domingo, 29 de maio de 2016

Visitação da Virgem Maria - 31 de maio

    

     Festa do Magnificat, a Visitação estende e expande a alegria da salvação. Maria Santíssima, a Arca da Nova Aliança, é recebida por Santa Isabel como a Mãe do Senhor. A Visitação é o encontro entre a jovem mãe, Maria, a serva do Senhor, e a idosa Isabel, símbolo de Israel expectante. A solicitude amorosa de Maria, com a sua viagem apressada, expressa juntamente com o ato de caridade o anúncio de que os tempos chegaram. João, que exulta no seio materno, já começou a sua missão de Precursor. O calendário litúrgico leva em conta a narrativa do Evangelho que coloca a Visitação no terceiro mês da Anunciação e do nascimento de São João Batista.
     Após o anúncio do Anjo, Maria sai às pressas, diz São Lucas, para visitar sua prima Isabel e prestar-lhe serviço. A cidadezinha onde residia a futura mãe de São João Batista, situada na pequena aldeia de Ain-Karin, requeria uma viagem de cerca de cem quilômetros através de região montanhosa, e não estava isenta de fadigas e perigos. Provavelmente Maria juntara-se a uma caravana de peregrinos que viajavam a Jerusalém, por meio de Samaria, e atingia Ain- Karim, na Judéia, onde vivia a família de Zacarias.
     A Virgem Santíssima caminhava alegremente, não apenas pelo desejo de auxiliar a parente, mas também porque sabia que levava consigo o Filho de Deus, o Salvador do Mundo. Trazendo Jesus em seu seio, ela ia levar a graça à família do sumo sacerdote Zacarias, realizando assim, desde então, por vontade de Deus, a sua missão de Medianeira de todas as graças.
     A presença do Verbo que se fez carne em Maria é causa de graça para Isabel que, inspirada, pressente os grandes mistérios operados na jovem prima: a sua dignidade da Mãe de Deus, a sua fé na palavra de Deus e a santificação do precursor, que se alegra no seio da mãe. No primeiro instante em que Maria Santíssima saudou a prima, Santa Isabel, cheia do Espírito Santo, respondeu-lhe: “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”, e, ao sentir o filho exultando em seu seio, continuou: “De onde me vem a honra de receber a visita da Mãe do Meu Senhor?
     É fácil imaginar que sentimentos permeiam a alma de Maria Santíssima na meditação do mistério que lhe fora anunciado pelo Anjo. São sentimentos de gratidão humilde para a grandeza e a bondade de Deus, e Maria não sabendo mais conter a alegria de que estava possuída desde a Anunciação, respondeu-lhe com as belíssimas palavras do “Magnificat”: “Minha alma glorifica o Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador”, profetizando em seguida que todas as gerações a chamariam de Bem-aventurada. Era a expressão “do amor jubiloso que canta e louva o Amado" (São Bernardino de Siena).
     A Virgem Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, provavelmente à espera de mais oito dias para o rito da imposição do nome.
     Ainda nos dias de hoje conservam-se as ruínas da habitação de Zacarias na aldeia de Ain-Karin, e pode-se beber da água pura e cristalina da sua fonte, onde, segundo a tradição, a Virgem Santíssima saciou várias vezes a sua sede. Naquelas paragens existe também a cova em que São João Batista, ainda criança, foi escondido para escapar aos furores de Herodes, que ordenava a matança dos inocentes.
     Ao aceitar este cálculo do tempo gasto junto a sua prima Isabel, a Festa da Visitação, de origem franciscana (os Frades Menores já a celebravam em 1263), era celebrada em 2 de julho, ou seja, no final da visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar sua memória depois do dia 25 de março, de Festa da Anunciação, mas se queria evitar que caísse durante o período da Quaresma.
     A festa foi mais tarde estendida a toda a Igreja latina pelo Papa Urbano VI para propiciar a intercessão de Maria para alcançar a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo Grande Cisma do Ocidente. O sínodo de Basileia, na sessão de 10 de julho de 1441, confirmou a Festividade da Visitação, inicialmente não aceita pelos Estados que apoiavam o antipapa.
     Desde 1412, Nossa Senhora da Visitação é festejada especialmente pelos italianos da Sicília como a Padroeira da cidade da Enna.
     Os portugueses sempre a celebraram com muita pompa, porque o rei D. Manuel I, o Venturoso, que governou entre 1495 e 1521, escolheu Nossa Senhora da Visitação como a Padroeira da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, e de todas as outras do reino.
     Foi assim que este culto chegou ao Brasil Colônia, primeiro na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, depois se disseminou por todo território brasileiro. Esta festa, celebrada na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro durante mais de três séculos, era assistida pelos governadores, pelos vice-reis e, após a vinda da família real para o Brasil, por D. João VI e toda corte. Depois da independência esta tradição religiosa foi conservada e os dois imperadores sempre tomaram parte na famosa procissão de Santa Isabel. Após a procissão os fieis iam levar conforto aos enfermos e suas doações às instituições.
     O calendário litúrgico atual, não levando em conta a cronologia sugerida no episódio evangélico, abandonou a tradicional data de 2 de julho (anteriormente a Visitação também era comemorada em outras datas) para fixar sua memória no último dia de maio, como a coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.
     “Na Encarnação - comentava São Francisco de Sales - Maria se humilha confessando ser a escrava do Senhor... Mas para Maria não bastou se humilhar diante de Deus, porque ela sabia que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus para o próximo. Não é possível amar a Deus a quem não vemos, se não amamos os homens que vemos. Isto se cumpre na Visitação”.

Recitação do Magnificat
     São Luis Maria Grignion de Montfort, em seu Tratado da verdadeira devoção a Santíssima Virgem, diz que o Magnificat “é a única oração e a única obra composta por Maria, ou melhor, que Jesus fez por meio dEla, pois Ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima. É o melhor sacrifício de louvor que Deus já recebeu na lei da graça. É, de um lado, o mais humilde e o mais reconhecido; e doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos. Há neste cântico mistérios tão grandes e tão ocultos, que os próprios anjos ignoram”. (par. VI, pág. 240) E aconselha que se reze com frequência esta oração.

Magnificat
(Lucas 1, 46-56)

A minha alma glorifica ao Senhor;
e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua escrava;
portanto, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada.
Porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
E cuja misericórdia se estende de geração em geração sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço;
dissipou aqueles que se orgulhavam nos pensamentos do seu coração.
Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,
conforme tinha dito a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre.
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo.
Assim como era no princípio, agora e sempre,
por todos os séculos dos séculos  Amém.

http://www.adf.org.br/home/2012/05/hoje-e-dia-de-nossa-senhora-da-visitacao/

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