quarta-feira, 11 de março de 2020

Santa Maria Eugênia de Jesus, Fundadora - 10 de março

    
     Ana Eugênia Milleret de Brou nasceu em Metz no dia 25 de agosto de 1817; sua infância transcorreu entre a casa natal dos Milleret de Brou e a vasta propriedade de Preisch, na fronteira entre Luxemburgo, Alemanha e França.
     De uma família incrédula cujo pai, voltairiano, era um alto funcionário e a mãe, uma excelente educadora que só praticava um formalismo religioso, entretanto, a bondade, a generosidade, a retidão e a humildade aprendidas com sua mãe, a levaria a dizer mais tarde que sua educação fora mais cristã que a de muitos católicos piedosos de seu tempo.
     Segundo o costume, Ana Eugênia assistia à Missa nos dias de festa e recebera os sacramentos da iniciação cristã sem comprometer-se com nada.  Porém, no Natal de 1829, Ana Eugênia teve um verdadeiro encontro místico com Jesus Cristo no dia de sua Primeira Comunhão: “Nunca o esqueci”. Só mais tarde compreenderia o sentido profético desta experiencia e reconheceria nela o fundamento de seu caminho em direção a uma total entrega a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Santa Igreja.
     Aos 13 anos uma grave doença obrigou Ana a interromper os estudos, que teve que prosseguir sozinha. As provas de Ana continuaram em 1830: durante a revolução contra o rei Carlos X, que deu o trono da França a Felipe de Orleans, o pai caiu na ruína e teve que vender o Castelo de Preisch, e mais tarde a casa de Metz. Seus pais se separaram; ela foi para Paris com a mãe, que uma epidemia de cólera – uma doença que açoitava com grande força Paris naquela época – a colheria brutalmente em 1832. Uma rica família amiga de Châlons a acolheu.
     Aos 17 anos, conheceu a solidão em meio aos mundanismos que a rodeiam: "Vivi uns anos me perguntando sobre a base e o efeito das crenças que não havia compreendido... Minha ignorância sobre o ensino da Igreja era inconcebível e, contudo, havia recebido as instruções comuns do Catecismo". (Carta ao Pe. Lacordaire, 1841).
     Seu pai a fez voltar para Paris. Durante a Quaresma de 1836, ouviu o Pe. Lacordaire pregar na Catedral de Notre-Dame de Paris. "Vossa palavra despertava em mim uma fé que nada pode fazer vacilar". "Minha vocação começou em Notre-Dame", diria mais tarde. "Me sentia realmente convertida, e sentia o desejo de entregar todas minhas forças, ou melhor, toda minha debilidade, a esta Igreja que desde então me parecia que era a única que possuía aqui na terra o segredo e o poder do bem".
     Na Quaresma de 1837, Ana Eugênia encontrou o Pe. Combalot, que pregava em São Sulpício, e que a orientou na fundação de uma nova Congregação. Ele sonhava fundar uma congregação dedicada à Nossa Senhora da Assunção para formar jovens dos meios dirigentes, a maioria irreligiosa; ela sonhava com a vocação religiosa. Ele estava convencido de que somente através da educação se poderia evangelizar as inteligências, fazer com que as famílias fossem realmente cristãs e assim transformar a sociedade de seu tempo. Ana Eugenia aceitou o projeto como um desejo de Deus e se deixa guiar pelo Pe. Combalot. 
     O Pe. Combalot enviou Ana Eugênia ao Convento da Visitação de La Côte-Saint-André (Isère), experiência que deixaria nela a marca do espírito e da espiritualidade de São Francisco de Sales. Já tinha as bases de sua pedagogia: rechaçava uma educação mundana em que a instrução cristã fosse pouca, queria um cristianismo autêntico e não um verniz superficial, queria dar para as jovens uma educação à luz de Cristo.
     Em outubro de 1838, se encontrou com o Pe. d’Alzon. Esta grande amizade duraria 40 anos.
     Em 30 de abril 1839, com 22 anos, se unem a ela duas jovens para realizar o seu projeto em um apartamento pequeno da Rua Férou, muito perto da Igreja de São Sulpício em Paris; em outubro já eram quatro em um andar da Rua de Vaugirard. Elas estudam teologia, a Sagrada Escritura e as ciências profanas. Kate O’Neill, uma irlandesa, se uniu a elas e tomou o nome de Teresa-Emanuel. De personalidade forte, ela acompanharia Ana Eugênia oferecendo-lhe sua amizade e sua ajuda durante toda sua vida. Ao final de sua vida, a chama "a metade de meu ser"; se considera Madre Teresa-Emanuel como co-fundadora.
     Em maio de 1841, as Irmãs se separaram definitivamente do Pe. Combalot. Mons. Affre lhes ofereceu o apoio de seu vigário geral, Mons. Gros.
     As Irmãs retomam os estudos e fazem sua primeira profissão religiosa em 14 de agosto de 1841. A pobreza em que viviam era grande e a comunidade não aumentava. Isto não impediu Madre Maria Eugênia de abrir o primeiro colégio na primavera de 1842, no Impasse des Vignes. Mais tarde se instalou em Chaillot, porque a comunidade crescia e se tornava cada vez mais internacional. Às vezes ela se queixava dos sacerdotes e dos leigos: "Seu coração não bate por nada que seja grande".
     No Natal de 1844, Madre Maria Eugênia fez sua Profissão perpétua, com um quarto voto: "Estender por toda minha vida o Reino de Jesus Cristo".
     Madre Maria Eugênia desejava para suas filhas “contemplativas da ação” a recitação do Ofício Divino como devoção principal por ser a oração oficial da Igreja, e o centro de sua espiritualidade devia ser Jesus Eucaristia e o mistério da Encarnação. Ela e as primeiras irmãs da Assunção quiseram unir o antigo e o novo: unir os antigos tesouros da espiritualidade e a sabedoria da Igreja com uma nova forma de vida religiosa e de educação, que respondesse às necessidades da época. Profundamente contemplativa e profundamente apostólica, deveria ser uma vida vivida na busca de Deus e um forte compromisso apostólico.
     Roma reconheceu esta nova Congregação em 1867. As Constituições, ou a Regra da Congregação da Assunção, foram definitivamente aprovadas em 11 de abril de 1888.
     A vida de Madre Eugênia de Jesus foi longa, atravessou quase todo o século XIX. Ela desejava participar ativamente de sua história e toda sua energia se concentrou no desenvolvimento e na extensão da Congregação, a obra de sua vida.
     O Pe. Emanuel d’Alzon, que chegou a ser diretor espiritual de Madre Maria Eugênia pouco depois da fundação, foi para ela pai, irmão, amigo segundo as etapas da vida. Em 1845, o Pe. D’Alzon fundou os Agostinianos da Assunção e dos dois fundadores se ajudaram mutuamente ao longo de 40 anos. Os dois tinham o dom para a amizade e trabalharam na Igreja com numerosos leigos. Juntos, religiosos, religiosas e leigos traçaram o caminho da Assunção.
     A morte do Pe. d’Alzon em 1880 pressagiava o despojamento que ela havia entrevisto como necessário em 1854: "Deus quer que tudo caia ao meu redor". Irmã Teresa-Emanuel falece em 3 de maio de 1888, e sua solidão se tornou mais profunda.
     Entre 1854 e 1895, nasceram novas comunidades na França, seguidas das fundações na Inglaterra, Espanha, Nova Caledônia, Itália, América Latina e Filipinas.
     As viagens, as construções, os estudos, as decisões se sucediam. Sua preocupação constante, porém, será sempre sua intuição inicial, a que as Irmãs têm que ser fiéis aos chamados do Senhor: "Na educação, uma filosofia, um carácter, uma paixão. Porém, que paixão dar? A da Fé, a do Amor, a da realização do Evangelho”. As religiosas devem ser professoras educadoras adaptando-se às necessidades que vão se apresentando, sem deixar de lado a observância monástica.
     Quando descobriu a debilidade da velhice, "um estado no qual só resta o amor", Madre Maria Eugênia foi se apagando pouco a pouco: "Só me resta ser boa". Vencida por uma paralisia em 1897, somente terá seu olhar para expressar essa bondade.
     Em 9 de março de 1898 Madre Maria Eugênia recebeu a Comunhão pela última vez e na noite de 10 de março adormeceu docemente no Senhor.  Em 9 de fevereiro de 1975 foi beatificada por Paulo VI, em Roma; em 3 de junho de 2007 o papa Bento XVI canonizou-a em Roma, na Festa da Santíssima Trindade.
     Hoje as religiosas da Assunção estão presentes em 34 países: 8 na Europa, 5 na Ásia, 10 na América e 11 na África.


Postado neste blog em 10 de março de 2014

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