Reproduzimos a seguir um artigo sobre o Halloween que traz luzes
interessantes sobre o assunto
O guia definitivo do Halloween para católicos (não, não é compatível)
Redação
da Aleteia | Out 29, 2018
Das origens (fascinantes) dessa
popular festividade, passando pela sua ruptura prática com a fé cristã até
chegar à alternativa católica segura: o "Holywins".
Todos os anos, no final de outubro,
ressurge em diversos ambientes católicos o debate sobre a compatibilidade ou
não entre a fé cristã e o “Dia das Bruxas”, cada vez mais conhecido no
Brasil pelo nome importado: “Halloween”.
A resposta para esse falso dilema
se torna clara quando se levam em conta os fatos históricos e objetivos
ligados ao surgimento, desenvolvimento, situação atual e conexões culturais
dessa festividade folclórica (diga-se de passagem, aliás, a desconsideração dos
fatos históricos e objetivos impede respostas claras seja qual for o assunto).
É com base nos fatos, portanto, que
podemos concluir de modo equilibrado que o Halloween pode até ter tido alguma
relação de compatibilidade com a fé cristã nos seus inícios, mas esta não é
mais a realidade dessa festividade há muito tempo.
PARTE 1: As origens do Halloween
O Halloween foi surgindo ao longo do tempo
como a mistura resultante de heranças pagãs do norte europeu com práticas
medievais de piedade popular católica desenvolvidas em diferentes
contextos, principalmente na Irlanda, na França e na Inglaterra, e levadas por
comunidades imigrantes até os Estados Unidos, onde as atuais tradições de 31 de
outubro se consolidaram e foram “exportadas” para dezenas de outros países.
O ELEMENTO PAGÃO
Os antigos celtas da Irlanda e da
Grã-Bretanha comemoravam um festival pagão menor no último dia de cada
mês. No caso do último dia de outubro, segundo alguns autores, seriam feitos
sacrifícios ao deus da morte, Samhain, para propiciar um bom inverno (no
hemisfério norte). Esta versão, no entanto, não é consenso entre os estudiosos.
O que se aceita mais comumente é que viria
a ocorrer, sim, um sincretismo entre o festival pagão que costumava
realizar-se no fim de outubro e a data cristã de Todos os Santos, que, aliás,
está na raiz do próprio termo inglês “Halloween”: a palavra vem de “All
Hallows’ Eve”, ou seja, “Véspera de Todos os Santos”.
O ELEMENTO CRISTÃO
A festa de Todos os Santos era
antigamente comemorada em 13 de maio, mas o Papa Gregório III a mudou para 1º
de novembro no século VIII – porque esse é o dia da dedicação da Capela de
Todos os Santos na basílica vaticana de São Pedro. Alguns anos mais tarde, o
Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse observada em
todos os lugares da cristandade. Foi assim que ela começou a ser celebrada na
Irlanda, ainda influenciada por tradições pagãs celtas.
Passadas mais algumas décadas, o abade
Santo Odilo, do poderoso mosteiro de Cluny, no sul da França, instituiu no ano
de 998 uma nova celebração para o dia 2 de novembro: aquela passaria a ser uma
jornada de oração pelas almas de todos os fiéis falecidos.
A Igreja passou então a ter duas datas
especiais consecutivas dedicadas à lembrança dos que já partiram desta vida:
uma, em 1º de novembro, para recordar todos os mortos que já estão nos céus (e
que por isso mesmo são reconhecidos como santos); a outra, em 2 de novembro,
para recordar também os mortos que ainda podem estar no purgatório.
E quanto aos mortos que foram para o inferno?
A pergunta soa absurda, mas parece que os camponeses católicos irlandeses
começaram a se questionar exatamente isso: por que ninguém se lembra das almas
infelizes que estão no inferno?
DA IRLANDA: TRÊS DATAS PARA OS MORTOS
Povoados irlandeses começaram então a
bater panelas pelas ruas na véspera de Todos os Santos – a já mencionada “All
Hallows’ Eve”. A proposta era que as almas condenadas “soubessem” que não
tinham sido esquecidas. Foi assim que, pelo menos na Irlanda, todos os mortos
passaram a ser lembrados – muito embora o clero não avalizasse as celebrações
populares da véspera de Todos os Santos porque, obviamente, não seria possível
oficializar no calendário da Igreja um “Dia de Todos os Condenados”: não
há como festejar a condenação de uma alma, nem como homenagear as almas que,
consciente e voluntariamente, optaram por se afastar de Deus eternamente e, por
conseguinte, se condenaram ao inferno.
Vale lembrar, aqui, que não é Deus quem as
condena: Ele apenas respeita a tal ponto a liberdade de escolha do ser humano
que, mesmo a Seu pesar, permite que uma alma decida rejeitá-lo de forma
completa.
DA FRANÇA: AS “DANÇAS MACABRAS”
Os séculos XIV e XV foram marcados, na
Europa, por repetidos surtos de peste bubônica, a famigerada “Peste Negra”. Com
mortes massivas que chegaram a varrer o incrível número de mais de um terço da
população do continente, cada vez mais missas eram rezadas no Dia de Finados.
Nesse contexto, começaram a se popularizar na França as representações
artísticas que hoje conhecemos como “Danças Macabras” ou “Danças da Morte“:
comumente pintadas em muros de cemitérios, as cenas mostravam o diabo
conduzindo uma fila de pessoas, incluindo papas, reis, damas, cavaleiros,
monges, camponeses, leprosos, etc., para dentro do túmulo. Essa dança era às
vezes apresentada teatralmente no Dia de Finados, com pessoas vestidas em
trajes que representavam os vários estados de vida medievais.
Os franceses se fantasiavam desse jeito no
dia de Finados – e não na véspera de Todos os Santos, que é a data do atual
Halloween. Já os irlandeses celebravam a véspera de Todos os Santos (“All
Hallows’ Eve”) – mas não se fantasiavam. Mais tarde, como logo veremos,
essas duas tradições se misturaram. E não só elas: ainda entraria em cena a
“contribuição” de um terceiro povo, o inglês.
DA INGLATERRA: O “TRICK OR TREAT“
Durante o período de repressão
anticatólica na Inglaterra, entre os séculos XVI e XVIII, os católicos não
tinham direitos legais por lá: não podiam ocupar cargos, eram sujeitos a
multas, sofriam prisão e pagavam pesados impostos. Era crime celebrar a missa
e centenas de sacerdotes foram martirizados. Um dos atos de resistência dos
católicos ingleses foi bastante desastrado: um complô para explodir o rei
protestante James I e o parlamento inteiro em Londres. A mal concebida
“Conspiração da Pólvora” foi frustrada em 5 de novembro de 1605, quando o homem
que guardava a pólvora, um imprudente convertido chamado Guy Fawkes, foi
capturado e enforcado, levando a trama ao fracasso.
Essa data se tornou conhecida como o Dia
de Guy Fawkes e virou na Inglaterra uma celebração em que foliões
mascarados batiam à porta dos católicos locais, de madrugada, exigindo cerveja
e bolos para fazerem a sua festa. Era o nascimento do desafio “trick or
treat” (“brincadeira ou acordo”): ou os católicos entregavam o que os
foliões pediam, ou os foliões aprontariam com eles alguma brincadeira nem
sempre de bom gosto…
AS TRADIÇÕES SE MISTURAM NA AMÉRICA DO NORTE
O encontro das tradições irlandesas,
francesas e inglesas aconteceu nas colônias britânicas da América do Norte
durante o século XVIII. Imigrantes católicos irlandeses e franceses começaram a
se casar entre si e, com isso, a misturar suas tradições: os irlandeses
trouxeram o costume de recordar, na véspera de todos os santos, as almas condenadas
ao inferno; os franceses, o costume de usar fantasias macabras no
dia de finados. Não tardaria para que as duas celebrações se fundissem.
Já os ingleses agregaram à mistura a sua
brincadeira do “trick or treat”, que se estendeu às crianças:
elas passaram a sair fantasiadas (inclusive de seres monstruosos) e a bater à
porta dos outros pedindo doces. Se os donos da casa dão as guloseimas solicitadas,
tudo bem; se não dão, as crianças já avisaram: vão aprontar alguma. É por isso
que, em português, a frase “trick or treat” (“brincadeira ou acordo”)
foi adaptada para a rima “gostosuras ou travessuras”.
E AS ABÓBORAS E BRUXAS?
Um dos acréscimos norte-americanos mais
recentes ao Halloween chegou por intermédio da indústria dos cartões festivos,
no final do século XIX. O Halloween já tinha a sua faceta “macabra”: por que,
então, não dar às bruxas um lugar de destaque nos cartões a serem
distribuídos aos amigos nessa data?
Os cartões de Halloween não deram certo,
mas as bruxas sim. Foi por isso que, também no final dos anos 1800, os
folcloristas mal informados introduziram nessa mistura de tradições o “jack-o’-lantern”,
ou seja, as abóboras iluminadas com uma vela. Apelando para
descontextualizadas origens druidas do Halloween, eles resgataram as luminárias
dos antigos festivais celtas de colheita – que, aliás, eram feitas
originalmente de nabos, não de abóboras.
O HALLOWEEN CHEGA À AMÉRICA LATINA
Os países latino-americanos pegaram o
bonde andando e ficaram só com a parte mais tardia da celebração popular,
traduzindo o nome da festa, em geral, como “Dia das Bruxas” – e negligenciando
toda a história da Véspera de Todos os Santos.
Este é o caso, por exemplo, do Brasil,
onde o “Dia das Bruxas” tem se tornado mais popular nos últimos anos, em
algumas regiões, principalmente por influência das escolas de idiomas
que o adotaram entre as suas atividades. “Curiosamente”, porém, outra data de
grande popularidade nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças, não ganhou o
mesmo tratamento.
PARTE 2:
Há perigos espirituais no Halloween?
O pe. Aldo Buonaiuto, da Comunidade
Papa João XXIII, é exorcista e coordenador de um serviço de ajuda a vítimas do
ocultismo em seu país, a Itália. Todos os meses de outubro, segundo o pe. Aldo,
a linha 0800 deste serviço toca sem parar. Ele mesmo explica, resumidamente:
das brincadeiras do Halloween para o ocultismo há somente um pequeno
passo.
Em 2015, o pe. Aldo lançou na Itália o
livro “Halloween: Lo scherzetto del diavolo” (A brincadeira do
diabo – título livremente traduzido, dado que a obra ainda não está
disponível em português). O texto examina aspectos históricos e sociológicos
desse fenômeno dito cultural.
Eis um depoimento do sacerdote:
“Ligou uma mãe desesperada, que tinha
descoberto as mentiras do filho, um rapaz excelente, sincero, que, de repente,
mudou de círculo de amizades. Ela descobriu que o rapaz tinha profanado um cemitério…
Eu falei com o rapaz. ‘Por que você fez isso?’ E a primeira palavra foi
‘Halloween’. Chorando, ele me falou da forte persuasão dos novos amigos. No
começo parecia tudo uma brincadeira, um jogo. Depois, ele descobriu que eles
estavam agindo a sério; que todos eles acreditavam mesmo naquilo que estavam
fazendo. E ele não conseguia se livrar deles”.
O episódio, quase banal, aponta que é
fácil entrar nesses circuitos – mas, “especialmente para um jovem, não é
fácil sair deles: por vergonha, por medo e por tantas dinâmicas típicas dessa
idade”.
O padre italiano não está sozinho no
propósito de alertar para os riscos daquilo que parece mera brincadeira. Mesmo
da curiosidade inócua partem consequências que podem não ser previstas, mas das
quais existe farta documentação.
(continua)
Fonte: https://pt.aleteia.org/
Na verdade, o Halloween não foi a origem de Ilhas Britânicas,sim na origem latina( ou seja, romana), já descobri que havia um termo antes de All Hallows'Eve que foi Vigila Omnium Sanctorum, antes de sofrer anglicanização e ganhou uma palavra anglicanizada que é All Hallows'Eve.
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