Martirológio:
Em Vercelli, beata Emília Bicchieri, virgem da Ordem de São Domingos, que,
embora nomeada várias vezes priora, com alegria de espírito desempenhava entre
suas irmãs os mais humildes serviços domésticos.
A Beata Emília Bicchieri é a fundadora da
Ordem Terceira Regular Dominicana e nutriu sempre um amor fortíssimo pelo
Santíssimo Sacramento. Um dia, enquanto estava ocupando-se de uma irmã muito
doente, não viu o tempo passar e chegou ao final da Santa Missa, perdendo assim
a Comunhão. Começou então a lamentar-se com o Senhor porque não tinha podido
recebê-lo. Imediatamente apareceu um anjo e diante de todas as religiosas lhe
deu a Comunhão. Inundada de alegria a Beata mandou que se cantasse o Te Deum
por tal benefício.
Na
bela catedral basílica eusebiana de Vercelli, entre os muitos santos e beatos
que ali repousam, os restos da Beata Emília Bicchieri também são zelosamente
guardados.
Emília nasceu em Vercelli em 1238, quarta
filha de sete irmãs, filha de Pedro Bicchieri. Família muito rica, teve o
cuidado de educar piamente a prole numerosa. A pequena Emília, simples e
alegre, mostrou logo uma sabedoria bem superior à sua idade. Ela odiava os
discursos desnecessários e seu maior prazer era retirar-se para a solidão de seu
quarto para conversar com Deus. Muitas vezes se podia ouvir sua voz pela casa,
modulando com graça o canto dos salmos.
Tendo perdido sua mãe em tenra idade, se
pôs sob a especial proteção da Mãe de Deus. O pai soube continuar a
nutrir nela uma terna afeição para com ele. Isto constituiu o maior obstáculo a
superar logo que ela decidiu que queria seguir o chamado de Deus. Não cedeu aos
planos de seu pai que a queria casar; este, convencido pela filha, em 1255 decidiu
construir a expensas próprias, nos arredores de Vercelli, um novo mosteiro
dominicano em honra a Santa Margarida. Ali sua amada filha, com outras jovens,
ingressaria para seguir uma vida religiosa sob a regra da Ordem Terceira de São
Domingos.
A partir de 1273 ela se tornou priora do
mosteiro, conduzindo toda a comunidade a uma grande perfeição. Seu lema era:
"Fazer tudo somente por Deus".
Também insistentemente inculcou nos corações das irmãs uma grande gratidão pelos
muitos benefícios que Deus lhes dera. Esquecendo-se de sua origem abastada, ela
viveu na mais profunda humildade; exerceu o ofício de priora várias, sempre
agindo como a mais humilde das monjas, de modo que com sumo agrado executava os
trabalhos mais humildes da comunidade.
As
notas mais dominantes de sua espiritualidade foram a retidão de intenção e um
agradecimento filial pelos dons recebidos de Deus. Ela teve sempre uma forte
devoção à Eucaristia, à Paixão de Nosso Senhor e à Virgem. Comungava com muita
frequência, algo não comum em seu tempo. Se lhe atribuem muitos êxtases, visões
e milagres. Foi uma pessoa que amou de verdade, a exemplo de São Domingos,
fazendo da união com Deus o segredo de sua vida centrada na contemplação
assídua do mistério da Cruz.
Justamente no dia da Invenção da Santa
Cruz, dia de seu aniversário natalício, o Senhor a chamou a si: era o dia 3 de
maio de 1314, tendo ela setenta e cinco anos de idade. A oração e a íntima
união com Deus animaram a vida inteira de Emília, e na oração mais confiante faleceu.
Neste dia ela é comemorada pelo Martirológio Romano.
Emília foi oficialmente reconhecida como beata
pelo Papa Clemente XIV em 19 de julho de 1769. Suas relíquias, inicialmente
mantidas no mosteiro onde vivera, em 1811 foram transferidas para a catedral da
cidade.
Etimologia:
Emília, do latim Aemilius, derivado de Aemulus:
“êmulo, rival, zeloso, diligente, solícito”.
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