Os
menologistas são muito lacônicos a respeito destas santas. No entanto, o código
gregoriano do Vaticano 807 (século X) dá-nos uma informação mais difundida:
Eustolia, nascida em Roma, foi a Constantinopla e se pôs a visitar as igrejas
para fazer suas devoções. Próximo da Basílica da Santa Mãe de Deus, no distrito
de Blacherna, ela conheceu Sopatra, filha do imperador Maurício (582-602), que
se uniu a ela e implorou que ela se tornasse sua "mãe espiritual".
Elas conquistaram outras jovens e tentaram
fundar um mosteiro. Sopatra obteve uma terra de seu pai, onde construiu uma capela
e edifícios monásticos. Com a morte de Eustolia, ela assumiu a direção do
mosteiro: este foi construído perto do chamado toù panagiòn, que mais tarde
recebeu o título de Theotocos dos "mongóis", sob o Phanar.
A festa das duas santas está inscrita no dia 9 de novembro no Martirológio Romano e no sinassário bizantino.
A festa das duas santas está inscrita no dia 9 de novembro no Martirológio Romano e no sinassário bizantino.
O monaquismo
A palavra ‘monaquismo’ vem do grego ‘moncos’
= aquele que está só; designa uma forma de vida cristã totalmente
consagrada a Deus no retiro, no silêncio, na oração, na penitência e no
trabalho.
O monaquismo cristão tem seus fundamentos
imediatos no próprio Evangelho, onde Nosso Senhor Jesus Cristo aconselha a
deixar tudo e seguir incondicionalmente o Cristo - ver Lc 9,57-62; Mt
19,16-22, 1Cor 7,8s.25-35. Pode-se crer, com o testemunho de São Paulo em
1Cor 7, que já nas primeiras décadas do Cristianismo havia homens e
mulheres que se abstinham do casamento para poder-se consagrar mais
plenamente ao serviço de Deus.
No século III essa modalidade de vida
ascética tomou a forma eremítica: os cristãos retiravam-se para o deserto,
tendo como modelo Santo Antão (251-356), considerado o Patriarca do
monaquismo. Filho de família rica, ouviu o apelo do Senhor proclamado na
igreja e resolveu deixar tudo, retirando-se para o deserto do Egito, após
ter providenciado a subsistência de sua irmã mais jovem. A Vida de Sto. Antão, escrita no século IV por Santo Atanásio,
exerceu grande influência sobre as gerações posteriores.
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A vida eremítica foi cedendo aos
poucos à vida cenobita ou comunitária. Esta apresentava suas vantagens,
a saber: mais frequente ocasião de se praticar a caridade e controle
da comunidade sobre atitudes e comportamentos, às vezes esdrúxulos, dos
monges eremitas. São Pacômio (c.346) foi o primeiro organizador da vida
cenobítica, que ele quis submeter a uma Regra e a um superior chamado
“Abade” (= pai). A Regra visava a regulamentar a disciplina dos monges na
oração, no trabalho, no vestuário, na alimentação, apresentando um caminho
de santificação concebida pela sabedoria do Fundador. A casa dos cenobitas
tomou o nome de monastérion em grego
(donde mosteiro, em português). O primeiro mosteiro data de 320,
fundou-o São Pacômio em Tabenisi, a 575 km ao sul da moderna cidade
do Cairo.
Em Constantinopla, o monaquismo desenvolveu-se
por influência dos monges orientais. O primeiro mosteiro foi fundado em 382.
Os mosteiros tanto podiam acolher um
reduzido número de monges como algumas centenas. Desenvolviam tarefas de
carácter caritativo como: o acolhimento de órfãos e de pessoas idosas, a
administração dos hospitais e de hospícios. A sua fundação cabia geralmente à
iniciativa de um particular, cujos objetivos eram, acima de tudo, fazer uma
doação pia e ao mesmo tempo reservar o seu lugar de recolhimento ou de sepultura.
No entanto, os mosteiros e os seus monges permaneceram sempre sob a autoridade
do bispo.
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Ao lado dos mosteiros masculinos fundaram-se
grande número de mosteiros femininos. Estes tinham suas raízes especiais
na prática de consagrar a virgindade ao Senhor seja mediante voto
particular, seja mediante voto público de castidade (cf. 1Cor 7,37s). Os escritores
dos séculos III e IV: Tertuliano (c.220), São Cipriano (c.258), Metódio de
Olímpio (c.311), Santo Ambrósio (c.397) deixaram escritos que louvam e
recomendam a virgindade consagrada.
São Pacômio fundou dois mosteiros
femininos. Geralmente tais mosteiros ficavam situados nas proximidades dos
cenóbios masculinos, a fim de facilitar o intercâmbio espiritual, o mútuo
auxílio econômico e a proteção em casos de assalto (como ocorriam às
margens dos desertos). Houve mesmo mosteiros duplos – o masculino e o
feminino – separados entre si pela igreja conventual.
Esta disposição acarretava perigos de
ordem moral, por isto o concílio regional de Agde (Gália) em 506 e o
Imperador Justiniano em 546 proibiram a existência de mosteiros duplos. O
concílio de Nicéia II em 787 proibiu ao menos a fundação de novos e baixou
medidas relativas aos já existentes. Todavia no Ocidente esse tipo de instituição
perdurou até o fim da Idade Média com bons frutos espirituais,
principalmente no século XII.
Em Bizâncio, os mosteiros tiveram um papel
de relevo. No entanto, durante a crise iconoclasta, os monges foram perseguidos
de tal forma que tiveram que fugir para o Ocidente. Só com a Imperatriz Irene é
que retomaram o lugar perdido para novamente serem perseguidos no segundo
período iconoclasta. Depois do triunfo dos ícones, assistiu-se a uma renovação
e incremento da vida monástica, visível do século IX ao século XI, continuando
os monges a ser beneficiados pelos imperadores. Foram dotados de meios
importantes e tornaram-se materialmente independentes, adquirindo mais
autonomia, mesmo em relação ao poder do bispo.
A partir do século XII, a fundação de
mosteiros fica muito restringida e durante o século XIII passaria a ser
raríssima, uma situação que se vê agravada com a tomada de Constantinopla pelos
latinos. Teria de se esperar pela renovação cultural que ocorreria no século
XIV para se assistir ao nascimento de novas fundações.
Fontes:
(excertos) https://cleofas.com.br/historia-da-igreja-o-monaquismo/
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