quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Santa Colete Boylet de Corbie, Reformadora – 7 de fevereiro

     
     A vida e a obra de Santa Colete se situam numa época extremamente tormentosa: a Guerra dos Cem Anos, gerada pelas rivalidades sangrentas entre duas famílias principescas da França; e o Cisma do Ocidente que dividia a Cristandade. Na Ordem franciscana, as dissensões - nascidas já em vida de São Francisco - entre os partidários da regra estrita e os que desejavam mitigações, terminaram com a vitória destes últimos.
     Quanto ao ramo feminino da Ordem, o direito de possuir bens, concedido por Alexandre IV ao mosteiro de Longchamps, próximo de Paris, fundado pela Beata Isabel de França, irmã de São Luís IX, começou a enfraquecer seriamente o "privilégio da pobreza" arduamente defendido por Santa Clara.
     Em 1263, Urbano IV estendeu a regra mitigada a todos os conventos de Clarissas e só raras comunidades guardaram a estrita observância primitiva. Autorização de possuir bens e tolerâncias relativas à clausura levaram à tibieza os conventos "urbanistas".
     É neste contexto que devemos compreender a missão de Santa Colete.
A vocação
     Nicolette Boylet ou Boëllet nasceu em Corbie, diocese de Amiens, França, em 13 de janeiro de 1381. Seus pais, Roberto Boylet e Marguerite Moyon, quase sexagenários, colocaram este nome na menina em sinal de reconhecimento a São Nicolau de Bari pelo seu nascimento. O pai era artista carpinteiro, caridoso e virtuoso; a mãe confessava-se e comungava toda semana, coisa rara naquela época.
     A menina cresceu em um ambiente acolhedor e muito religioso. Aos quatro anos já tinha uma vida de oração; aos sete, fazia uma hora de oração diária e assistia clandestinamente as Matinas cantadas nos beneditinos. Ela dirá mais tarde que aos nove anos recebeu plena e inteira revelação do espírito da Ordem franciscana e da necessidade de sua reforma.
     Em 1399, seus pais faleceram com alguns meses de intervalo um do outro. O pai confiara a filha aos cuidados de D. Raoul de Roye, abade do mosteiro beneditino de Corbie. Este desejava que ela se casasse. Colete recusou-se e acabou obtendo sua permissão para doar seus bens aos pobres e para entrar para a beguinaria (*) de Amiens, onde ficou apenas um ano por achar muito suave a disciplina ali vigente.
     Pelo mesmo motivo fez tentativas frustradas junto às beneditinas de Corbie e no Convento de Moncel, que seguia a regra de Urbano IV.
     Colete retornou a Corbie e seus concidadãos, que anteriormente a admiravam, passaram a desprezá-la porque a consideravam uma instável. Seu tutor começava a se impacientar com seus "caprichos".
     Neste isolamento moral, a Providência colocou o Padre João Pinet em seu caminho. Ele era guardião do convento de Hesdin, fervoroso religioso de São Francisco, intensamente desejoso de fazer reviver a observância primitiva da Ordem. Este religioso aconselhou-a a se fazer reclusa da Terceira da Ordem de São Francisco.
     Em 17 de setembro de 1402, festa dos Estigmas de São Francisco, ela pronunciou o voto de clausura, e passou a viver numa pequena ermida próxima da igreja paroquial de Nossa Senhora, em Corbie. Emparedaram-na entre dois contrafortes da igreja, numa pequeníssima cela que recebia a luz através de uma grade de ferro que dava para a igreja. Ali permaneceu por três anos, jejuando durante a Quaresma a pão e água, dormindo sobre um punhado de gravetos espalhados no chão.
A reformadora
     Em sua reclusão as visões se multiplicaram: por determinação de São Francisco e de Santa Clara, que lhe apareceram, ela devia reformar a Ordem segunda franciscana. Colete temia que tais visões fossem causadas "pelo inimigo do inferno". Ela consultou clérigos de seu meio e todos concordam em que ela devia agir. Após muita relutância, fruto de sua humildade, empreendeu a reforma inspirada por Deus.
     Ela precisava de alguém que a aconselhasse e mais uma vez a Providência vem em seu auxílio: o Padre Henrique de Baume, religioso franciscano de grande virtude, que sofria com a decadência da sua Ordem, tornou-se seu diretor espiritual e seu colaborador zeloso. Ele obtém a adesão da Condessa Branca de Genebra para a causa de Colete. Em Besançon, ele se encontra com Isabeau de Rochechouard, viúva do Barão de Brissay, que o acompanha a Corbie.
     Durante o Cisma havia três papas ao mesmo tempo: um em Roma, outro em Avinhão e o terceiro em Pisa. A França - bem como a Espanha e a Escócia - prestava obediência ao papa de Avinhão, que então era Bento XIII.
     Em 1406, obtida a dispensa do voto de reclusão perpétua, Colete dirigiu-se a Nice, acompanhada do Padre Baume e da Baronesa de Brissay, para se encontrar com Bento XIII. Expõe-lhe detalhadamente seu propósito restaurador.
     Depois de profunda reflexão, Bento XIII impôs-lhe o véu e o cordão seráfico e nomeou-a Superiora Geral de todos os conventos de Clarissas que viesse a fundar ou reformar. Autorizava Colete a transferir para o convento que fosse fundar as religiosas de mosteiros estrangeiros, e acolher eventualmente membros da Ordem Terceira franciscana. Bento XIII expediu a bula autorizando a reforma no dia 16 de outubro de 1406.
     Os católicos viviam na perplexidade e na boa vontade durante esses tormentosos anos do Cisma; estavam do lado que tinham por autêntico, ou que lhes indicavam suas autoridades. Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia estavam com o papa de Roma, enquanto São Vicente Ferrer e Santa Colete estavam com o de Avinhão, concretamente com Bento XIII.
     Não foi fácil para Colete dar andamento aos seus projetos imediatamente. Durante alguns anos suas tentativas de reforma fracassaram. Seu empenho teve o apoio de personagens tão relevantes como a Condessa de Genebra e das duquesas de Borgonha e da Baviera.
     No Franche-Comté, com mais três amigas, que se tornaram suas primeiras filhas, ela se instalou. A comunidade logo cresceu e foi preciso procurar um lugar mais espaçoso. Em 1410, conseguiu finalmente autorização para ocupar o convento de urbanistas de Besançon, onde viviam apenas duas irmãs. A reforma estava assegurada. Àquele convento logo seguiram outros até um total de 17, reformados ou novas fundações.
     Como norma, cada convento devia ter quatro frades a seu serviço. Assim, a dinâmica reformadora sempre mantinha contato com os Gerais Franciscanos. Os Gerais da Ordem, principalmente Antônio de Massa e Guilherme de Casal, aceitaram e confirmaram a bula de 1406. O espírito da reforma coletina se infiltrava sutilmente na Ordem primeira.
     Colete precisava criar as Constituições para reger tão numerosas fundações. Em 1430, ela redigiu um texto - conhecido como Sentimentos de Santa Colete - que foi remanejado em 1432 e aprovado em 28 de setembro de 1434 por Frei Guilherme de Casal. Este havia submetido o texto a dois cardeais e alguns outros teólogos, que deram sua aprovação.
     Quanto ao ramo masculino, Santa Colete não tinha evidentemente jurisdição sobre a Ordem primeira, mas ela exerceu uma forte influência espiritual nela e conseguiu a adesão de alguns conventos masculinos à sua reforma. Segundo uma estimativa mais provável, em 1447, data da morte da Santa, a sua reforma contava com 17 conventos femininos e 7 masculinos.
     A reforma coletina estendeu-se rapidamente pela França, Espanha, Flandres e Saboia. Sob o impulso renovador de Santa Colete, os franciscanos voltaram a praticar aquilo que São Francisco havia querido para sua Ordem: vida de pobreza sem mitigações, vida austera, intensa oração pessoal e comunitária, e muita oração e penitência pela unidade da Igreja, então dividida pelo Cisma.
     Nos dias atuais, os conventos de "coletinas" são cerca de 140, a maior parte na Europa, embora haja alguns também na América, Ásia e África.
     A piedade de Colete, notável desde a infância, cresceu e a conduziu a um tal grau de união com Deus, que os êxtases tornaram-se contínuos. Por vezes, eles duravam vários dias. Ao redor dessa intensa vida mística, que a ação não obstava, gravitavam fenômenos tais como: levitação; eflúvios odoríferos que emanavam não somente da pessoa de Colete, mas das coisas que ela tocava; conhecimento das consciências; o estado das almas do Purgatório; dons de profecia.
     Santa Colete era de uma pureza requintada, e seu amor por esta virtude se manifestava por seu pendor irresistível pelas almas puras, as crianças também a atraiam, e mesmo os animais cuja aparência simbolizavam a pureza, como as rolas e os cordeiros.
     Ela protagonizou inúmeros milagres que favoreciam suas fundações: na reforma de Hesdin, recebeu uma soma de quinhentos escudos de ouro, de origem celeste; em Poligny, descoberta de água potável; a provisão de trigo de Auxonne não diminuía e possibilitava as religiosas reparti-lo com os frades de Dôle; um tonel de vinho encheu-se sob a ação das preces de Colete, e muitos outros fatos relatados em seu processo de canonização.
     Verdadeira filha da Igreja, ele sofria com o Cisma que dilacerava sua unidade, e trabalhou denodadamente com São Vicente Ferrer pela extinção do Cisma.
     Coleta era também filha da França. As nobres casas conflitantes, Armagnacs (partido do Duque d'Orleans) e Bourguignons (partido do Duque de Bourgogne), a chamaram para fundar conventos em seus domínios. Segundo depoimentos, ela certa vez conseguiu dissuadi-los de lutar. Apesar das tensões, Colete foi respeitada por ambas e pode continuar sua obra.
     Santa Colete viajou muito, operou numerosos milagres, suportou sofrimentos de toda a espécie. Ela foi uma mulher extraordinária que soube obter a colaboração de papas, frades, príncipes, duques para a sua obra. Santa Colete morreu em Gand, Bélgica, no dia 6 de março de 1447. As marcas de sua própria doença e do sofrimento desapareceram. Seu corpo tornou-se belo, com uma pele branca como a neve, membros flexíveis e exalando um celestial perfume. Como era seu desejo, o corpo foi sepultado direto na terra. Numeroso foi o público que compareceu às suas exéquias, atraídos por sua fama de virtude e pelos fatos maravilhosos que narravam sobre ela.
     O processo de sua canonização iniciou poucos anos após sua morte, em 1472, mas somente se tornaria realidade anos depois. O processo relata, além dos fatos mencionados, curas operadas em pessoas de suas comunidades e cinco casos de ressurreição. Colete foi beatificada em 23 de janeiro de 1740. Porém, ela só foi canonizada em 24 de maio de 1807, sob o pontificado de Pio VII.
     No Martirológio Romano Santa Coleta é festejada no dia 6 de março; os Franciscanos Capuchinhos a celebram no dia 7 de fevereiro.
 
Túmulo de Santa Colete em Gand, Bélgica
(*) Beguinaria: convento onde vivem religiosas sem pronunciar votos, cada qual ocupando o seu aposento à parte. Beguina é o nome dado a essas religiosas nos Países Baixos e na Bélgica.

Etimologia: Colete, ou Colette, abreviação de Nicolette, feminino de Nicolet, em português Nicolau, do grego Nikólaos: “vencedor (niko) do povo (laos)”.

Fontes:
http://www.santiebeati.it/dettaglio/44050
“Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

Postado neste blog em 6 de março de 2015

Um comentário:

  1. A vida pode ser complicada e acredite em mim, a vida jogou muitos truques em mim, nunca acredito em vodu ou feitiço, embora tenha lido alguns livros sobre eles. Um homem especial chamado Dr. Ajayi prova para mim que o lançamento de vodu / feitiço é real e existe. Meu nome é Sarah e tenho 45 anos, com três filhos e um homem amoroso como marido. por 8 bons meses eu estava em uma condição deprimida porque meu marido acordou certa manhã e saiu de casa com algumas de suas roupas sem nenhuma explicação; esperei que ele voltasse para casa naquele dia, mas ele não estava onde encontrá-lo. ligou e disse que ele não estava mais interessado em nosso casamento novamente ou nos filhos, isso me arrepiou e fiquei em choque porque não consigo me lembrar de ter nenhum problema, depois descobri que ele estava com outra mulher, todas as conversas e o esforço para fazê-lo voltar para casa foi um fracasso, ele se comporta como se nunca tivesse me conhecido antes. Eu estava lendo um artigo em um site quando vi o testemunho de uma mulher que afirma que o Dr. Ajayi a ajudou a resolver os problemas de sua família e ela abandonou o contato dele. Peguei o contato e enviei uma mensagem ao lançador de feitiços Dr. Ajayi, expalerei meus problemas para ele, ele disse que não deveria me preocupar que tudo vai ficar bem. Tenho dúvidas, mas decidi tentar. Foi-me dito algumas coisas para fazer, o que eu fiz, você sabe que 3 dias após o lançamento do feitiço em uma manhã, ouvi uma batida na porta, era meu marido do lado de fora, ele disse que não sabia o que estava fazendo e nem me lembro há quanto tempo está fora de casa, estou muito feliz em receber meu marido de volta e tudo graças, Dr. Ajayi, o lançador de feitiços, desde que o contatei, minha vida está indo bem e quero pessoas por aí passando por minha condição anterior para obter uma ajuda rápida, é por isso que estou compartilhando meu testemunho. Portanto, se você estiver passando por algum tipo de dificuldade na vida, entre em contato com o Dr. Ajayi por e-mail: drajayi1990@gmail.com ou Whatsapp: +2347084887094 e ficará feliz por ter conseguido.

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