Branca d’ Anjou, Rainha de Aragão, nasceu em
data desconhecida e faleceu em Barcelona no dia 14 de outubro de 1310. Era
filha de Carlos II de Nápoles (1254-1309) e de Maria da Hungria (1257-1323),
filha do rei húngaro Estevão IV.
Casou-se com Jaime II, Rei de Aragão, segundo
o estipulado no Tratado de Anagni de 20 de junho de 1295 entre angevinos e
aragoneses; o papa Bonifácio VIII havia idealizado este casamento como solução
aos enfrentamentos entre ambos. Previamente este mesmo pontífice havia
declarado nulo o matrimônio entre Jaime II e Isabel de Castela por causa de seu
parentesco, pois Jaime II e o pai de Isabel, o Rei Sancho IV de Castela, eram
primos.
Assim, Branca chegou a Perpignan por
Montpellier acompanhada de seu pai e do legado pontifício, o Cardeal de San
Clemente, junto com uma comitiva de nobres napolitanos e provençais. Prosseguiu
viagem com outros aristocratas aragoneses, e em Peralada (Gerona) se encontrou
com seu futuro esposo. Em 29 de outubro desse mesmo ano se celebrou as bodas, em
meio de grandes festejos, no mosteiro de Vilabertrán.
De profunda religiosidade inspirada na doutrina
do teólogo Arnaldo de Vilanova, costumava acompanhar seu esposo em suas viagens
(assistiu, por exemplo, a entrevista de Tarazona de 1304 entre o Rei de Aragão e
os de Castela e Portugal) e campanhas militares (como as de Almería e Sicília,
entre outras). Teve certa influência em alguns assuntos de estado, como a
política matrimonial aragonesa (e também na de sua família napolitana).
Tinha chancelaria própria e residiu geralmente
em Montblanch (Tarragona), Tortosa (Tarragona) e Santes Creus (Gerona). Neste
último mosteiro foi enterrada segundo sua própria vontade (testamento de 1308),
quando de sua morte em 1310 (foi trasladada para ali em 1316). A Beata Branca
morreu ao dar à luz a infanta Violante.
O cronista Ramón Muntaner escreveu sobre
ela que era "fonte de graça e de todas as bondades”, enquanto outros
eruditos aragoneses contemporâneos a chamavam “Doña Blanca de la Santa Paz” por
ter contribuído para o fim dos enfrentamentos com os da Casa de Anjou da Itália.
Jaime II contraiu mais tarde dois novos
matrimônios: o primeiro com Maria de Lusignan ou de Chipre e o segundo com
Elisenda de Moncada, porém somente com Branca teve dez filhos. Foram cinco meninos
e cinco meninas:
Jaime de Aragão e Anjou (1296-1334)
(o mais velho, que renunciou ao trono);
Afonso (1299-1336) (sucessor no
trono aragonês como Afonso IV o Benigno);
Maria de Aragão (1299-1347) (casada
com o infante castelhano Pedro e, depois de enviuvar, monja no mosteiro de
Sigena, Huesca);
Constança de Aragão (1/1/1300-1327)
(casada com João Manuel de Castela);
Branca de Aragão (c. 1301-1348),
priora no Mosteiro de Santa Maria de Sigena;
Isabel de Aragão (1302-1330), (casada com o duque austríaco Frederico III
da Áustria, filho de Alberto I da Germania);
João de Aragão e Anjou (1304-1334) (Arcebispo
de Toledo e Tarragona, Patriarca de Alexandria);
Pedro IV de Ribagorza (1305-1381) (casado com Joana de Foix);
Raimundo
Berenguer de Aragão (1308-1364) (casado por duas
vezes, a primeira com Branca de Anjou e a segunda com Maria de Aragão);
Violante de
Aragão (1310-1353) (casada por duas vezes, a primeira com Felipe d’Anjou,
déspota da Romênia, e depois com Lope de Luna, Senhor de Segorbe).
Quando Branca faleceu, Constança, filha natural de Frederico II da
Sicília e viúva de João IV Ducas, imperador latino de Niceia, passou a cuidar
de seus filhos.
Jaime II consolidou a Coroa de Aragão ao
declarar a união indissolúvel entre os reinos de Aragão, Catalunha e Valência
(1319); obteve a vassalagem dos reis de Maiorca (membros da casa real
aragonesa); recuperou o Vale de Arám; fundou em 1300 a Universidade de Lérida.
Para Jaime II era vergonhoso que o culto a
Maomé fosse prestado diante dos olhos dos reis da Espanha e se dedicou à luta
pela Reconquista. Os aragoneses não viam para a guerra contra os muçulmanos
invasores senão o motivo religioso, e acusavam os espanhóis de tíbios na fé e
de lutar por interesses materiais com abandono dos espirituais.
Obedecendo aos mandados pontifícios, Jaime
II submeteu os Templários de seus reinos ao processo; eles foram declarados
inocentes, mas apesar disto a Ordem foi dissolvida. Com parte de seus bens
Jaime II criou a Ordem de Montesa, reforçando a defesa do flanco sul frente aos
muçulmanos. A Ordem aprovada pelo papa João XXII em 1317, tinha como finalidade
lutar contra a passagem de hostes inimigas da fé cristã pelos seus territórios
e facilitar o combate aos mesmos no Mediterrâneo.
Jaime II faleceu aos sessenta anos e foi
sepultado junto ao seu pai, Pedro III, e a sua esposa, a Beata Branca, no
Mosteiro de Santes Creus. Ainda hoje podemos admirar o túmulo mandado construir
pelo rei para o pai e a esposa, e onde ele próprio foi sepultado.
Fonte: Autor: Bernardo
Gómez Álvarez
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