sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Santa Bertila, Abadessa de Chelles - 5 de novembro

     
     Santa Bertila, nascida na região de Soissons, uma das dirigidas de Santo Ouen, bispo de Ruão, foi a primeira abadessa de Chelles.
     Bertila, nascida em 630, de pais nobres e piedosos, não sentia satisfação com a vida fútil só de folguedos e festas. Com o passar dos anos, aumentou essa insatisfação e a certeza de que não encontraria a felicidade nos prazeres que o mundo oferecia, nas aldeias e nos palácios. Dizia sempre que sua vida estava destinada à caridade e à humildade a serviço de Deus. E assim aconteceu.
     No início da adolescência, a seu pedido e com aprovação dos pais, ingressou no mosteiro beneditino de Jouarre, próximo de Paris. Assim, bem jovem, já vivia sob a regra de São Columbano, no mosteiro de Jouarre, perto de Meaux, que fora fundado entre 658 e 660. Sob a abadessa Teodequiles, Bertila foi uma das melhores monjas da fundação.
    Quando a Rainha Batilda, esposa do rei Clóvis II, decidiu organizar um mosteiro em Chelles, recorreu a Jouarre, e Bertila foi encarregada de presidir os trabalhos da nova casa. Ali, mais tarde, a própria soberana passou o resto da vida, submissa à doce abadessa. Santa Batilda faleceu em 680, e Bertila trinta e três anos depois, isto é, em 713.
     Um dia, quando Santa Bertila ainda vivia no mosteiro de Jouarre, conta-se que uma irmã, depois de lhe falar com ira, faleceu. A Santa tremeu. O que aconteceria àquela alma que assim se fora toda em cólera contra ela? Achegou-se, depois de muita mortificação, ao lado do cadáver, e pousou, delicadamente sobre o peito da morta, uma das mãos, e rogou a Nosso Senhor que não a deixasse ir antes dum perdão formal.
     No mesmo instante, a irmã abriu os olhos e fitou a companheira. Perguntou:
     - Por que me fizeste voltar do caminho tão brilhante que se me estendia pela frente? Que fizeste, irmã?
     Bertila, humildemente, rogou-lhe que não se fosse sem que a perdoasse; que se esquecesse do acontecido entre ambas.
     - Que Deus te dê indulgência, disse então a irmã. Não guardei qualquer rancor de ti. Pelo contrário, amo-te muito, e quero convidar-te que peças a Deus por mim. Agora, deixa-me partir em paz, não me retardes mais, porque o brilhante caminho está perto. Sem tua permissão, não o ganharei.
     Santa Bertila respondeu:
     - Vai, então. Vai na paz de Nosso Senhor e roga por mim, doce e amável irmã.
     A outra fechou os olhos e deixou de viver.
     O fervor que Bertila transmitia na piedade e caridade contagiou todas as religiosas. A fama de celeiro de santidades do mosteiro ganhou as cortes de toda Europa. E os pedidos para ingressar no Mosteiro de Chelles começaram a chegar de todos os lugares. Eram dezenas e mais dezenas de mulheres que queriam seguir o exemplo de humildade da abadessa Bertila, abandonando a nobreza para dedicar a vida à penitência, oração e caridade, aos pobres e doentes abandonados.
     Assim, no Mosteiro de Chelles ingressaram várias princesas e rainhas. Até mesmo a sua fundadora, Rainha Batilda, que, influenciada pela jovem abadessa, trocou a coroa pelo hábito beneditino.
     A incansável santa Bertila, como era chamada por todos ainda em vida, dirigiu a instituição por quarenta e seis anos, até morrer em 5 de novembro de 705. O seu corpo foi sepultado no cemitério do mosteiro, local que logo se tornou rota de peregrinação dos fiéis, desejosos de agradecer a intercessão da querida santa.
     Mais tarde, o culto e a festa de Santa Bertila foram confirmados pela Igreja; ela é festejada no dia de sua morte. As suas relíquias, hoje, estão guardadas na bela Catedral de Chelles.



Fontes: Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIX, p. 205-206;

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