segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Santa Madalena de Nagasaki, jovem mártir japonesa - Festa 15 de outubro

     
     Madalena nasceu entre 1611 e 1612, em uma aldeia próxima de Nagasaki, no Japão. Desde cedo ela recebeu esmerada educação. Os antigos manuscritos relatam que ela era uma jovem graciosa, delicada e bela. Seus pais eram católicos de nobre linhagem.
     Sua infância coincidiu com um período de cruéis perseguições contra os católicos. O ditador Tokugawa Yematsu, budista, decretou uma terrível perseguição contra os católicos em 1614. Com seus sucessores, Hidetada e Yemitsu, essa perseguição tornou-se ainda mais virulenta e cruel, a ponto de em poucos anos quase exterminar a cristandade do Japão.
     Os pais e irmãos de Madalena foram martirizados quando ela era ainda pequena. Ela certamente foi também testemunha da morte de muitos outros católicos. É provável que tivesse lido o livro “Exortação ao martírio”, que circulava clandestinamente entre os católicos. Neste livro davam-se conselhos para resistir à ira dos tiranos e eram lembrados os exemplos de crianças frágeis, além de jovens, homens e mulheres, que sofreram com paciência os mais terríveis suplícios por causa da sua fé em Jesus Cristo, recebendo assim a glória do martírio.
     A oração, a leitura dos livros sagrados e o exemplo de tantos mártires, compatriotas seus, foram fortalecendo o ânimo de Madalena.
     Por volta de 1624, chegaram a Nagasaki dois zelosos missionários agostinianos: Frei Francisco de Jesus e Frei Vicente de Santo Antônio. Ambos criaram a Ordem Terceira Agostiniana Recoleta para auxiliá-los no apostolado. Formada por leigos, a Ordem Terceira, hoje denominada Fraternidade Secular, ficava encarregada da catequese.
     Atraída pela profunda espiritualidade dos dois missionários, Madalena se consagrou a Deus como Terceira Agostiniana Recoleta, sendo uma das primeiras a entrar para aquela Ordem. Começou o seu apostolado com tanto carinho e abnegação, que foram incontáveis os pagãos que se converteram ao Cristianismo.
     Ela consolava os aflitos, animava os fracos, fortalecia os que fraquejavam por causa das perseguições, apoiava os corajosos e esforçados, dava catecismo para as crianças, e arrecadava esmolas para os pobres entre os comerciantes portugueses. Fez várias amigas entre as filhas dos ocidentais que moravam em Nagasaki, as quais muito se edificavam com as suas virtudes, tendo algumas delas relatado suas impressões e lembranças para os primeiros biógrafos da Santa.
Em 1628 a perseguição ficou mais violenta. Como quase todos os católicos de Nagasaki, Madalena se viu obrigada a refugiar-se nas montanhas. Homens e mulheres virtuosos viviam nas grutas e se alimentavam de ervas silvestres. Ali vivia ela na companhia dos demais, amada e querida de todos, mesmo dos pagãos.
     Os santos religiosos, Frei Francisco e Frei Vicente, também viviam nas montanhas zelando pelas almas e oferecendo-lhes o conforto dos Sacramentos. Entretanto, ambos foram detidos e passaram vários dias na prisão antes de serem queimados vivos no dia 3 de setembro de 1632.
     No dia seguinte, chegaram ao Japão outros dois missionários agostinianos recoletos, Frei Melquior de Santo Agostinho e Frei Martinho de São Nicolau. Estes também foram presos no dia 1° de novembro de 1632 e no dia 11 de dezembro foram queimados vivos a fogo lento, tal como havia acontecido com os Bem-aventurados Francisco e Vicente.
     Após a morte desses religiosos, Madalena permaneceu nas montanhas cerca de dois anos dedicando-se ao apostolado, batizando, aconselhando, consolando e fortalecendo os que a procuravam. Numerosos foram os católicos que preferiram morrer a renegar a fé. Infelizmente, muitos também foram os que fraquejaram e apostataram diante do horror dos suplícios.
     Desolada e triste pela apostasia destes irmãos e desejosa de sofrer o martírio, Madalena acreditou ter chegado o momento de apresentar-se aos juízes e torturadores para dar exemplo vivo aos católicos.
     Vestindo o seu hábito de Terceira e portando um pequeno alforje cheio de livros de santos para meditar e pregar no cárcere, ela se apresentou aos carcereiros e guardas dizendo-se católica e religiosa.
     Num primeiro momento os guardas mandaram-na embora, dizendo que sendo ela tão jovem e frágil não poderia suportar os horríveis tormentos a que eram submetidos os religiosos. Contudo, no dia seguinte ela foi presa.
     Admirados com sua beleza e comovidos pela sua tenra idade, vendo-a estimada e admirada pelos católicos e também por ser de família nobre e ilustre, os juízes tentaram convencê-la a abandonar a fé através de atenções especiais e promessas as mais diversas, mas tudo foi em vão.
     Depois de sofrer vários tipos de torturas sem perder a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Madalena foi tirada da prisão no início de outubro de 1634, e com outros dez católicos foi levada ao lugar do martírio.  Todos foram condenados ao tsuruchi, tormento especialmente criado para torturar os cristãos e que consistia numa forca na qual o condenado é amarrado de cabeça para baixo, sendo da cabeça para baixo preso dentro de um poço cheio de imundícies. Um corte era feito atrás da orelha, para que o sangue não chegasse à cabeça e assim a morte fosse lenta.
     Levada antes em desfile num cavalo, não demonstrava terror, mas júbilo. E aos que acompanhavam, ela pedia: “Vós que ficais, em boa hora, recomendai-me a Deus”. Levada até Nishizaka, foi amarrada e presa no tsuruchi. Os soldados às vezes ouviam-na bradar: “Tenho sede”, e perguntavam se gostaria de beber água. Ela retrucava dizendo que queria não dessa água, mas da Água Viva. Foram extraordinários treze dias e meio aguentando a tortura, sem comida ou bebida, entoando hinos cristãos em japonês.
     Os soldados não acreditavam no que estava acontecendo. “Não se surpreendam se eu não morrer nessa provação, pois o Senhor que adoro me preserva e sustenta. Sinto uma mão suave que me segura o rosto e alivia o corpo”, dizia ela.
     Suspensa pelos pés, com a cabeça e o peito imersos num poço, durante o suplício a corajosa jovem invocava os nomes de Jesus e Maria, e resistiu ao tormento por treze dias. Na noite do 13° dia, o poço foi inundado por uma tempestade e Madalena morreu afogada. Tinha então 22 ou 24 anos de idade.
     Depois de morta seu corpo foi queimado, e as cinzas foram espalhadas nas águas do mar, a fim de que suas relíquias não caíssem nas mãos dos fiéis. Seu martírio deu-se em meados de outubro de 1634.
     No Processo de Macau, feito em 1638, houve o relato de 41 testemunhas oculares, e outras informações nos chegaram por relações dos padres que a conheceram.
     Beatificada em 1981, foi declarada Santa por João Paulo II em 18 de outubro de 1987, coincidindo com o Dia Mundial de Oração pelas Missões.

Igreja em Nagasaki em honra aos mártires


Fontes de informação para as notas biográficas sobre os santos agostinianos e Bem-aventurados os livros Seduction of God (Pubblicazioni Agostiniane, Roma 2001), de autoria do Padre Fernando Rojo Martínez, OSA, e Santos e Beatos da família agostiniana. Conceda agostiniano litúrgica Missal, publicado pela Federação Agostiniana Espanhola (FAE, Madrid 2008).
https://www.povonovo.org/santa-madalena-de-nagasaki

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