segunda-feira, 11 de julho de 2016

Santa Verônica e a Sagrada Face - 12 de julho

    
     Poucas legendas cristãs são tão conhecidas e estimadas como a de Santa Verônica. Nela se diz que Verônica limpou compassivamente o rosto de Jesus, quando o Senhor caiu sob o peso da cruz em sua caminhada para o Calvário. A sua popularidade não tem nada de estranho, pois toca uma fibra muito íntima do coração dos católicos. Por outro lado, uma versão da legenda, que diz que Verônica era esposa de um oficial romano, constitui um exemplo comovedor de desprezo ao respeito humano.
     Segundo uma das versões mais populares no Ocidente, Verônica transladou-se para Roma após a morte de Cristo e curou o imperador Tibério com a preciosa relíquia; por ocasião de sua morte, a santa legou o véu ao Papa São Clemente. Uma versão francesa da legenda identificou Verônica como a esposa de Zaqueu (Luc. 19:2-10). Quando este abraçou a vida eremítica com o nome de Amadour ou Rocamadour, Verônica foi evangelizar o sul da França.
     Outras versões a identificam com Marta, com a filha da cananeia (Mat. 15:22-28), com uma princesa de Edessa e com a esposa de um oficial galo-romano. A versão mais antiga é a de um suplemento latino das Actas de Pilato ou Evangelho de Nicodemos. O documento data do século IV ou V, porem o suplemento é posterior. O nome latino do suplemento é Cura Sanitatis Tiberii ("a Cura de Tibério").  Nele se identifica Verônica com a mulher que padecia de fluxo de sangue (Mat. 9:20-22). A mesma identidade se lhe atribui em outros documentos.
     Também há muita especulação sobre o nome de Verônica. Por exemplo, a imagem do véu de Verônica era conhecida como a do Homem da “vera icon” (imagem verdadeira) e isto resultou no nome da santa.
     Nenhum dos mais antigos martirológios menciona Santa Verônica, tão pouco o atual Martirológio Romano a comemora. São Carlos Borromeo suprimiu sua festa e seu ofício na diocese de Milão.
     No início do século XV, quando começa a ser introduzida a forma atual da devoção da Via Sacra, se falava em Jerusalém da casa de Santa Verônica; porém, a estação da Via Sacra que se refere à santa só foi se introduzindo pouco a pouco. Por exemplo, tal estação não existia em 1799.
     É muito provável que uma mulher compassiva tenha enxugado realmente o rosto do Senhor a caminho do Calvário, e os cristãos fazem bem em meditar sobre isto e em honrar a memória desta mulher.
     A Encyclopaedia Britannica diz o seguinte sobre Verônica: “Eusébio conta como em Cesareia de Filipe vivia uma mulher a quem Cristo havia curado de um problema de hemorragia (Mt 9:20-22). A história não demorou em lhe dar um nome. No Ocidente foi identificada com Marta de Betânia. No Oriente ela foi chamada de Berenike, ou Beronike, o nome aparecendo em obras tão antigas quanto os ‘Atos de Pilatos’, cuja primeira versão é do século IV d.C. É interessante notar que a derivação do nome Verônica das palavras Vera e Icon (eikon) também é antiga e aparece em ‘Otia Imperialia’ (iii, 25) de Gervásio de Tilbury (fl. 1211), que diz: ‘Est ergo Veronica pictura Domini vera’”.
     Na Basílica de São Pedro de Roma se conserva o véu original, porém é impossível garantir sua autenticidade. Na época de Dante e de Petrarca era muito grande a devoção a este véu. Segundo consta, dita relíquia, em que já quase não se distingue a Santa Face, está em São Pedro desde o tempo do Papa João VII (705-707).
     Há em santuários e museus da Europa diversos véus que reclamam a honra de terem recebido a impressão do rosto de Nosso Senhor durante a Via do Calvário. Destas, vamos nos limitar àquelas que, além de possuírem aprovações eclesiásticas, foram objeto de severos exames científicos que sugerem poderosamente a sua autenticidade. 
- Uma imagem conservada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, mas esta imagem praticamente desapareceu do tecido. 
- Uma imagem conservada  no Mosteiro dos Santos Cosme e Damião de Tagliacozzo (Itália), provavelmente cópia do véu guardado em São Pedro.
- Uma imagem conservada na Capela Matilde, em Vaticano.
- Uma imagem conservada no Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, Áustria, que guardaria também o Santo Graal. 
- Uma imagem conservada no Mosteiro da Santa Face em Alicante, Espanha.
- Uma imagem conservada na igreja de São Bartolomeu dos Armênios, em Gênova.
- Mas, certamente, os que impressionam são o Véu de Manopello e o Sudário de Oviedo.
     Durante muitos anos o Vaticano fez cópias do Véu da Verônica, as quais foram enviadas a igrejas ou a príncipes católicos. É por isso que em igrejas e museus de diversas cidades europeias se encontram algumas reproduções tidas como autênticas do “Véu da Verônica”.
     Mas, em 1616, o Papa Paulo V (1552-1621) proibiu a confecção de novas cópias. E o Papa Urbano VIII (1623-1644) renovou a proibição acrescida de excomunhão, além de ordenar a destruição de todas as cópias então existentes.
     Em 1844, a Beata Madre Maria Pierina de Michelli relatou ter visto Santa Verônica limpando com seu véu os escarros e a poeira da face de Jesus no caminho do Calvário. Ela afirmou que os atos sacrílegos e blasfemos de hoje adicionam escarros e poeira no rosto de Jesus, que lhe teria pedido a devoção a sua Face Sagrada como reparação comparável ao ato de Verônica. Ela recebeu mensagens de Nossa Senhora e do próprio Jesus para propagar a devoção a Sagrada Face e ao uso de sua Medalha. Em 15 de março de 1957, o Papa Pio XII aprovou a propagação da medalha e a festa, na Itália.
     Uma grande devota e propagadora dessa devoção é Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.
     Em agosto de 1895, compôs seu "Cântico à Santa Face" e também compôs a "Oração da Santa Face para pecadores": “Pai Eterno, uma vez Tu me destes como minha herança a adorável Face de Teu Filho Divino, eu ofereço esta Face a Ti e Te imploro, em troca desta moeda de valor infinito, que perdoes a ingratidão das almas dedicadas a Ti e que perdoes todos os pobres pecadores".
     São Pio X mandou dizer às Carmelitas de Lisieux, pelo Cardeal Gennari: “que esta imagem seja distribuída profusamente por todas as partes e que seja venerada em todas as famílias cristãs. Recomenda Sua Santidade a propagação de seu culto particularmente aos Excelentíssimos Senhores Bispos como a todos os Eclesiásticos e abençoa especialmente todos aqueles que se tornam seus propagadores”. Recomendou a propagação de seu culto particularmente aos Bispos e Superiores Religiosos (4/6/1906).

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