terça-feira, 2 de maio de 2017

Beata Emilia Bicchieri, Dominicana - 3 de maio

Martirológio: Em Vercelli, beata Emília Bicchieri, virgem da Ordem de São Domingos, que, embora nomeada várias vezes priora, com alegria de espírito desempenhava entre suas irmãs os mais humildes serviços domésticos.

     A Beata Emília Bicchieri é a fundadora da Ordem Terceira Regular Dominicana e nutriu sempre um amor fortíssimo pelo Santíssimo Sacramento. Um dia, enquanto estava ocupando-se de uma irmã muito doente, não viu o tempo passar e chegou ao final da Santa Missa, perdendo assim a Comunhão. Começou então a lamentar-se com o Senhor porque não tinha podido recebê-lo. Imediatamente apareceu um anjo e diante de todas as religiosas lhe deu a Comunhão. Inundada de alegria a Beata mandou que se cantasse o Te Deum por tal benefício.
     Na bela catedral basílica eusebiana de Vercelli, entre os muitos santos e beatos que ali repousam, os restos da Beata Emília Bicchieri também são zelosamente guardados.
     Emília nasceu em Vercelli em 1238, quarta filha de sete irmãs, filha de Pedro Bicchieri. Família muito rica, teve o cuidado de educar piamente a prole numerosa. A pequena Emília, simples e alegre, mostrou logo uma sabedoria bem superior à sua idade. Ela odiava os discursos desnecessários e seu maior prazer era retirar-se para a solidão de seu quarto para conversar com Deus. Muitas vezes se podia ouvir sua voz pela casa, modulando com graça o canto dos salmos.
     Tendo perdido sua mãe em tenra idade, se pôs sob a especial proteção da Mãe de Deus. O pai soube continuar a nutrir nela uma terna afeição para com ele. Isto constituiu o maior obstáculo a superar logo que ela decidiu que queria seguir o chamado de Deus. Não cedeu aos planos de seu pai que a queria casar; este, convencido pela filha, em 1255 decidiu construir a expensas próprias, nos arredores de Vercelli, um novo mosteiro dominicano em honra a Santa Margarida. Ali sua amada filha, com outras jovens, ingressaria para seguir uma vida religiosa sob a regra da Ordem Terceira de São Domingos.
     A partir de 1273 ela se tornou priora do mosteiro, conduzindo toda a comunidade a uma grande perfeição. Seu lema era: "Fazer tudo somente por Deus". Também insistentemente inculcou nos corações das irmãs uma grande gratidão pelos muitos benefícios que Deus lhes dera. Esquecendo-se de sua origem abastada, ela viveu na mais profunda humildade; exerceu o ofício de priora várias, sempre agindo como a mais humilde das monjas, de modo que com sumo agrado executava os trabalhos mais humildes da comunidade.
     As notas mais dominantes de sua espiritualidade foram a retidão de intenção e um agradecimento filial pelos dons recebidos de Deus. Ela teve sempre uma forte devoção à Eucaristia, à Paixão de Nosso Senhor e à Virgem. Comungava com muita frequência, algo não comum em seu tempo. Se lhe atribuem muitos êxtases, visões e milagres. Foi uma pessoa que amou de verdade, a exemplo de São Domingos, fazendo da união com Deus o segredo de sua vida centrada na contemplação assídua do mistério da Cruz.
     Justamente no dia da Invenção da Santa Cruz, dia de seu aniversário natalício, o Senhor a chamou a si: era o dia 3 de maio de 1314, tendo ela setenta e cinco anos de idade. A oração e a íntima união com Deus animaram a vida inteira de Emília, e na oração mais confiante faleceu. Neste dia ela é comemorada pelo Martirológio Romano.
     Emília foi oficialmente reconhecida como beata pelo Papa Clemente XIV em 19 de julho de 1769. Suas relíquias, inicialmente mantidas no mosteiro onde vivera, em 1811 foram transferidas para a catedral da cidade.


Etimologia: Emília, do latim Aemilius, derivado de Aemulus: “êmulo, rival, zeloso, diligente, solícito”.

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