no corpo de animais ou de homens e então faz-se passar pela alma de um morto. Quando o demônio conseguiu perder uma alma, após a condenação dessa alma, torna-se o tentador de outro homem, porém é mais hábil do que na primeira vez. Aproveita a experiência que lhe deu vitória, é mais hábil e forte para perder.

Devemos pedir a Santa Francisca Romana que ela nos dê discernimento que nos faça compreender como o católico precisa estar preparado para lutar contra essa pluralidade de influências. E nos previna contra uma doutrina errada - e infelizmente tão frequente - de que a tentação do demônio só é aquela que nos leva diretamente para o pecado e que quando não leva para o pecado diretamente, isso não é tentação do demônio. O que prepara o ambiente para o pecado já é tentação do demônio. Então, as perturbações, as cóleras, as agitações, as fermentações da imaginação, facilmente podem ser tentações do demônio e precisamos nos precaver contra elas.
Igreja onde se encontram as relíquias de Sta. Francisca Romana

NOTA: Para maiores detalhes da vida de Santa Francisca Romana, vide neste blog dia 9 de março de 2012.

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