Porta do Batistério de Florença |
Os Rucellai eram mercadores que haviam feito fortuna sobretudo com o tingimento de tecidos. Conservaram zelosamente o segredo - descoberto casualmente, em circunstâncias impensadas, para não dizer embaraçosas - para obter aquela bela cor violeta, chamada precisamente "oricello" (*).
Em Florença, a família Rucellai foi por
gerações uma das casas mais ilustres e magníficas da cidade. Pode-se dizer que
um bairro inteiro, o de Santa Maria Novella, estava sob o patronato dos
Rucellai, cujo escudo estava em muitos monumentos, símbolo da altivez e
sinônimo de opulência. Ele continha a forma de uma vela inflada pelo vento da
fortuna propícia.
Nossa Beata recebera o nome de Camila no
batismo e havia nascido na nobre família dos Bartolini. Adolescente, contraiu
matrimônio com Rodolfo Rucellai, e foi viver no esplêndido palácio albertino
dos afortunados tintureiros.
Quando tinha uns trinta anos, a palavra do
frade dominicano Jerônimo Savonarola a tirou dos cuidados mundanos, acendendo
nela o fogo da mais profunda e sofrida espiritualidade.
Rodolfo também foi influenciado pelas
proféticas orações do pregador, e decidiu, um pouco precipitadamente, deixar
sua esposa, que não tinha tido filhos, para vestir o hábito dominicano no
Convento de São Marcos.
Camila aceitou a decisão do marido e tornou-se
terciária de Santo Domingo. Depois de poucos meses, Rodolfo Rucellai, mais
impulsivo, porém não tão forte quanto a esposa, se cansou do estado religioso e
regressou ao mundo, tratando de convencer a esposa a fazer o mesmo. Ela se opôs
com inesperada tenacidade. Ela de fato havia encontrado em seu novo estado uma
tal riqueza espiritual que não podia comparar com as adulações do mundo.
Palácio Rucellai, Florença |
Rodolfo Rucellai morreu pouco tempo depois
e Camila, religiosa com o nome de Lúcia, permaneceu no convento das terciárias
dominicanas, promovendo a fundação de uma nova casa com o nome de Santa
Catarina de Siena.
Depois da trágica morte do frei Jerônimo
Savonarola, queimado como herege na Praça de la Signoria, no mês de maio de
1498, Lúcia Bartolini Rucellai foi dirigente sábia e rigorosa do convento
florentino de Santa Catarina, na qualidade de priora, obtendo para suas monjas
terceiras a permissão de emitir os três votos e mais tarde obteve a autorização
de vestir o hábito das religiosas da Ordem Segunda de São Domingos.
Mortificada, penitente, severíssima
consigo mesma, Lúcia rezava com tanto fervor que, se dizia, o Convento de Santa
Catarina aparecia coroado de chamas quando ela estava rezando. Apenas faleceu,
no ano 1520, depois de uma enfermidade serenamente aceita, a aureola de Beata
tornou-se a glória mais preciosa da riquíssima família Rucellai.
Ela é festejada no dia 22 de outubro.
Fonte:
www.santiebeati.it/
(*) O ‘oricello’ é um corante obtido a
partir de várias espécies de líquenes de Roccella tipo em várias partes da
África Oriental, dele Canarie, América. O oricello foi amplamente utilizado no
passado para tingir de lã roxa e seda e foi um bem que muitas vezes foi
cultivado em especial Oricellari Orti valorizado. No período colonial foi
recolhido e comercializado por uma companhia especial que operam na Somália
italiana. Nome de algumas variedades de liquens a partir da qual é extraído um
corante vermelho-púrpura substância corante extraído a partir destes líquenes.
Alguém tem a novena a Santa Lúcia?
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