quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Santos da Família Real Armênia – 29 de novembro

     
     A história tradicional da conversão do rei e da nação armênia relata como Gregório, filho de Anak, sendo um cristão convertido, sentindo culpa pelo pecado de seu próprio pai, entrou para o exército armênio e trabalhou como secretário do rei.
     A conversão da Armênia começou no início do século IV, tradicionalmente colocam a data de 301. O rei Tiridates III, apenas havia conquistado o trono, em 294, se aliou ao imperador Diocleciano e, conforme os usos da época, quis prestar homenagem a deusa Diana, que lhe havia sido propícia naquela difícil empresa. Com ele os cortesãos também ofereceram dons, exceto Gregório que quando chegou sua vez se recusou a fazê-lo, explicando ao soberano que o Criador do Céu e da terra era o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. O rei então mandou tortura-lo durante 25 dias e o aprisionou no calabouço subterrâneo em Khor Virap, na fortaleza de Artashat, cheia de répteis venenosos.
     Durante os anos de prisão de Gregório, o imperador Diocleciano tentara seduzir a virgem Santa Rhipsime, a qual, para subtrair-se ao perigo, fugiu de Roma acompanhada de umas 40 companheiras, buscando refúgio na Armênia sob o amparo da abadessa Santa Gayana. A beleza da jovem atraiu a atenção do rei Tiridates, que quis faze-la sua. Ante o rechaço de Santa Rhipsime, o rei se enfureceu e mandou matá-la e à suas companheiras usando para isto suplícios cruéis.
     Após este evento, ele caiu doente e, segundo a legenda, adotou o comportamento de um javali, vagando sem rumo na floresta. Khosrovidukht, irmã do rei, teve um sonho onde foi informada que Gregório era o único capaz de curar o rei. Ele estava há 13 anos na prisão e as chances de estar vivo eram pequenas, mas, ao ser resgatado ele estava vivo, apesar de incrivelmente desnutrido. Ele fora mantido vivo por uma mulher de bom coração que jogava um pedaço de pão todos os dias para ele.
     Tiridates foi trazido até Gregório e foi milagrosamente curado de sua doença, em 301. Persuadido pelo poder da cura, o rei imediatamente proclamou o Cristianismo a religião oficial do Estado. E assim a Armênia se tornou o primeiro país a adotar oficialmente o Cristianismo. Para expiar a culpa pela morte de Santa Rhipsime, construiu uma igreja sobre seu túmulo no monte Ararat.  
     Tiridates nomeou São Gregório, o Iluminador, como catholicos (líder máximo) da Igreja Católica Armênia. A interrupção da tradicional religião pagã armênia pela oficialização do Cristianismo não foi fácil. Tiridates muitas vezes teve que usar de força para impor a nova fé aos armênios e muitos conflitos armados se seguiram, porque o politeísmo estava profundamente enraizado no povo armênio. Uma batalha real ocorreu entre as forças do rei e da facção pagã, resultando no enfraquecimento da força militar politeísta. 
     Tiridates passou o resto de sua vida tentando eliminar todas as crenças antigas e destruiu inúmeras estátuas, templos e documentos escritos. Como resultado, pouco é conhecido a partir de fontes locais sobre a história e cultura armênias antigas. O rei trabalhou arduamente para espalhar a fé e morreu em 330. O historiador Moisés de Chorene afirma que vários membros das famílias nakharar (nobreza armênia) conspiraram contra Tiridates e, eventualmente, o envenenaram.
     Tiridates III, sua esposa, a rainha Ashkhen e a irmã do rei, Khosrovidukht, tornaram-se santos da Igreja Católica Armênia e sua festa é no sábado após o quinto domingo após o Pentecoste, geralmente em torno de 30 de junho, onde o cântico Para o Rei é entoado. Tiridates foi sucedido por seu filho Khaosrav III, o Pequeno.
     O Martirológio Romano não menciona estes santos. Entretanto, eles aparecem na autorizada Bibliotheca Sanctorum e são festejados no dia 29 de novembro.


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