Nos dias atuais temos muitas jovens enfrentando a concupiscência de homens sem temor de Deus, cegos de paixão insana, e que sofrem até a morte para defender a sua pureza. A defesa extrema da pureza atualmente faz alguns sorrirem, resultado de um relaxamento dos costumes e de uma liberdade sem freios entre muitos jovens. A pureza, entretanto, era um bem e uma virtude que todas as jovens católicas tinham como um dom natural a defender e preservar para um amor mais completo e abençoado no Sacramento do Matrimônio, ou como um dom a oferecer a Deus em uma vida consagrada. Em 1947, ao beatificar a jovem mártir da pureza Maria Goretti (1890-1902), o Papa Pio XII quis indicá-la às jovens como exemplo de defesa extrema e heróica da pureza, e a proclamou Santa em 1950, durante o Ano Santo. O reconhecimento oficial da Igreja desta forma de martírio – que se pode considerar, segundo a linguagem de hoje, como um estupro com um fim trágico devido à resistência da vítima – trás uma nova luz ao martírio: o conceito de defesa da pureza como dom de Deus e o rebelar-se consciente até a morte. São Domingos Sávio dizia: “Antes morrer do que pecar”. A algumas dessas vítimas, como a Beata Pierina Morosini (1931-1957) da província de Bergamo; a Beata Carolina Kozka (1898-1914) mártir da Polônia; a Serva de Deus Concetta Lombardo (1924-1948) da província de Catanzaro; a Beata Albertina Berkenbrock (1919-1931) a Maria Goretti brasileira, etc., vem se juntar a Beata Antonia Mesina. Antonia, segunda de dez filhos de Agostinho Mesina e de Graça Rubanu, nasceu a 21 de junho de 1919, em Orgosolo, na província de Nuoro. Foi batizada na paróquia de São Pedro, originária do século XIV, e, como era uso então, foi crismada a 10 de novembro de 1920, quando tinha menos de dois anos de idade. Aos sete anos fez a Primeira Comunhão. A família, de condição modesta, era sustentada pelo pai que era guarda campestre, o que já era alguma coisa na carente economia de Orgosolo, região das colinas da Barbagia (alt. 620m), ao norte dos montes do Gennargentu, com as suas características casinhas, e cujas principais fontes de renda dos habitantes eram o pastoreio e a exploração dos bosques circunstantes. Antonia Mesina se formou na escola da Juventude Feminina da Ação Católica e de 1929 a 1931 fez parte dela como ‘benjamina’, e de 1934 a 1935, como sócia efetiva. Era de uma piedade simples e fervorosa, generosa na dedicação à sua família, respeitosa e caridosa com todos. De caráter reservado, típico da personalidade das mulheres da sua região, evitou tudo aquilo que pudesse ofuscar o seu bom nome e a sua modéstia. Participou com espontaneidade dos eventos de Orgosolo: uma foto a retrata usando o belíssimo traje usado pelas senhoras nas tradicionais festas da Assunção (15 agosto) e de S. Ananias (primeiro domingo de junho). No dia 17 de maio de 1935, após ter assistido a Santa Missa na paróquia de São Pedro e ter recebido a Santa Comunhão, foi ao bosque dos arredores para recolher lenha, segundo o costume, para atender às necessidades da família. Acompanhava-a uma amiga, Ana Castangia. Encontrava-se na localidade “Obadduthal” quando um jovem da sua região a abordou tentando-a e convidando-a a cometer pecado, mas ela não aceita e resiste à sua paixão insana. O jovem, cego diante da recusa, a agride com violência, massacrando-a com golpes de pedra. Foram contadas 74 feridas. Assim morre Antonia Mesina, defendendo a sua pureza, com apenas 16 anos, impregnando aquela nobre e antiga terra da Barbagia com o seu sangue inocente, tornando-se uma flor a ser admirada pelo povo de Orgosolo, que participou em massa, no dia 19 de maio de 1935, dos solenes funerais. A 22 de setembro de 1978, a Santa Sé aprovou o início do processo para a sua canonização. O papa João Paulo II beatificou esta filha da Sardenha no dia 4 de outubro de 1987. |
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