Em 1093 o Rei Malcolm III construiu o seu castelo em Edimburgo e o filho
mais novo, o Rei David I mandou construir uma capela dedicada a sua mãe, a Rainha
Margarida, que é hoje o edifício mais antigo da cidade, visto que nada mais
restou do castelo da época.
Margarida era sobrinha do Rei Santo Estevão da Hungria,
filha de Eduardo de Wessex
(1016-1057) chamado o Exilado, Rei da Inglaterra.
Era neta do Rei Edmundo Costela de Ferro. Sua mãe, Ágata, era aparentada
com a Beata Gisela, esposa de Santo Estevão.
Margarida fugiu dos normandos com a mãe e
o irmão Edgar Atheling, o verdadeiro rei da Inglaterra, mais tarde cruzado. Uma
irmã sua, Cristina, era freira em Romsey.
Morto o pai após a conquista da Inglaterra
pelos normandos, sua mãe Ágata resolveu voltar ao continente, mas uma
tempestade jogou seu navio na Escócia, onde foram acolhidos por Malcolm III. Este já fora casado com Ingeburge de
Orkney (morta em 1069), com quem tivera três filhos. Desejou
então tomar Margarida por esposa. Ela desejaria ser religiosa, mas acedeu ao
pedido e o casamento aconteceu em Dunfermline em 1070.
Margarida empregou todos os esforços para
criar um ambiente mais civilizado na corte. Inteligente e muito religiosa,
conseguiu modernizar o país introduzindo idéias da Inglaterra e da Europa.
Trouxe algumas finuras ao reino do norte, copiando algumas modas normandas,
como: carnes temperadas e vinhos franceses, tapeçarias, roupas bonitas, dança e
canto.
Era muito amada pelo povo, pois mudou os
modos da corte e seus padrões de comportamento; os nobres foram proibidos de
embebedar-se. Ela ajudava os pobres, alimentava-os, dava-lhes abrigo. Sua vida
dedicada à caridade impressionou o marido - rude e ambicioso - que permitiu que
ela gastasse o dinheiro do Tesouro com suas obras e ele mesmo alimentou trezentos
pobres no castelo real.
Foi dela a idéia dos barcos chamados Queen's Ferry sobre a passagem do Firth of Forth para Santo André. Encorajou o comércio exterior. Margarida convidou três
monges beneditinos ingleses da Abadia de Canterbury a construir um mosteiro em Dunfermline para abrigar seu maior tesouro: uma relíquia da verdadeira Cruz. Restaurou
o mosteiro na Ilha de Iona, que fora fundado por São Columbano. Os monges trouxeram novas habilidades agrícolas e
novidades na arquitetura.
Margarida também mandou construir uma
capela nova no castelo de Edimburgo, no estilo normando, que é atualmente uma
das mais antigas igrejas na Escócia, e onde a Rainha passava horas em prece.
Seu Evangelho, livro ricamente adornado com jóias, caiu um dia num rio e foi
miraculosamente recuperado, estando hoje na Biblioteca Bodleian em Oxford.
Malcolm ouvia os conselhos da esposa para estabelecer as leis do reino, e deixou-a
reunir vários concílios. Desta forma ela procurou reconduzir os escoceses aos
costumes da Igreja de Roma. A comunhão pascal e o descanso do domingo tinham
sido descuidados; a celebração da Missa era acompanhada com ritos pagãos ou
profanos; os casamentos entre parentes próximos não eram raros. A rainha fez
com que esses abusos cessassem, e obteve também que a Quaresma iniciasse na
quarta-feira de cinzas.
O seu quarto era, por assim dizer, uma
oficina cheia de paramentos em vários graus de execução. Os seus cuidados não
tinham por objeto apenas as igrejas: do exterior ela mandou vir ornamentos para
o palácio e quis que o rei andasse sempre acompanhado por uma guarda de honra.
Mas, à noite, depois de tomar algum
repouso, levantava-se para rezar as matinas da Santíssima Trindade, da Cruz, de
Nossa Senhora, o Ofício dos Defuntos, o Saltério inteiro e Laudes. Entrando nos seus aposentos de manhã, lavava os pés de
seis pobres e servia nove órfãos. Em seguida, assistia cinco ou seis Missas
particulares antes da Missa solene. Este era o programa do Advento e da
Quaresma. No resto do ano estes exercícios reduziam-se, mas os pobres
continuavam a ser atendidos.
Margarida anglicizou e refinou a corte e o
marido com suas virtudes, modéstia, beleza rara. Sua paciência e doçura
suavizaram os modos do marido... e converter o Rei é converter o Reino. O
marido iletrado, embora falasse três línguas, foi se tornando mais cristão e a
seus três filhos, que reinaram depois dele, Margarida inspirou amor a Deus,
desprezo das vaidades terrenas e o horror ao pecado.
O casal desperta até hoje curiosidade,
pois a esposa era de tal maneira gentil e religiosa, que foi logo a seguir
chamada santa; enquanto ela vivia para a igreja e a caridade, ele tentava obter
controle e poder sobre os ingleses do norte.
Em 1093, o marido partiu em expedição
contra Guilherme o Ruivo. Margarida, prevendo sua própria morte, fez
confissão geral. A 13 de novembro disse que algo de ruim para a Escócia havia
acontecido. Dias depois chegou a notícia: o rei tinha sido morto naquele dia,
junto com seu primogênito. Dizendo que considerava a tragédia como castigo por
seus pecados, Margarida começou a rezar e faleceu. Era o dia 16 de novembro de
1093.
Seu corpo foi sepultado diante do altar
principal da Abadia de Dunfermline,
Fife, ao lado do marido. Em 19 de julho de 1259 suas
relíquias foram transferidas para um santuário novo. Em 1250 o papa Inocêncio
IV a canonizou e é festejada no dia 16 de novembro.
Abadia de Dunfermline, Fife, Escócia |
Nenhum comentário:
Postar um comentário