quinta-feira, 7 de julho de 2016

Santa Maria Goretti, Virgem e mártir da pureza

    
Nesta foto única da Santa, ela aparece ao lado de seus familiares:
a mãe e os irmãos menores (é a jovem à direita)
     Maria era a terceira de sete filhos de uma família pobre de bens terrenos, mas rica em fé e virtudes, cultivadas por meio da oração em comum, do terço rezado todos os dias, e aos domingos, Missa e Sagrada Comunhão. No dia seguinte a seu nascimento, foi batizada e consagrada à Virgem. Aos seis anos recebeu o Sacramento da Confirmação.
     Depois do nascimento de seu quarto filho, Luigi Goretti, pai de Maria, pela dura crise econômica que enfrentava, decidiu emigrar com sua família às grandes planícies dos campos romanos, ainda insalubres naquela época.
     Instalou-se em Ferriere di Conca, colocando-se a serviço do Conde Mazzoleni; neste lugar Maria mostra claramente uma inteligência e uma maturidade precoce, onde não existia nenhum pingo de capricho, nem de desobediência, nem de mentira. É realmente o anjo da família.
     Após um ano de trabalho esgotante, Luigi contraiu uma doença fulminante, a malária, que o levou à morte depois de padecer por dez dias. Como consequência da morte de Luigi, Assunta, a mãe de Maria, teve que trabalhar deixando a casa a cargo dos irmãos mais velhos. Maria frequentemente chorava a morte de seu pai, e aproveita qualquer ocasião para ajoelhar-se diante de sua tumba, para elevar a Deus suas preces para que seu pai goze da glória divina.
     Além da tarefa de cuidar de seus irmãos menores, Maria segue rezando e assistindo a seu curso de catecismo. Posteriormente, sua mãe contará que o terço lhe era necessário e, de fato, o levava sempre enrolado em volta do pulso. Assim como a contemplação do crucifixo, que foi para Maria uma fonte onde se nutria de um intenso amor de Deus e de um profundo horror pelo pecado.
     Maria desde muito pequena ansiava receber a Sagrada Eucaristia. Segundo era costume na época, deveria esperar até os onze anos, mas um dia perguntou a sua mãe:
     – Mamãe, quando tomarei a Comunhão? Quero Jesus.
     – Como vai tomá-la, se não sabes o catecismo? Além disso, não sabes ler, não temos dinheiro para comprar o vestido, os sapatos e o véu, e não temos nem um momento livre.
     – Pois assim nunca tomarei a Comunhão, mamãe! E eu não posso estar sem Jesus!
     – E o que queres que eu faça? Não posso deixar que comungues como uma pequena ignorante.
     Diante destas condições, Maria começou a se preparar com ajuda de uma pessoa do lugar, e todo o povo a ajuda dando-lhe a roupa da comunhão. Desta maneira, recebeu a Eucaristia em 29 de maio de 1902.
     A comunhão constante acrescenta nela o amor pela pureza e a anima a tomar a resolução de conservar essa angélica virtude a todo custo. Um dia, após ter escutado um intercâmbio de frases desonestas entre um rapaz e uma de suas companheiras, diz com indignação à sua mãe:
     – Mamãe, que mal havia nessa menina!
     – Procura não tomar parte nunca nestas conversações.
     – Não quero nem pensar, mamãe; antes que fazê-lo, preferiria... E a palavra morrer fica entre seus lábios. Um mês depois, ocorre o que ela sentenciou.
     Ao entrar a serviço do Conde Mazzoleni, Luigi Goretti havia se associado com Giovanni Serenelli e seu filho Alessandro. As duas famílias vivem em quartos separados, mas a cozinha era comum. Luigi se arrependeu em seguida daquela união com Giovanni Serenelli, pessoa muito diferente dos seus, bebedor e carente de discrição em suas palavras.
     Depois da morte de Luigi, Assunta e seus filhos haviam caído sob o jugo despótico dos Serenelli, Maria, que compreendeu a situação, esforça-se para apoiar sua mãe. Desde a morte de seu marido, Assunta sempre esteve no campo e nem sequer tem tempo de ocupar-se da casa, nem da instrução religiosa dos menores.
     Maria se encarrega de tudo na medida do possível. Durante as refeições, não se senta à mesa até que todos estejam servidos, e para ela serve as sobras. Sua obsequiosidade se estende igualmente aos Serenelli. Por sua vez, Giovanni, cuja esposa havia falecido no hospital psiquiátrico de Ancona, não se preocupa em nada com seu filho Alessandro, jovem robusto de dezenove anos, grosseiro e vicioso, que gostava de cobrir seu quarto com imagens obscenas e ler livros indecentes.
     Em seu leito de morte, Luigi Goretti havia pressentido o perigo que a companhia dos Serenelli representava para seus filhos, e havia repetido sem cessar à sua esposa: – Assunta, volte para Corinaldo! Infelizmente Assunta está endividada e comprometida por um contrato de arrendamento.
     Depois de ter maior contato com a família Goretti, Alessandro começou a fazer proposições desonestas à inocente Maria, que em um princípio não compreende.
     Mais tarde, ao adivinhar as intenções perversas do rapaz, a jovem está de sobreaviso e rejeita a adulação e as ameaças. Suplica à sua mãe que não deixe sozinha na casa, mas não se atreve a explicar-lhe claramente as causas de seu pânico, pois Alessandro a havia ameaçado: – Se contar algo a tua mãe, te mato. Seu único recurso é a oração.
     Na véspera de sua morte, Maria pede novamente chorando à sua mãe que não a deixe sozinha, mas, ao não receber mais explicações, esta o considera um capricho e não dá nenhuma importância àquela reiterada súplica.
     No dia 5 de julho, a uns quarenta metros da casa, estão debulhando as favas na terra. Alessandro leva um carro puxado por bois. O faz girar uma e outra vez sobre as favas estendidas no chão. Às três da tarde, no momento em que Maria se encontra sozinha em casa, Alessandro entra e a ameaça de morte se ela não fizesse o que ele mandava. A intenção do rapaz era estuprá-la, porém, ela não se submeteu, ajoelhou-se, protestando que seria um pecado mortal e avisando Alessandro que poderia ir para o Inferno.
     Ela lutou para evitar o estupro, gritava: "Não! É um pecado! Deus não gosta disto!" Alessandro primeiro tentou controlá-la, mas como ela insistia que preferia morrer, ele a apunhalou 11 vezes. Pensando que estava morta, o assassino atira a faca e abre a porta para fugir, mas ao escutá-la gemer de novo, volta sobre seus passos, pega a arma e a atravessa outra vez de parte a parte; depois, sobe e se tranca em seu quarto.
     Ao chegar ao hospital, os médicos se surpreenderam que a menina ainda não havia sucumbido a seus ferimentos, pois alcançou o pericárdio, o coração, o pulmão esquerdo, o diafragma e o intestino. Ao diagnosticar que não tem cura, chamaram o capelão. Maria se confessa com toda clareza. Em seguida, durante duas horas, os médicos cuidaram dela sem adormecê-la.
     Maria não se lamenta, e não deixa de rezar e de oferecer seus sofrimentos à santíssima Virgem, Mãe das Dores. Sua mãe conseguiu que lhe permitam permanecer à cabeceira da cama. Maria ainda tem forças para consolá-la: – Mamãe, querida mamãe, agora estou bem... Como estão meus irmãos e irmãs?
     O sacerdote também está a seu lado, assistindo-a paternalmente. No momento de lhe dar a Sagrada Comunhão, perguntou-lhe: – Maria, perdoa de todo coração teu assassino? Ela respondeu: – Sim, perdoo pelo amor de Jesus, e quero que ele também venha comigo ao paraíso. Quero que esteja a meu lado... Que Deus o perdoe, porque eu já o perdoei.
     Passando por momentos análogos pelos quais passou o Senhor Jesus na Cruz, Maria recebeu a Eucaristia e a Extrema unção, serena, tranquila, humilde no heroísmo de sua vitória.
     Depois de breves momentos, escutam-na dizer: "Papai". Finalmente, Maria entra na glória da Comunhão com Deus amor. É o dia 6 de julho de 1902, às três horas da tarde.
*
     No Natal de 1937, Alessandro dirigiu-se a Corinaldo, lugar onde Assunta Goretti havia se retirado com seus filhos. E vai simplesmente para fazer reparação e pedir perdão à mãe de sua vítima. Diante dela, pergunta-lhe chorando. – Assunta, podes me perdoar? – Se Maria te perdoou -balbucia-, como eu não vou te perdoar? No mesmo dia de Natal, os habitantes de Corinaldo ficam surpresos e emocionados ao ver aproximar-se à mesa da Eucaristia, um ao lado do outro, Alessandro e Assunta.

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