(continuação)
A firmeza
inquebrantável de Santa Catarina Labouré na defesa do verdadeiro simbolismo da
Medalha Milagrosa
Prudência
humana e ousadia dos Santos
Resta
saber por que o Pe. Aladel procedeu daquela maneira, rechaçando as reiteradas
insistências da vidente.
Ao que
parece, ele receava ter complicações com a Sagrada Congregação dos Ritos, cujas
normas em matéria de iconografia eram então muito estritas, preferindo ater-se
aos modelos já consagrados pelo uso. O receio não era de todo infundado seja
dito como atenuante, em defesa do Pe. Aladel —, conforme depois se comprovou no
episódio da Virgem do Globo, resolvido apenas com a intervenção pessoal de Leão
XIII, segundo acaba de ser dito.
Faltava,
porém ao Pe. Aladel a ousadia dos santos. “Ide a Roma, obtereis mais do
que pedirdes”, dizia a Irmã Catarina Labouré. (11) Previsão que se
cumpriu ao pé da letra, após a sua morte.
O Pe.
Aladel deveria ter tido em mente que se Nossa Senhora ordenou cunhar a Medalha
de uma forma e não de outra, Ela haveria de dispor as coisas para que viessem
de Roma as aprovações necessárias.
Enfim, Nossa Senhora aceitou a
Medalha conforme foi feita, e inundou o mundo com o oceano de graças de todos
conhecido [vide no final relatos de algumas graças obtidas em nossa Pátria].
Cabe, entretanto perguntar se tais graças não poderiam ter sido maiores. Esta
era a opinião pessoal de Santa Catarina Labouré, para quem as sucessivas
recusas do Pe. Aladel redundavam em vocações menos numerosas para as duas
famílias religiosas fundadas por São Vicente de Paulo: os Padres da Missão (lazaristas) e as
Filhas da Caridade. (12)
Considerando o conjunto das revelações com
que foi favorecida Santa Catarina Labouré — as visões do coração de São Vicente
de Paulo, a de Cristo-Rei despojado de suas vestes, o colóquio de 19 de julho
com a Mãe de Deus, repassado de uma intimidade e ternura indizíveis,
culminando, por fim, com as duas manifestações da Medalha Milagrosa –– é lícito
pensar que, se tivesse havido fidelidade ao que foi determinado por Nossa
Senhora, o oceano de graças derramadas sobre o mundo teria sido ainda maior. E
isto teria possivelmente feito reverter o processo revolucionário, o qual vai
encaminhando o mundo todo para a desordem, a confusão e o caos, num reino que
não seria excessivo denominar de reino do demônio. (13)
* * *
Devoção à Nossa Senhora das
Graças no Brasil
Graças insignes e prodígios alcançados mediante a Medalha Milagrosa
É considerável o número de narrações que
chegam à redação de Catolicismo, relatando a admirável proteção que a
Medalha Milagrosa concede, em nossa Pátria, a seus devotos ou até a pessoas que
simplesmente a conservam.
Dentre esses relatos, destacamos alguns
dos mais significativos, que publicamos a seguir.
Criança salva de sequestro
Contou-me ontem uma Sra. o seguinte fato:
“Há uns 15 dias, um menino foi sequestrado. Ele estava sob os cuidados do avô,
pois seus pais tinham viajado para os Estados Unidos.
“Quando os sequestradores pegaram o menino
das mãos do avô, este tirou uma medalha de Nossa Senhora das Graças, que tinha
consigo, apertou-a na mão e se pôs a rezar. Já dentro do carro com o menino,
os sequestradores não conseguiram sair. Após alguns momentos, desceram do carro
e devolveram o menino, dizendo que na frente do carro havia uma Senhora, que
não os deixava sair de jeito nenhum…” (F.S.L.
– Juiz de Fora, MG)
Pagão convertido antes da
morte
Fui visitar uma freira na Santa Casa… Em
conversa, ela me disse, na maior tristeza que perto de onde conversávamos
estava um doente, muito mal com câncer no pulmão. Era um chinês que não tinha
sido batizado e que infelizmente iria morrer pagão. Senti profunda pena e quis
visitá-lo… Ofereci ao doente uma Medalha Milagrosa que ele aceitou, pregando no
pijama. Respirava com dificuldade, pois o pulmão já estava quase totalmente
tomado. Fiz uma visitinha rápida, deixando-o entregue a Nossa Senhora. Mais
tarde, a Irmã perguntou se não queria se tornar cristão, ser batizado… Ele
queria muito. Sempre desejou ser cristão. Tinha profunda simpatia pelo
Cristianismo, mas nunca achou quem o ajudasse… Já quase sem forças, preparou-se
para o Batismo… Quando o padre perguntou se queria receber o Batismo, como que
transfigurado respondeu: “Quero muito!” Depois de batizado, disse que queria
comungar todos os dias. Fez urna confissão geral de toda a sua vida e continuou
comungando cada dia. Quando já estava mal, muito mal, telefonou à Irmã pedindo
que queria ser crismado. Estava vivendo seus últimos dias, mas mesmo sem
forças, fez questão de se levantar, vestiu seu melhor terno para receber o
Sacramento do Crisma. Poucos dias depois recebi a notícia de que ele havia
morrido. Fui vê-lo. Tinha uma fisionomia de felicidade. Nossa Senhora tinha
levado aquele filho para o Céu com a alma lavada nas águas do Batismo. E pela
primeira vez, num velório, sentia o coração em festa e rezei o Magnificat. (Y.B.T.P –– Belo Horizonte, MG)
Discoteca fechada
Há um ano, montaram uma discoteca em
frente a minha casa. A vida de minha família se transtornou. Fiz tudo para a
vizinhança protestar contra o barulho infernal e o ambiente de pecado. Mas nada
consegui! O tempo foi passando e a agitação aumentando.
Lembrei-me, então, da Medalha Milagrosa.
Nossa Senhora certamente daria um jeito… Coloquei uma medalha numa fresta do
muro da discoteca, e comecei a rezar, eu e minha esposa, para Nossa Senhora
atender o meu pedido.
Não demorou muito e o movimento começou a
cair, cair … e a discoteca está à venda!
A vizinha me contou que o proprietário foi
“chorar as mágoas” com ela, dizendo que ia vender a casa porque nem a
benzedeira que ele chamou para “fazer um trabalho” lá dentro conseguiu
recuperar a freguesia.
A reza dela não dava certo, embora ela
insistisse. Ela dizia: “Nas dependências do prédio há algum objeto que
atrapalha e eu não consigo fazer nada enquanto ele não for retirado”.
Vasculharam o terreno, mas não acharam
nada. O estabelecimento está à venda e a Medalha continua lá, demonstrando que
é realmente poderosa… (L.C.M – São Paulo,
SP)
Cura de tumor maligno
As pessoas que travam contato com a
Medalha sentem, por uma graça especial que ela irradia, que podem agarrar-se a
ela e obterem da Mãe de Deus a solução para os problemas que as afligem.
Referem-se algumas delas à Santinha da Medalha, com carinho e bastante
respeito.
Um fato aqui ocorrido: a pequena Marlene
foi internada às pressas com forte dor de cabeça. Os médicos identificaram um
tumor canceroso na parte anterior da cabeça. A biópsia acusou tumor maligno,
conforme laudo médico, entranhado há dois anos no interior da cabeça. Cheio de
esperanças em Nossa Senhora das Graças, enviei, por intermédio de sua avó, a
milagrosa medalha, na certeza de que ela a usaria. A pequenina esteve às portas
da morte durante quase um mês, na UTI da Casa de Saúde São Raimundo, em
Fortaleza (CE), mas teve inesperada melhora, recebendo alta no final de mais ou
menos 30 dias. Hoje está convalescente em casa de um tio naquela capital,
visitamo-la recentemente e verificamos estar o seu pulso esquerdo envolto com a
corrente e a Medalha Milagrosa. Desde o momento de sua internação começamos a
novena, o que continuamos a fazer, esperando o milagre de sua cura completa.
(J.J.C. –– Jaguaribe, CE)
Novena obtém alta médica
Uma senhora levou a Medalha para o marido
no hospital e começou a novena com ele. O marido estava com insuficiência
cardíaca, cirrose no fígado, uma outra doença nos rins e praticamente
desenganado. Antes de terminarem a novena, o médico a chamou e disse que não
sabia como explicar, mas que dos problemas só restava a insuficiência cardíaca
e melhorada; as outras haviam desaparecido e por isso deu alta, e o marido já
está em casa. (A.D. –– São Paulo, SP)
______
Notas:
1. Cfr. Alocução aos alunos do Seminário Lombardo
em 7-12-68; Homilia Resistite fortes in fide, de 29-6-72.
2. Cfr. Catolicismo n° 359, nov./80;
nº 445, jan./88; n° 447, março/88; n° 467, nov./89.
3. R. Laurentin, Vie
authentique de Catherine Labouré, Desclée De Brouwer, Paris. 1980, vol. I, p. 85.
4. Op. cit., p. 91.
5. Op. cit., p. 92.
6. Op. cit., p. 264.
7. Op. cit., p. 265.
8. Op. cit., p. 265.
9. Palavras conservadas
pelo Pe. Julio Chevalier, CM, do relato que ouviu da Irmã Dufès; in René
Laurentin, Catherine Labouré et Ia Médaille Miraculeuse, P. Lethielleux,
Paris, 1979, vol. II, p. 111.
10. Pe. R. Laurentin, Vie
authentique de Catherine Labouré, Desclée De Brouwer,Paris, vol.I, p. 269.
11. Op. cit., vol II, p. 502.
12. Op. cit., p. 411.
13 Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e
Contra-Revolução, Parte III, Cap. III.
Fonte: Revista
Catolicismo, nº 515, novembro/1993
Autor: Antonio
Augusto Borelli Machado
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