terça-feira, 6 de março de 2018

Santa Rosa de Viterbo, Virgem – 6 de março

    


     A época em que viveu Santa Rosa foi muito conturbada na Itália devido às guerras que o imperador Frederico II movia contra o Papado para apoderar-se dos Estados Pontifícios. Excomungado duas vezes, entretanto ele tomou parte na Sexta Cruzada. Mas Inocêncio IV o destituiu no Concílio de Lião e o papa Gregório IX chegou a chamá-lo de Anticristo.
    Além disso, havia os conflitos civis provocados por duas famílias que disputavam o governo da cidade de Viterbo. Era uma época de grandes confrontos. De um lado surgia São Francisco de Assis, o irmão menor de todos, do outro, o imperador Frederico II, o grande estadista que governava com mão de ferro. Em um extremo, o poder Espiritual, a Igreja, e de outro o mundo, o Imperador.
     Santa Rosa nasceu numa data incerta do ano de 1234, na cidade de Viterbo, então uma comuna contestada dos Estados Pontifícios. Os pais, João e Catarina, eram cristãos fervorosos. A família possuía uma boa propriedade na vizinha Santa Maria de Poggio, vivendo com conforto da agricultura.
     Envolta por antigas tradições e sem dados oficiais que comprovem os fatos narrados, a vida de Rosa foi breve e incomum. Como sua mãe trabalhava para as Irmãs Clarissas do mosteiro da cidade, Rosa recebeu a influência da espiritualidade franciscana ainda muito pequena. Ela era uma criança carismática, possuía dons especiais e um amor incondicional ao Senhor e a Virgem Maria.
     Ela passou sua curta vida como que reclusa na casa do pai e foi incansável no apoio do papado. Apesar de viver em isolamento, Rosa tornou-se conhecida por seus dons místicos de prever o futuro e pelos seus milagres. Um deles foi operado em favor de sua falecida tia materna, quando ela, com apenas três anos de idade, por suas orações obteve sua ressurreição.
     Aos sete anos a menina já se devotava à oração e penitência. No dia 23 de julho de 1247, foi atacada por uma forte febre. De repente, ajoelhou-se em sua cama e balbuciou o nome de Maria, ficou ali por um longo tempo. Então levantou-se e sorriu: estava sem febre. Contou então que a Virgem lhe apareceu e lhe confiara uma missão: visitar as igrejas de São João Batista, Santa Maria do Outeiro e São Francisco. E que depois da Missa fosse pedir sua admissão na Ordem da Penitência de São Francisco, hoje chamada de Ordem Franciscana Secular.
     Admitida na Ordem Terceira, passou a vestir seu hábito, composto de uma simples túnica com uma corda na cintura. Rosa também cumpriu o mandato recebido da Virgem, saindo pelas ruas da cidade alçando um crucifixo e conclamando o povo a pedir perdão por seus pecados e a fazer penitência.
     No ano de 1247 a cidade de Viterbo, fiel ao Papa, caiu nas mãos do imperador Frederico II, um herege, que negava a autoridade do Papa e o poder do Sacerdote de perdoar os pecados e consagrar. Rosa teve uma visão com Cristo que estava com o coração em chamas. Ela não se conteve, saiu pelas ruas pregando com um crucifixo nas mãos. A notícia correu toda cidade, muitos foram estimulados na fé, e vários hereges se converteram. Com suas palavras confundia até os mais preparados. Por isto, representava uma ameaça para as autoridades locais.
     Em janeiro de 1250, Viterbo tomou partido pelo Imperador e revoltou-se contra o Papa. Quando Rosa postou-se vigorosamente ao lado do Sumo Pontífice, ela e sua família foram exiladas, refugiando-se em Soriano Nel Cimino. Lá, no dia 5 de dezembro do mesmo ano, Rosa teve a visão de um anjo que lhe anunciava a morte do Imperador e o apaziguamento da cidade de Viterbo, profecia que se realizou no dia 13 de dezembro.
     Com a morte do imperador, ela podia voltar para Viterbo. Entretanto, passou antes por Vitorchiano, cujos habitantes tinham sido pervertidos por uma famosa bruxa. Consta então que Rosa, para converter esse povo infiel, ficou durante três horas nas chamas de uma fogueira, sem sofrer o menor dano. O milagre foi tão incontestável, que não só a população, mas também a feiticeira se converteu.
     Com a restauração do poder papal em Viterbo no ano seguinte (1251), ela e a família retornam à cidade natal.
     Rosa queria muito ingressar no convento de Santa Maria das Rosas, mas foi recusada, pois não tinha dinheiro para pagar o dote de admissão. Ela submeteu-se humildemente a esse insucesso, que via como vontade de Deus, mas predisse que seria admitida no mosteiro depois de sua morte.
     Os poucos anos de vida que lhe restavam ela os passou na cela que tinha na casa dos pais, onde morreu no dia 6 de março de 1252. No dia 25 de novembro de 1252, o Papa Inocêncio IV, por sua Bula Sic in Sanctis, mandou instaurar oficialmente o processo de canonização de Rosa, nunca terminado.
     No dia 4 de setembro de 1257, o Papa Alexandre IV mandou exumar o corpo de Rosa e, para a surpresa de todos, o corpo foi encontrado intacto, quase como se ela estivesse viva. Originariamente enterrada na igreja paroquial de Santa Maria in Poggio, Alexandre IV ordenou que fosse transladada para o convento das Irmãs Clarissas, a partir de então chamado Mosteiro de Santa Rosa.  Como ela havia predito, foi admitida ali após sua morte.
     No século XV, outro papa, Calixto III, também dá ordens de instaurar um novo processo. Este é iniciado, mas não chegará a terminar, pois o papa, nesse ínterim, faleceu. Curiosamente a canonização de Rosa nunca foi oficializada, mas também nunca foi negada pelos Papas e pela Igreja. O nome de Rosa aparece no Martirológio Romano já a partir de 1583.
     Sua festa antigamente era celebrada no dia 4 de setembro, dia da transladação de suas relíquias para o mosteiro que não a quisera receber. Nesse dia, quando ainda era viva a fé no bom povo de Deus, o corpo incorrupto dessa virgem singular era carregado em procissão desde o santuário dedicado a ela, pelas ruas de Viterbo pelos chamados Facchini di Santa Rosa, num espetáculo monumental. Uma torre de madeira e tecido renovada a cada ano, com uma estampa da Santa, era levada aos ombros por 62 homens.
     Em setembro de 1929, o Papa Pio XI, declarou Santa Rosa de Viterbo a padroeira da Juventude Feminina da Ação Católica Italiana. No Brasil ela é a Padroeira dos Jovens Franciscanos Seculares. Santa Rosa de Viterbo é festejada atualmente no dia de sua morte, mas também pode ser comemorada no dia 4 de setembro, dia do seu translado para o Mosteiro das Clarissas de Viterbo.
     A mensagem de Santa Rosa de Viterbo continua atual, plenamente válida e urgente: conversão, fidelidade ao Evangelho, à Santa Igreja e ao Papado.

Fontes: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola;

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