Em Brivio, às margens do Rio Adda, no território de Lecco, no dia 21 de
abril de 1829, nasceu Maria Ana, a quinta de 8 filhos de João Maria Sala e Joana
Comi. Mariana foi batizada na paróquia vizinha no dia do seu nascimento.
Seu pai, homem de grande fé e trabalhador, comerciante de madeira,
possuía no centro da cidade urna casa cômoda, com entrada ampla, um pátio vasto
e barulhento. Nesta casa Mariana nasceu e cresceu como seus irmãos no afeto do
lar, num clima de paz e serenidade.
Na sua infância pura e simples alimentou sua profunda piedade com
assíduo estudo das verdades da fé, sempre presentes em sua lúcida inteligência.
Particularmente caro à devoção de Mariana quando criança foi um pequeno
santuário, oratório de São Leonardo, um pouco fora da cidade, onde se venerava
urna imagem de Nossa Senhora.
Diante desta imagem Mariana e uma de suas irmãs se prostraram numa
ardente prece num momento de grande dor para o seu coração de criança: a
enfermidade da mãe. Enquanto as crianças rezavam – como mostra um quadro votivo
da família Sala – a enferma se sentiu curada, com intima certeza de haver visto
junto a si a Virgem Maria abençoando-a.
Corria em Brivio a fama da recente fundação de um Instituto feminino, o
das Marcelinas,
aberto em Cernusco sul Naviglio (Milão), em 1838, pelo diretor espiritual do
Seminário, o Beato
Luiz Biraghi. O objetivo do Instituto era educar as jovens à luz da fé
cristã, segundo programas sólidos de ensino, sem deixar de lado as atividades
domésticas.
As Marcelinas abriram, em 1841, um segundo Colégio em Vimercate, na
baixa Brianza. Neste Colégio João Maria Sala quis que suas filhas, Mariana
(1842), em seguida Genoveva e Lúcia, completassem seus estudos. Mariana
distinguiu-se como aluna exemplar e em 1846 conseguiu, com ótimos resultados, o
diploma de professora primária.
No ativo recolhimento do Colégio, encontrou um tesouro superior àquele
que os títulos de estudo lhe asseguravam: acolhera no coração o chamado de
Cristo à vida consagrada, apostólica e evangelizadora, como suas educadoras,
das quais admirara o zelo e a piedade, sob a orientação da Madre Videmari,
fervorosa colaboradora do Fundador.
Ao chamado de Cristo, Mariana respondeu com o seu «sim» de total
devotamento, tendo, porém, que esperar dois anos antes de realizar seu desejo. No
dia 13 de fevereiro de 1848, Mariana voltou ao Colégio de Vimercate como
aspirante à vida religiosa. Após o noviciado, pronunciou os votos por ocasião
da aprovação canônica da Congregação: 13 de setembro de 1852.
Começou então a vida da Irmã educadora, heroica na monótona fadiga do
dia a dia, na observância regular que a levou, através de um exercício humilde
e ininterrupto das virtudes cristãs, à única e verdadeira realização da
existência humana: a santidade. O campo de seu fecundo apostolado foram os
Colégios de Cernusco, Milão; Via Amedei, Genova e, durante as férias de outono,
Chambéry, na Savoia. Por fim Milão, na então casa geral de Via Quadronno.
A perfeita obediência de Irmã Mariana Sala não se manifestou só no
acolhimento dócil dessas transferências, mas também na total obediência às
Superioras e às coirmãs; “parecia
haver feito voto de obediência a todas as Irmãs”, disse uma
testemunha, e era disponível às alunas e aos que dela se aproximavam. Tinha
sempre consigo o Senhor: vivia sempre da presença de Deus, como do ar que se respira.
Irmã Mariana dedicava-se incansavelmente às suas alunas para que se
tornassem não só cultas, mas, como a mulher forte elogiada na Sagrada
Escritura, também fortes na fé e em todas as virtudes cristãs. E as encorajava
nas dificuldades da vida. Uma aluna declarou no processo: Na educação das alunas tinha como único fim formar verdadeiras cristãs
que pudessem formar cristãmente as próprias famílias, difundindo o Reino de
Deus.
Sem dúvida, foram-lhe causa de grandes sofrimentos não só as misérias
humanas, diárias e inevitáveis da comunidade, sobre as quais passou sempre com inalterável paz, mas também as
repreensões frequentes da Madre Marina Videmari, de caráter forte e impulsivo,
convencida, em boa fé, de que os santos devem ser provados.
Não lhe faltou o sofrimento físico. Uns oito anos antes da morte, quando
Irmã Mariana estava na casa de Via Quadronno, em Milão, manifestou-se nela o
mal que a levaria à morte: um tumor na garganta, externamente visível. Uma
echarpe preta, usada com desenvoltura, disfarçava as aparências, enquanto o
sorriso imperturbável de seu rosto, após crises agudas de dor que a
constrangiam a interromper as aulas, fazia esquecer a quem dela se avizinhasse
o quanto havia sofrido. Aliás, numa maravilhosa superação de si, ela se habituara
a chamar, jocosamente, a horrível deformação do pescoço seu colar de
pérolas.
Nunca revelou angústia pelo mal, nem
mesmo nos últimos meses de vida. Vivia o que afirmara, anos antes, com a lógica dos apaixonados pela
Cruz: Sirvamos o Senhor com coragem,
minha boa Genoveva, ainda quando nos pede algum sacrifício, se assim se podem
chamar as pequenas dificuldades que encontramos no caminho da virtude.
Realmente, o que é o que sofremos nós em confronto com o que por nosso amor sofreu
nosso amado Esposo? Aliás, não deveríamos antes alegrar-nos e agradecer-lhe,
quando nos envia alguma ocasião de provar-lhe nosso amor e nossa fidelidade?
Entreguemo-nos ao Senhor em tudo e por tudo, e Ele nos ajudará a nos tornarmos
santos. (a Ir. Genoveva, 16-10-1874).
No outono de 1891, Irmã Mariana retomara suas numerosas e absorventes
atividades e o ensino nas classes das maiores. Mas, após os primeiros dias de
aula foi obrigada a interromper o trabalho, recolhendo-se na enfermaria do
colégio. A doença venceu sua resistência física e moral. Passou quinze dias de
sofrimento atroz.
Em 24 de novembro, enquanto as coirmãs rezavam na Capela a Ladainha de
Nossa Senhora, ela sentiu o esplendor da invocação «Regina Virginum» e no leito
de morte uma beleza nova resplandecia em sua fisionomia, havendo desaparecido
qualquer sinal do tumor.
O encontro casual de seus despojos intactos, em 1920, fez com que se
voltasse a falar na já esquecida Irmã Mariana Sala. As ex-alunas se uniram às
Marcelinas para pedirem a introdução da causa de beatificação e muitas
testemunharam no processo informativo a heroicidade das suas virtudes.
A Irmã Maria Ana Sala foi beatificada aos 26 de outubro de 1980, em
Roma, na Praça do Vaticano
Brivio, cidade natal da Beata |
Obrigada! Deus abençoe VC, sua família e seu trabalho!
ResponderExcluirLouvado seja Deus nos seus Anjos e nos seus Santos!
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