segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa — 27 de novembro

(continuação)

A firmeza inquebrantável de Santa Catarina Labouré na defesa do verdadeiro simbolismo da Medalha Milagrosa

Prudência humana e ousadia dos Santos
     Resta saber por que o Pe. Aladel procedeu daquela maneira, rechaçando as reiteradas insistências da vidente.
     Ao que parece, ele receava ter complicações com a Sagrada Congregação dos Ritos, cujas normas em matéria de iconografia eram então muito estritas, preferindo ater-se aos modelos já consagrados pelo uso. O receio não era de todo infundado ­seja dito como atenuante, em defesa do Pe. Aladel —, conforme depois se comprovou no episódio da Virgem do Globo, resolvido apenas com a intervenção pessoal de Leão XIII, segundo acaba de ser dito.
     Faltava, porém ao Pe. Aladel a ousadia dos santos. “Ide a Roma, obtereis mais do que pedirdes”, dizia a Irmã Catarina Labouré. (11) Previsão que se cumpriu ao pé da letra, após a sua morte.
    O Pe. Aladel deveria ter tido em mente que se Nossa Senhora ordenou cunhar a Medalha de uma forma e não de outra, Ela haveria de dispor as coisas para que viessem de Roma as aprovações necessárias.
     Enfim, Nossa Senhora aceitou a Medalha conforme foi feita, e inundou o mundo com o oceano de graças de todos conhecido [vide no final relatos de algumas graças obtidas em nossa Pátria]. Cabe, entretanto perguntar se tais graças não poderiam ter sido maiores. Esta era a opinião pessoal de Santa Catarina Labouré, para quem as sucessivas recusas do Pe. Aladel redundavam em vocações menos numerosas para as duas famílias religiosas fundadas por São Vicente de Paulo: os Padres da Missão (lazaristas) e as Filhas da Caridade. (12)
    Considerando o conjunto das revelações com que foi favorecida Santa Catarina Labouré — as visões do coração de São Vicente de Paulo, a de Cristo-Rei despojado de suas vestes, o colóquio de 19 de julho com a Mãe de Deus, repassado de uma intimidade e ternura indizíveis, culminando, por fim, com as duas manifestações da Medalha Milagrosa –– é lícito pensar que, se tivesse havido fidelidade ao que foi determinado por Nossa Senhora, o oceano de graças derramadas sobre o mundo teria sido ainda maior. E isto teria possivelmente feito reverter o processo revolucionário, o qual vai encaminhando o mundo todo para a desordem, a confusão e o caos, num reino que não seria excessivo denominar de reino do demônio. (13)

Relicário de Santa Catarina Labouré na Rue du Bac, Paris, França
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Devoção à Nossa Senhora das Graças no Brasil
Graças insignes e prodígios alcançados mediante a Medalha Milagrosa

     É considerável o número de narrações que chegam à redação de Catolicismo, relatando a admirável proteção que a Medalha Milagrosa concede, em nossa Pátria, a seus devotos ou até a pessoas que simplesmente a conservam.
     Dentre esses relatos, destacamos alguns dos mais significativos, que publicamos a seguir.

Criança salva de sequestro
     Contou-me ontem uma Sra. o seguinte fato: “Há uns 15 dias, um menino foi sequestrado. Ele estava sob os cuidados do avô, pois seus pais tinham viajado para os Estados Unidos.
     “Quando os sequestradores pegaram o menino das mãos do avô, este tirou uma medalha de Nossa Senhora das Graças, que tinha consigo, aper­tou-a na mão e se pôs a rezar. Já dentro do carro com o menino, os sequestradores não conseguiram sair. Após alguns momentos, desceram do carro e devolveram o menino, dizendo que na frente do carro havia uma Senhora, que não os deixava sair de jeito nenhum…”  (F.S.L. – Juiz de Fora, MG)
Pagão convertido antes da morte
     Fui visitar uma freira na Santa Casa… Em conversa, ela me disse, na maior tristeza que perto de onde conversávamos estava um doente, muito mal com câncer no pulmão. Era um chinês que não tinha sido batizado e que infelizmente iria morrer pagão. Senti profunda pena e quis visitá-lo… Ofereci ao doente uma Medalha Milagrosa que ele aceitou, pregando no pijama. Respirava com dificuldade, pois o pulmão já estava quase totalmente tomado. Fiz uma visitinha rápida, deixando-o entregue a Nossa Senhora. Mais tarde, a Irmã perguntou se não queria se tornar cristão, ser batizado… Ele queria muito. Sempre desejou ser cristão. Tinha profunda simpatia pelo Cristianismo, mas nunca achou quem o ajudasse… Já quase sem forças, preparou-se para o Batismo… Quando o padre perguntou se queria receber o Batismo, como que transfigurado respondeu: “Quero muito!” Depois de batizado, disse que queria comungar todos os dias. Fez urna confissão geral de toda a sua vida e continuou comungando cada dia. Quando já estava mal, muito mal, telefonou à Irmã pedindo que queria ser crismado. Estava vivendo seus últimos dias, mas mesmo sem forças, fez questão de se levantar, vestiu seu melhor terno para receber o Sacramento do Crisma. Poucos dias depois recebi a notícia de que ele havia morrido. Fui vê-lo. Tinha uma fisionomia de felicidade. Nossa Senhora tinha levado aquele filho para o Céu com a alma lavada nas águas do Batismo. E pela primeira vez, num velório, sentia o coração em festa e rezei o Magnificat.  (Y.B.T.P –– Belo Horizonte, MG)
Discoteca fechada
     Há um ano, montaram uma discoteca em frente a minha casa. A vida de minha família se transtornou. Fiz tudo para a vizinhança protestar contra o barulho infernal e o ambiente de pecado. Mas nada consegui! O tempo foi passando e a agitação aumentando.
     Lembrei-me, então, da Medalha Milagrosa. Nossa Senhora certamente daria um jeito… Coloquei uma medalha numa fresta do muro da discoteca, e comecei a rezar, eu e minha esposa, para Nossa Senhora atender o meu pedido.
     Não demorou muito e o movimento começou a cair, cair … e a discoteca está à venda!
     A vizinha me contou que o proprietário foi “chorar as mágoas” com ela, dizendo que ia vender a casa porque nem a benzedeira que ele chamou para “fazer um trabalho” lá dentro conseguiu recuperar a freguesia.
     A reza dela não dava certo, embora ela insistisse. Ela dizia: “Nas dependências do prédio há algum objeto que atrapalha e eu não consigo fazer nada enquanto ele não for retirado”.
     Vasculharam o terreno, mas não acharam nada. O estabelecimento está à venda e a Medalha continua lá, demonstrando que é realmente poderosa…  (L.C.M – São Paulo, SP)
Cura de tumor maligno
     As pessoas que travam contato com a Medalha sentem, por uma graça especial que ela irradia, que podem agarrar-se a ela e obterem da Mãe de Deus a solução para os problemas que as afligem. Referem-se algumas delas à Santinha da Medalha, com carinho e bastante respeito.
     Um fato aqui ocorrido: a pequena Marlene foi internada às pressas com forte dor de cabeça. Os médicos identificaram um tumor canceroso na parte anterior da cabeça. A biópsia acusou tumor maligno, conforme laudo médico, entranhado há dois anos no interior da cabeça. Cheio de esperanças em Nossa Senhora das Graças, enviei, por intermédio de sua avó, a milagrosa medalha, na certeza de que ela a usaria. A pequenina esteve às portas da morte durante quase um mês, na UTI da Casa de Saúde São Raimundo, em Fortaleza (CE), mas teve inesperada melhora, recebendo alta no final de mais ou menos 30 dias. Hoje está convalescente em casa de um tio naquela capital, visitamo-la recentemente e verificamos estar o seu pulso esquerdo envolto com a corrente e a Medalha Milagrosa. Desde o momento de sua internação começamos a novena, o que continuamos a fazer, esperando o milagre de sua cura completa.
(J.J.C. –– Jaguaribe, CE)
Novena obtém alta médica
     Uma senhora levou a Medalha para o marido no hospital e começou a novena com ele. O marido estava com insuficiência cardíaca, cirrose no fígado, uma outra doença nos rins e praticamente desenganado. Antes de terminarem a novena, o médico a chamou e disse que não sabia como explicar, mas que dos problemas só restava a insuficiência cardíaca e melhorada; as outras haviam desaparecido e por isso deu alta, e o marido já está em casa. (A.D. –– São Paulo, SP)
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Notas:
1. Cfr. Alocução aos alunos do Seminário Lombardo em 7-12-68; Homilia Resistite fortes in fide, de 29-6-72.
2. Cfr. Catolicismo n° 359, nov./80; nº 445, jan./88; n° 447, março/88; n° 467, nov./89.
3. R. Laurentin, Vie authentique de Catheri­ne Labouré, Desclée De Brouwer, Paris. 1980, vol. I, p. 85.
4. Op. cit., p. 91.
5. Op. cit., p. 92.
6. Op. cit., p. 264.
7. Op. cit., p. 265.
8. Op. cit., p. 265.
9. Palavras conservadas pelo Pe. Julio Cheva­lier, CM, do relato que ouviu da Irmã Dufès; in René Laurentin, Catherine Labouré et Ia Médaille Miraculeuse, P. Lethielleux, Pa­ris, 1979, vol. II, p. 111.
10. Pe. R. Laurentin, Vie authentique de Catherine Labouré, Desclée De Brouwer,Pa­ris, vol.I, p. 269.
11. Op. cit., vol II, p. 502.
12. Op. cit., p. 411.
13 Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte III, Cap. III.

Fonte: Revista Catolicismo, nº 515, novembro/1993
Autor: Antonio Augusto Borelli Machado

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