sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Beata Maria Ludovica de Angelis, religiosa - 25 fevereiro

     
      A Irmã Maria Ludovica De Angelis nasceu no dia 24 de outubro de 1880 na Itália, em São Gregório, uma pequena cidade dos Abruzzos, não muito longe da bonita cidade de L'Áquila. Foi batizada na mesma tarde do seu nascimento com o nome de Antonina. Seus pais, humildes lavradores, se chamavam Santa Colaiandi e Ludovico de Angelis. Ela era a primogênita e teve que ajudar na educação dos irmãos. Frequentava esporadicamente a escola onde aprendeu a ler e escrever. Quando chegou à adolescência teve que ajudar seu pai nas tarefas agrícolas.
     No contato com a natureza e a dura vida do campo, a menina cresceu límpida e simples, trabalhadeira e rica de sensibilidade, transformou-se ao mesmo tempo numa jovem forte e delicada, ativa e reservada como todas as pessoas daquela esplêndida terra. Seu pároco, Pe. Samuel Tarquini, colocou-a na frente da Associação Filhas de Maria fundada por ele.
     No dia 7 de dezembro do mesmo ano do nascimento de Antonina falecia em Savona uma Irmã que havia escolhido dar a vida à Cristo: era a Santa Maria Josefa Rossello, que havia fundado em Savona, no ano de 1837, ao Instituto das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia, uma família religiosa que se espalhava pelo mundo e atraia muitas jovens para o mesmo ideal.
     Antonina sentia que os seus sonhos encontravam eco nos sonhos da Madre Rossello, o que a levou a ingressar naquela Congregação no dia 14 de novembro de 1904, ajudada economicamente pelo Pe. Tarquini, já que sua família era contra sua vocação. Em 3 de maio de 1905 pôde vestir o anelado hábito. Na cerimônia da vestição ela recebeu o nome de Irmã Maria Ludovica. Começou então seu noviciado. Em 3 de maio de 1906 consagrou-se a Deus, fazendo votos de pobreza, castidade e obediência. Seus pais não estiveram presentes na cerimônia; ela partilhou sua alegria com o Pe. Samuel, que comprou seu hábito.
     Em 14 de novembro de 1907, junto com quatro religiosas, embarcou para a Argentina. Quando chegaram a Buenos Aires, no dia 4 de dezembro, se dirigiram à Casa Provincial. No início de 1908 recebeu a ordem de dirigir-se ao Hospital de Niños de La Plata. Este hospital era muito pequeno, somente um terreno cercado por arame, um portão e duas salas de madeira, baixas e pequenas para sessenta camas. A cidade, fundada em 1882, tinha nessa época 26 anos, ou seja, dois anos menos que Irmã Ludovica.
     Irmã Ludovica não possuía uma grande cultura, ao contrário, mas é admirável o que conseguiu realizar sob o olhar admirados daqueles que a rodeavam. Se seu castelhano é simpaticamente italianizado, não tem muita dificuldade em entender e se fazer compreendida.
     Foi encarregada da cozinha e da despensa. Em 1909, ao ver sua grande responsabilidade o Dr. Cometto a recomendou como administradora, cargo que desempenhou até sua morte em 1962.
     Segundo algumas testemunhas, lutou e conseguiu tirar do hospital toda a frieza dos hospitais clássicos, e foi a conselheira, diretora espiritual dos empregados e das famílias das crianças internadas, aprendendo e praticando todos os afazeres que são próprios de uma enfermeira.
     Ela se tornou não só uma grande colaboradora dos médicos, como também fazia as tarefas mais humildes. Por causa de sua intuição e sua experiência percebia todos os problemas dos enfermos e os médicos confiavam muito nela e nas suas observações.
    Em 3 de maio de 1911, professou seus votos perpétuos. Ao morrer a Superiora do hospital em 1915, o Dr. Cometto, junto com outros médicos, pediu à Madre Provincial que nomeasse Irmã Ludovica, porque todo o pessoal admirava seus dotes especiais de prudência, previsão e capacidade para dirigir. A Madre aceitou a proposta, mas tiveram que convencer Irmã Ludovica para que aceitasse o cargo já que esta alegava incompetência.
     Irmã Ludovica não formulava programas e estratégias, mas doava-se com toda a alma. Serena, ativa, audaz nas iniciativas, forte nas provas e nas doenças, com o inseparável Terço nas mãos, o olhar e o coração em Deus, e o sorriso nos olhos, Irmã Ludovica tornou-se, sem ela mesma o saber, por meio de sua bondade sem limites, incansável instrumento de misericórdia para que a mensagem do amor de Deus chegasse a cada um dos seus filhos.
    Quando assumiu o cargo, começou uma progressiva ampliação do prédio que pertencia à Sociedade de Beneficência. Para atingir esse objetivo, teve que pedir ajuda aos platenses. Começou assim essa enorme construção que acabaria somente com sua morte. Em 1925 passou a pertencer ao Ministério de Saúde Pública da Província. Irmã Ludovica ficou sendo o porta-voz das necessidades das crianças e das novas exigências do progresso. A Província dispôs de verba, doando quantidades anuais fixas de dinheiro para o Hospital, mas, pela capacidade da Superiora, cada doação de dinheiro que chegava se multiplicava, aumentando seu valor.
     O Hospital de Niños, graças a seu coração caridoso, atendia não somente as crianças doentes, mas também protegia aquelas crianças que os pais abandonavam quando as internavam. Ela continuava sua educação e pagava seus estudos.
    Em 1935, foi necessário extirpar o rim de Irmã Ludovica. Esta operação lhe deixou muitas sequelas, mas continuou trabalhando com muita dedicação. As Irmãs aconselharam-na a ter um período de repouso depois de trinta anos de trabalho intenso. A eleição de Madre Geral da Congregação ia começar e foi a sua oportunidade para participar como eleitora. Quando estava na Itália aproveitou para visitar laboratórios e hospitais. Graças a suas influências ela pôde trazer aparelhos e ferramentas necessárias para o hospital.
    Quando estava em Savona, ela decidiu dar um passeio pela Riviera Ligure. Lá visitou algumas casas dedicadas à convalescença das crianças muito fracas. Esta experiência a inspirou para fundar o Solário em Punta Mogotes, em Mar del Plata.


     Em 1937, junto com o diretor do hospital, Dr. Alejandro Oyuela, pediu ao Ministro de Obras Públicas a doação de um prédio em City Bell para instalar um Solário. Mas decidiu transformar essas terras numa fazenda modelo para plantar boas hortaliças e frutos abundantes, e para criação de aves e porcos. Dessa forma as crianças teriam ovos, frangos e presunto de primeira qualidade.
     Quando ela percebeu o abandono religioso dos vizinhos desse lugar, dirigiu-se ao Arcebispo de La Plata, Monsenhor Alberti, para lhe oferecer sua colaboração para organizar uma missão. A missão a cargo do Pe. Benvindo Alvarez, S.J. com ajuda das Irmãs foi um sucesso e surgiu a ideia de se construir uma capela. Toda a cidade apadrinhou esta obra e, em 1939, o novo Arcebispo Monsenhor Chimento inaugurou o templo do Sagrado Coração de Jesus.
     Durante 19 anos, a cada dois dias, ela dirigia-se à fazenda e voltava com as cestas cheias. Na época dos tomates preparava conservas para o ano todo. Quando fazia estas viagens à fazenda aproveitava para levar um grupo de crianças para compartilhar do passeio.
     Por causa da extirpação do rim, aconselharam-lhe um período de repouso em Mar del Plata. Quando ela experimentou os benefícios do mar, do ar com iodo e do sol, pensou muito que esses benefícios poderiam ser úteis para as crianças fracas, raquíticas e com problemas de ossos. Foi assim que surgiu a ideia de um solário marítimo. Foi uma luta que durou sete anos, teve muitas oposições, mas finalmente, graças a suas orações, conseguiu inaugurar o solário em 1943.
     Irmã Ludovica sabia que a saúde do espírito é muito mais benéfica que a cura das enfermidades. Por isso ela decidiu construir uma capela dedicada a São José.
    Pela sua intuição compreendeu que uma nova guerra ameaçava o mundo, e previu tudo comprando produtos medicinais, que foram úteis durante muito tempo. Sua administração era aberta e generosa. Após o sismo de San Juan, o Hospital de La Plata enviou mais soro antitetânico, antigangrenoso e antidiftérico do que a Direção Geral dos Hospitais da Província.
     Em 12 de junho de 1949, sua Madre e Fundadora, Maria Josefa Rossello, foi canonizada. Todas as Filhas da Misericórdia ficaram muito felizes, mais ainda as de La Plata, porque o primeiro milagre que ajudou à canonização aconteceu nessa cidade: Irmã Maria do Espírito Santo, que era professora do Colégio da Misericórdia, foi curada subitamente da tuberculose renal muito grave que padecia, logo que suas coirmãs rezaram e pediram à Madre Fundadora pela sua saúde.
     Irmã Maria Ludovica foi eleita entre várias delegadas, para participar da cerimônia. Ela aproveitou a viagem para estabelecer contatos com clínicas e laboratórios e trazer material sanitário.
     Nesse mesmo ano uma Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima percorreu o mundo e esteve vários dias na cidade de La Plata. O Hospital todo foi comovido pelos preparativos, pela recepção, sessões de cânticos, orações e despedidas. A Virgem percorreu todas as salas do Hospital. Nos corredores e nas salas as pessoas escutavam muitos rosários e preces. Muitas testemunhas falam da constante devoção mariana de Irmã Ludovica. Todos os anos o pessoal peregrinava ao Santuário de Nossa Senhora de Lujan e ela era sempre a animadora.
     Durante 54 anos a Irmã Maria Ludovica foi a amiga e a confidente, a conselheira e a mãe, guia e consolo para centenas e centenas de pessoas de qualquer classe social. No dia 25 de fevereiro de 1962 ela faleceu aos 82 anos, mas o pessoal médico em particular não se esqueceu e o Hospital das Crianças assumiu o nome de Hospital Superiora Ludovica.
     Foi beatificada pelo Papa João Paulo II, a 3 de outubro de 2004, em Roma. Seu corpo encontra-se na Catedral de La Plata, Argentina.


Fontes: vatican.vahttp://feeds.feedburner.com/~r/aciprensa-santodeldia/~4/Sjy25v7zS9M ACIPrensa - El Santo del día; extraído de Frei Contardo Miglioranza. Derramando Amor – Tradução: Maria Antônia López

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