Maria Isabel Catez nasceu em um acampamento militar, no Campo de Avor,
perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês, no dia
18 de julho de 1880.
Sua mãe contava: “Quando tinha
apenas 1 ano, já se manifestava sua natureza ardente e colérica”. No
entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Isabel e fazer sobressair
nela a ternura. Ela tomou a iniciativa de escrever em seu diário pessoal, aos 18 anos: “Eu tive hoje a alegria de oferecer a meu
Jesus muitos sacrifícios sobre o meu defeito dominante, mas como eles me
custaram! Eu reconheço minha fraqueza… Parece-me que quando recebo uma
observação injusta, eu sinto esquentar todo o meu sangue nas veias, tanto que
meu ser se revolta… Mas Jesus estava no meu coração e então eu estava pronta a
tudo suportar por amor a Ele”.
Ainda criança a família se mudou para a cidade de Dijon. Com apenas 7
anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido, que a morte lhe roubou.
O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da
vida de Isabel, então com 10 anos. Chorou de alegria. Ao sair da igreja, descendo
as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “Não tenho fome, Jesus
saciou-me”...
Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a
tornar-se uma “excelente pianista”, segundo a expressão do seu professor de
música.
Não atingira ainda os 14 anos e já escolhera Cristo para seu único
esposo. Confirmou-se na sua vocação com a leitura da História de uma Alma, autobiografia de Santa Teresinha do Menino
Jesus. Deste livro copiou por seu punho e letra o Oferecimento ao Amor Misericordioso e três poesias.
Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la, mas Isabel respondeu: “O meu coração já não está livre, dei-o ao
Rei dos reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande. Mas
foi mais amargo quando soube que Isabel queria entrar para o Carmelo, onde
tantas vezes tinham ido e que ficava apenas a 200 metros de sua casa. Entre
lágrimas a mãe apenas consentiria na entrada da filha no Carmelo quando essa
alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade.
Isabel entrou no Carmelo de Dijon do dia 2 de agosto de 1901, quando
recebeu o nome de Irmã Isabel da Santíssima Trindade. Este início foi marcado
por muitas graças sensíveis e se tornou um período onde ela descobriria um
profundo amor pelo silêncio, próprio da espiritualidade carmelitana.
Irmã Isabel tomou o hábito a 8 de dezembro de 1901. No decurso do ano de
1902, o sofrimento interior visita Isabel. A sua noite ilumina-se com as
claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à Senhora de
Sourdon: “O abandono, eis o que nos
entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante.
Oh! Então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o
futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como
uma criança nos braços desse Pai que está nos céus...”
Irmã Isabel fez sua profissão simples no dia 8 de dezembro de 1901 e
sua profissão perpétua dia 21 de janeiro de 1903, tendo recobrado a paz e a
serenidade interior. Na véspera de sua profissão perpétua, ela passou a noite
toda em oração, como era o costume no Carmelo. Ela afirma ter recebido nesse
momento sua vocação: “Na noite que
precedia o grande dia, enquanto eu estava no coro à espera do Esposo, eu
compreendi que meu céu começaria na terra, o céu na fé, com o sofrimento e a
imolação por Aquele que eu amo”.
Ela descobriu a passagem de São Paulo sobre o Louvor de Glória, nas
Cartas aos Efésios: “Em Cristo, segundo o
propósito daquele que opera tudo de acordo com a decisão de sua vontade, fomos
feitos seus herdeiros, predestinados a ser, para louvor da sua glória, os
primeiros a pôr em Cristo nossa esperança” (Ef 1, 11-12). Escreve um seu
biógrafo: “A Irmã Isabel da Trindade foi
verdadeiramente a alma de uma ideia: ser, para a Santíssima Trindade, um louvor
de Glória”.
Numa carta à sua mãe, que à maneira francesa tratava por “tu”, assim se
expressa: “Ele escolheu a tua filha para
associá-la à sua grande obra de Redenção. Ele marcou-a com o selo da sua Cruz e
sofre nela como que uma extensão da sua Paixão... Não ambiciono chegar ao Céu
somente pura como um Anjo, mas transformada em Jesus Crucificado”.
Esta crucifixão atingiu-a, sobretudo nos últimos nove meses de vida, por
meio de uma doença que a transformou numa hóstia de imolação. No Céu, para onde
voou, consumou-se a união desta grande Mestra da vida espiritual. Nos fins de
março de 1906, a Irmã Isabel foi colocada na enfermaria. As Irmãs rezavam pela
sua cura e Isabel juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que
Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.
No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua
morte disse ao seu médico: “É provável
que dentro de dois dias eu esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem
Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me
levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.
Alguns dias antes de sua morte, Isabel dissera às suas Irmãs esta frase
tão bela e que ficou célebre: “Tudo
passa! No declinar da vida só o amor nos resta...” A sua última noite foi terrivelmente
penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao
amanhecer Isabel sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos e exclamou: “Vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”,
e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.
Isabel da Trindade foi beatificada por João Paulo II no dia 25 de
novembro, festa de Cristo Rei, de 1984.
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.; www.santiebeati/it;
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