segunda-feira, 2 de maio de 2011

Beata Mafalda, Abadessa de Arouca - Festejada 1 de maio

     O seu nome de batismo lhe foi dado em consideração à avó materna, Mafalda de Sabóia, filha do rei Amadeu III e esposa de Afonso Henrique, primeiro rei de Portugal, que tornou-se independente em 1145.
     Era filha de D. Sancho I (1154-1211) segundo rei português, que ao morrer deixou a regência aos cuidados da rainha viúva e o poder efetivo ao ministro Nunez de Lara. Neste ponto entra em cena a jovem Mafalda.
     Portugal estava empenhado na guerra de reconquista contra os árabes e era absolutamente indispensável fazer um estreito laço de amizade com o reino de Castela. Este bom relacionamento deveria ser selado com um matrimônio, e o ministro Nunez de Lara decide que Mafalda deve esposar Henrique I de Castela, que era um rapaz mais jovem do que ela.
     O Papa Inocêncio III, por meio de seu legado papal, anulou o matrimônio porque Henrique e Mafalda eram parentes. Esta intervenção papal era devida a uma declaração de vassalagem de Afonso Henrique à Santa Sé durante a guerra de independência de Portugal, buscando proteção de Roma contra Castela e Leão. Entrementes, o jovem rei morreu prematuramente, em 1217, deixando Mafalda livre.
     O que pareceria uma saída de cena da princesa tornou-a protagonista de uma belíssima página da história portuguesa. Mafalda escolheu o recolhimento da vida do claustro retirando-se no Mosteiro de Arouca. Vendo ali muitas coisas a restaurar, decidiu chamar monjas cistercienses para reformar o convento beneditino em crise. Ela mesma tomou o hábito da Ordem de Cister.
     Depois, com todos os seus bens ela se põe a criar hospitais e casas religiosas nos territórios devastados pela guerra, participando do grandioso esforço coletivo para restabelecer a vitalidade das regiões abandonadas. Deixou o mosteiro somente para uma peregrinação a cidade do Porto, onde sua avó havia iniciado a construção de uma catedral.
     Foram beneficiados por sua distribuição testamentária os mosteiros de Arouca, Tuias, São Tirso, Paço de Sousa, Vila Boa do Bispo e Alcobaça, mais as Ordens do Templo, Hospital e Avis, Dominicanos do Porto e as sés do Porto e Lamego.
     A Beata Mafalda morreu no Mosteiro de Arouca numa total humildade, deitada sobre cinzas e com o cilício. Logo são relatados milagres ocorridos próximo de seu túmulo. Uma exumação feita em 1617 mostra seu corpo ainda intacto.
     Com tantas obras de piedade e misericórdia, a sua memória ficou abençoada pela devoção dos fiéis. Seu culto desde tempos imemoriais foi reconhecido por Pio VI em março de 1792.


Suas Santa Irmãs
     Além da Beata Mafalda, mais duas filhas de Dom Sancho I – Beata Sancha e Beata Teresa – nascidas e educadas na corte, alcançaram a honra dos altares.
     A Beata Sancha (1180-1229), nascida em Coimbra, foi, como suas irmãs, educada na piedade e austeridade dos bons tempos. Seu pai lhe legara a Vila de Alenquer, e, ao tomar posse do seu legado, o primeiro cuidado seu foi fundar, na Serra de Montejunto, um convento de Dominicanos, e outro de Franciscanos na mesma vila. Mandou também edificar a igreja de Redondo. Construiu o Convento de Celas, em Coimbra, onde tomou o hábito da Ordem de Cister. Sob aquela regra viveu uma vida de oração e de austeridade até à morte em 13 de março de 1229. Ela foi a primeira a renunciar ao mundo e às comodidades que sua posição lhe oferecia, para se consagrar à perfeição religiosa.
     A Beata Teresa (1177-1250) casou-se como o rei de Leão, de quem teve três filhos. O Papa Celestino III declarou a nulidade do matrimônio e Da. Teresa regressou a Portugal. O mosteiro de Lorvão foi o local escolhido para ela retirar-se. Tomou o hábito cisterciense naquele mosteiro. Restaurou o velho convento e acolheu outras companheiras.
     Mas, a sua tranqüilidade foi quebrada pelas calamidades da guerra originada nas exigências do rei de Leão, Afonso IX. Este se apoiava em direitos de um matrimônio desfeito e em litígios de herdeiros sobre direitos de sucessão. Nos últimos anos de vida, ela teve que se afligir ainda com as contendas de seus sobrinhos, D. Sancho II e D. Afonso II.       Entretanto, nada abalou sua piedade e a contínua caridade com os humildes e desprotegidos.
     As três santas irmãs foram beatificadas por Clemente XI em 1705.

Fontes: Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, http://www.santiebeati.it/

Um comentário:

  1. Igreja do Redondo, não. Ermida de Nossa Senhora da Redonda, assim chamada pela forma circular da Ermida. Aqui havia um recolhimento de mulheres que seguiam a Ordem de Cister que «pela muita aspereza da sua vida e rigoroso recolhimento que guardavam, eram chamadas Emparedadas». Por volta de 1234 por iniciativa de D. Teresa transitaram para Celas, Coimbra. Hoje esta ermida já não existe, mas o locar ainda é conhecido como Redonda.

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