sexta-feira, 6 de maio de 2011

Beata Judite (Jutta) de Sangerhausen, Viúva - Festejada 6 de maio

     Judite nasceu na região de Sangerhausen, na Turíngia (atual região central da Alemanha), no início do século XIII. A mais antiga Vita da Beata foi compilada na primeira metade do século XVII pelo jesuíta Padre Federico Schembek e escrita em língua polonesa. O autor consultou uma documentação canônica sobre Judite redigida em 1275, portanto quase sua contemporânea.
     Esta Vita de Judite tem uma semelhança muito grande com a vida de Santa Isabel da Hungria, que foi quase sua contemporânea. A Vita pode ser resumida como segue.
     Desde pequena Judite foi favorecida por graças divinas especiais, depois, iluminada por uma visão extraordinária, escolheu a vida matrimonial. Casou-se com 15 anos, tornando-se esposa exemplar de um nobre da corte de Henrique de Raspe.
     Poucos anos depois, o esposo morreu durante uma peregrinação a Terra Santa, deixando-a prostrada. Mas ficando viúva pode dedicar-se com mais zelo a oração e especialmente ao cuidado dos leprosos, atividade na qual alcançou formas heróicas.
     Educou seus filhos até atingirem uma idade em que podiam dispensar os seus cuidados. Ela se desfez de suas roupas custosas, jóias e bens condizentes com sua posição social, e tornou-se Terceira Franciscana tomando o hábito simples de religiosa.
     Judite se transferiu para Bildschön (atual Bielyczny), próximo de Kulmsee, Prússia (atual Chelmza, Polônia), numa área governada pelos Cavaleiros Teutônicos (¹), cujo Grão Mestre, Anno von Sangershausen, era seu parente.
     Vivendo na fronteira da Europa Cristã, ela se dedicou seus últimos anos de vida a rezar pela população não cristã da região. Ali ela construiu uma ermida e rezava constantemente por sua conversão.
     Visitantes vinham vê-la para receber seus conselhos e pedir suas orações, e logo sua reputação de santidade ficou conhecida. Ela dizia que havia três coisas que podem nos aproximar de Deus: doenças dolorosas, exílio e pobreza voluntária aceita por amor de Deus.
     A missão de Judite na Prússia Oriental, então feudo da Ordem Teutônica, toma um interesse histórico cultural particular. Ali se sacrificou na solidão e na oração por aquela população, confortando e assistindo os neófitos, e curando também suas doenças mais repugnantes, alcançando-lhes a graça da conversão.
     A data de sua morte é um pouco incerta, mas presumivelmente ocorreu em Kulmsee, em 6 de maio de 1260, vigília da Ascensão. De acordo com seu desejo, o sacerdote Heidemreich von Kulm (antigo Arcebispo de Armagh, Irlanda) mandou sepultá-la na capela de Kulmsee.
     Seu túmulo em Kulmsee passou a ser local de peregrinação. O bispo de Kulmsee aprovou o culto a Judite logo depois de sua morte. O clero local enviou a Roma, em 1275, uma informação canônica para o reconhecimento oficial de uma canonização que parece nunca ter acontecido.
     O culto da Beata se atenuou com o passar do tempo, mas foi retomado pelo Bispo João Lipski em 1636. Em 15 de dezembro de 1637, ele fez um reconhecimento canônico do túmulo da Beata existente na catedral de Kulmsee, mas os restos mortais de Judite não foram encontrados.
     Próximo ao sepulcro, ainda no século XVII, existia uma pintura antiga, sob a qual uma inscrição referia-se a proclamação da Beata Judite como patrona da Prússia (região histórica da Alemanha setentrional). A Beata também é patrona das viúvas.
    
(¹) A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém, conhecida apenas como Ordem Teutônica foi uma Ordem militar vinculada à Igreja Católica por votos religiosos pelo Papa Clemente III, formada em Acre, na Palestina, na época das Cruzadas, no final do século XII. Usavam sobrevestes brancas com uma cruz negra. Tiveram a sua sede em Montfort, uma fortaleza construída nos tempos do Reino de Jerusalém, durante as Cruzadas, cujos vestígios se conservam no norte de Israel.

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