Parece que suas nove irmãs seguiram a mais
velha na vocação religiosa. Um relato moderno diz “que é possível que alguns dos nomes de irmãs tenham sido dados a
companheiras de Renfrida por ter abraçado a vida religiosa com as outras”.
Os pais, que se alegraram com esta decisão
comum de suas filhas, “fundaram e
edificaram, em 764 (754 ou 774) uma igreja e um claustro dedicados a Virgem
Maria, em um local de seu condado chamado Denaing”, e também uma outra
igreja dedicada à São Martinho, para os habitantes da região.
Documentos antigos são ainda inéditos, por
exemplo, o manuscrito de Jean d’Arleux no. 880 da biblioteca de Cambrai e as
obras de Wauchier de Denain do século XIII, e poderão esclarecer ainda mais
todo o itinerário desta cidade, da Abadia e, consequentemente, a história de
seus ilustres Santos.
Está escrito que “este local próximo ao rio L’Escaut, muito aprazível e bastante
conveniente, deleitável, com belos prados, rico de boas terras, fecundas de
bosques e a floresta que existe aí embeleza a região. Este local é chamado
Denaing desde antigamente”. É certo que o vilarejo existia antes da
construção do mosteiro (300 a 400 habitantes), mas foi graças às monjas que Denain
entrou para a História.
A Igreja de São Martinho existe ainda hoje.
A igreja das religiosas de Santa Maria localizava-se em parte na atual Praça
Wilson, os fundamentos foram encontrados em 1924, mas infelizmente não foram
preservados.
O mosteiro ficava entre o presbitério de
São Martinho e o castelo Le Bret (um dos últimos vestígios da abadia com as
casas da rua levando ao castelo – talvez as mais antigas cavalariças, e comuns
ao castelo – e também o pavilhão da rua da pirâmide hoje abandonado).
Esta região foi evangelizada inicialmente
por pregadores itinerantes: São Martinho, São Saulve, São Amando e também por
monges irlandeses. Uma segunda evangelização foi feita em seguida por
habitantes da região: Santa Aldegunda (Maubeuge), Santa Maxelenda (Caudry),
Santa Fara (Bruay sur l’Escaut), Santa Renfrida (Denain). Toda esta história
religiosa se estende por vários séculos: do século VI à época carolíngia
(750-850).
Muito se tem falado sobre uma viagem à
Roma e à Jerusalém levada a cabo “sob boa escolta” por Renfrida e suas irmãs. É
certo que as peregrinações por devoção aos Lugares Santos eram muito comuns na
época; é dito que foi a mãe, Santa Regina, que incentivou suas filhas a fazer
esta viagem, cheia de perigos.
Em Roma, cinco irmãs decidiram ir a Terra
Santa – Jerusalém, Belém e Nazaré – e não retornaram. As outras também morreram
na cidade de Roma e Renfrida voltou sozinha para Denain. Ela encontrou sua mãe desolada
por ter suas filhas longe e neste meio tempo havia perdido seu esposo, o conde
Adalberto *, que, dizem, morreu de desgosto pela perda de suas filhas.
Parece que durante a ausência de Renfrida
jovens ingressaram no mosteiro. Foi Santa Regina que as acolheu e por isso ela
é considerada como a primeira abadessa e é representada com a coroa real e o
báculo de abadessa.
Quando Renfrida retornou a Denain, Regina
se retirou em uma cela, que ela havia mandado construir, para ali se consagrar
à contemplação e à oração.
É dito também que Renfrida dirigiu o
mosteiro durante 25 anos e que ela morreu em 805 (ou 775, 791, 800). Ela foi
sepultada na igreja entre o pai e a mãe. Em 1793 as sepulturas de Regina, Adalberto
e Renfrida ainda eram visíveis na igreja de Denain.
Renfrida, considerada fundadora da Abadia
de Denain, com a ajuda de sua mãe, Santa Regina, é celebrada na diocese de
Cambrai. Ela também é patrona de duas paróquias da diocese de Namur (Bélgica).
Santa Renfrida foi venerada, amada e
invocada durante os mil anos de existência do ilustre capítulo das Cônegas de
Denain. Ela também foi venerada pelos habitantes de Denain e pelas regiões
vizinhas devido à reputação do mosteiro.
Os
três relicários contendo relíquias de Renfrida, Regina e Adalberto eram levados
em procissões solenes, especialmente na cidade de Valenciennes. Os
anais dos Bollandistas (volume IV, de outubro) lembram que há muitas
comprovações litúrgicas do culto de Santa Renfrida que remontam ao século IX.
Santa
Renfrida continua sendo a Padroeira de Denain. Há séculos ela é
venerada por uma multidão de peregrinos, que veem implorar sua intercessão
junto ao Senhor, para curá-los de alguma doença dos olhos. Para isto, a Fonte
de Santa Renfrida é procurada por suas águas milagrosas.
Há
uma paróquia dedicada a Santa Renfrida em Hönnepel, Alemanha; outra em Oret, ao
sul de Charleroi, na Bélgica; e ainda outra em Pry, França.
Em
2005, todas estas paróquias, comemoraram os 1200 anos do falecimento de Santa
Renfrida. Em Denain, ela foi mais especialmente lembrada.
O Martirológio Romano a festeja no dia 8
de outubro.
*
Adelberto II de Ostrevent († 790), ou Santo Adalberto, esposo de Santa Regina,
além de Renfrida foi pai do rei Pepino. Ele é festejado em 22 de abril.
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