Como resultado do zelo apostólico dos primeiros colonizadores de nosso continente, a Divina Providência suscitou em várias regiões almas ardentes que consagraram suas vidas à salvação das almas entre os indígenas que deixaram as trevas do paganismo e da barbárie para entrar nas hostes benditas da Santa Igreja, ou nos ambientes sociais que iam sendo criados nas colônias da Espanha e de Portugal.
O apostolado na incipiente sociedade dos primeiros séculos não foi menos árduo do que aquele levado a efeito entre os nativos. Nesse apostolado brilhou a alma extraordinária de Santa Mariana de Jesus Paredes y Flores.
Muitos brasileiros conhecem Santa Rosa de Lima, a Padroeira da América Latina, santa peruana que também viveu na época da colonização espanhola, mas Santa Mariana de Jesus é quase desconhecida entre nossos compatriotas.
Que as ações virtuosas praticadas por esta Santa sirvam de estímulo e exemplo a ser imitado, de acordo com as sábias adaptações que cada qual deve fazer, seguindo sempre a Santa Vontade de Deus.
Mariana de Jesus Paredes y Flores, nasceu em Quito (Equador) em 31 de outubro de 1618; era filha do capitão espanhol Jerônimo de Paredes y Flores e da nobre Mariana Jaramillo. Antes dos sete anos ficou órfã e uma de suas sete irmãs, Jerônima, esposa do capitão Cosme de Miranda, passou a encarregar-se de sua educação.
Logo começou a cultivar uma intensa piedade e mortificação, e um enorme apreço pela pureza e pela caridade com os pobres. Aos sete anos convidava suas sobrinhas, que eram quase da mesma idade, para rezar o Rosário e fazer a Via Sacra.
Aprendeu o catecismo tão bem, que aos oito anos de idade foi admitida a Primeira Comunhão (o que era uma exceção naquela época). O sacerdote que fez o exame de religião ficou admirado com a compreensão das verdades do catecismo que ela demonstrava ter.
Ao ouvir um sermão sobre a grande quantidade de gente que ainda não recebera a mensagem da religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, se dispôs a ir com um grupo de companheirinhas evangelizar os pagãos. No caminho, encontraram pessoas que as levaram de volta para casa; as crianças não tinham se dado conta dos perigos que poderiam enfrentar.
Em outra ocasião resolveu ir com outras meninas a uma montanha para viver como anacoretas dedicadas ao jejum e a oração. Felizmente um touro muito bravo as fez voltar correndo para a cidade.
Seu cunhado então se deu conta dos grandes desejos de santidade e oração desta menina e procurou que uma comunidade religiosa a recebesse. Porém, as duas vezes que tentou entrar em convento contrariedades imprevistas a impediram de fazê-lo. Ela então se deu conta de que Deus a queria santificar permanecendo no mundo.
Sob a direção do jesuíta Juan Camacho fez voto de virgindade perpétua. E sem ingressar em nenhuma Ordem religiosa se consagrou à oração e à penitência na sua própria casa. Ela se propôs cumprir aquele mandato de Jesus: "Quem deseja seguir-me, que negue a si mesmo".
Em 6 de novembro de 1639 ingressou na Ordem Terceira de Penitência de São Francisco de Assis, a que mais se adequava ao seu espírito de renúncia.
Mariana recebeu de Deus o dom do conselho e os conselhos que ela dava às pessoas lhes faziam um bem imenso. Ela também anunciava acontecimentos que aconteceriam no futuro, inclusive a data de sua morte. Era possuidora de um dom especial para paziguar contendores e para conseguir que as pessoas deixassem de pecar.
Ela é chamada de “a Açucena de Quito” porque durante uma enfermidade lhe fizeram uma sangria e a jovem de serviço jogou o sangue que tinham tirado de Mariana em um vaso e nele nasceu uma açucena.
Em 1645, um grande terremoto abalou a cidade de Quito e causou muitas mortes por uma epidemia terrível que se lhe seguiu. Um padre jesuíta num sermão disse: "Deus meu, eu Vos ofereço minha vida para que acabem os terremotos". Porem Mariana exclamou: "Não, Senhor, a vida deste sacerdote é necessária para salvar muitas almas. Eu entretanto não sou necessária. Eu Vos ofereço minha vida para que cessem esses terremotos".
Naquela manhã mesmo ela começou a sentir-se mal e morreu no dia 26 de maio. Deus aceitou o seu oferecimento: os terremotos cessaram e as pessoas não mais morreram. Por isso, em 1946 o Congresso do Equador deu a ela o título de "Heroína da Pátria".
Santa Mariana de Jesus foi beatificada pelo Beato Pio IX em 20 de novembro de 1853 e canonizada por Pio XII em 4 de junho de 1950.
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