Martirológio
Romano: Em Pádua, Beata Beatriz d’Este, virgem, que fundou nas colinas de
Euganei o mosteiro de Gemmola e no breve espaço de sua vida percorreu um árduo
caminho de monja à santidade.
Parece mentira, mas num espaço de 40 anos
viveram três beatas e uma santa com este nome e da mesma família real, todas
entre 1220 e 1267.
A Beata Beatriz I d’Este, que comemoramos
hoje, era filha de Azzo VI (Azzolino) Marquês d’Este, filho de Azzo V d’Este e
sua esposa, e de Sofia (Eleonora) de Maurienne, filha de Humberto III, Conde de
Maurienne e de Savoia e sua terceira esposa Clemência von Zähringen.
Beatriz nasceu em Este, província de Pádua,
cerca de 1200. Nos anos da juventude viveu abastadamente nos castelos d’Este e
de Calaone, e conheceu os divertimentos e os privilégios da vida de corte; foi
celebrada pelos poetas do tempo por sua virtude e beleza.
Sua vida serena foi perturbada
primeiramente pela guerra entre guelfos e gibelinos, no Vêneto, que levou à
morte prematura do pai; poucos meses depois, a família sofreu o cerco e a
humilhante rendição ao exército formado por habitantes de Pádua, Vicência e Bassane,
comandados pelo jovem Ezzelino da Romano. O seu irmão mais velho, Aldobrandino,
sucessor do pai, foi morto (talvez envenenado) em 1215.
Após estes acontecimentos dolorosos
Beatriz maturou a escolha pela vida religiosa. Inicialmente a nobre dama
ingressou no mosteiro beneditino de Santa Margarida no monte Salarola (Calaone)
onde permaneceu um ano e meio (1220-1221) sem o consenso do irmão Azzo VII, o
novo Marquês d’Este.
Em abril de 1221, após ter se reconciliado
com o irmão, Beatriz obteve do bispo de Pádua o mosteiro masculino de São João
Batista, no monte Gemmola, há tempos abandonado e cedido definitivamente a
Diocese. Ali Beatriz desejava fundar uma nova comunidade feminina sob a Regra
beneditina. Para esta finalidade destinou seus bens à reconstrução do edifício monástico
e da igreja.
Fundada a comunidade, os votos feitos, a
jovem monja atraiu, com a sua fama e o seu exemplo, várias nobres que se uniram
a ela, vindo até de longe à Gemmola. Entre estas podemos citar a Beata Juliana
dos Condes de Collalto, sepultada na igreja de Santa Eufêmia da Ilha dela Giudecca,
em Veneza, e a Beata Maria Enselmini da nobre família de Pádua, a qual
pertencia também a Beata Helena.
Beatriz e suas companheiras levavam uma
dura vida de penitência, de oração, de jejum e de pobreza. A sua humildade se
reflete na recusa de se tornar abadessa. As fontes indicam Desiderata como
aquela que foi eleita para governar o mosteiro. Provavelmente as condições de
vida tão austera, em completa clausura, minaram a saúde de Beatriz, que adoeceu
depois de poucos anos.
Faleceu em seu mosteiro de Gemmola no dia
10 de maio de 1226, com a idade aproximada de 34 anos.
O
túmulo de Beatriz se tornou alvo de grande devoção, o seu corpo permaneceu
incorrupto e depois de alguns anos foi transladado para uma urna de mármore,
cuja lápide, considerada única no seu gênero e conservada em Santa Sofia de Pádua,
tem escritas as notas biográficas e a data da morte.
Ocultada por duas vezes para defendê-la de
inimigos d’Este, no final de 1578 a urna foi transferida para Pádua, para a
Igreja de Santa Sofia. Em 1957, a Beata foi finalmente colocada na Igreja de
Santa Tecla em Este.
Em 19 de novembro de 1763, o Papa Clemente
XIII confirmou o culto e o título de beata, que há séculos lhe era tributado,
concedendo a Missa e o Ofício próprio.
As fontes históricas
Os seus dados biográficos constam da Vita Beatae Beatricis redigida por
seu pai espiritual, Frei Alberto, prior do Espírito Santo de Verona. O antigo
texto permaneceu desconhecido por séculos, e foi encontrado e publicado no
século XVIII pelo abade João Brunacci, e agora é conservado em um só códice na
Biblioteca Universitária de Modena.
Fontes:
www.santiebeati.it/;
https://it.wikipedia.org/wiki/Beatrice_I_d%27Este
Etimologia:
Beatriz, do latim Beatrix e significa “a que faz feliz alguém“;
feminino de beatus, “feliz, beato,
ditoso, bem-aventurado”.
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