domingo, 16 de novembro de 2014

Santa Isabel da Hungria, Duquesa, 3ª. Franciscana - 17 de novembro


     Isabel foi prometida em casamento a Luís, Duque hereditário da Turíngia, pouco depois de nascer em Presburgo, Bratislava, no ano de 1207. Seus pais, André II, rei da Hungria, e Gertrudes de Meran, levaram-na num berço de prata, quando tinha apenas quatro anos, para o castelo de Wartburg, em Marburgo, onde a esperava o noivo de onze.
     Antes do casamento Isabel já sofreu muito: devido ao falecimento do sogro, a viúva e o irmão do defunto, tentaram recambiá-la para a Hungria. O amor que já unia os noivos impediu isto, mas tudo fizeram para persegui-la.
     Conta-se que sempre que Luís passava por uma cidade comprava um presente para sua prometida: uma bolsa, ou luvas, ou um rosário de coral. "Quando chegava o momento da chegada de Luís, Isabel saía ao seu encontro; o jovem lhe dava o braço amorosamente e lhe entregava o presente que havia trazido".
     O casamento aconteceu em 1221, quando Luís tinha 21 anos e Isabel 14. Antes do casamento, a viúva do sogro de Isabel e o irmão do falecido aconselharam Luís a enviá-la de volta para a Hungria, mas ele declarou que estava disposto a perder uma montanha de ouro antes que a mão de Isabel.
     Segundo os cronistas, Isabel era "muito formosa, elegante, morena, séria, modesta, bondosa em suas palavras, fervorosa na oração, muito generosa com os pobres, cheia sempre de bondade e de amor divino". Diz-se também que era "modesta como uma donzela", prudente, paciente e leal; seu povo a amava.
     Foi um matrimônio feliz. Luís IV era muito piedoso. Isabel dizia à sua fiel dama de honra Isentrude: "Se eu amo tanto uma criatura mortal, quanto mais devo amar o Senhor, imortal e Criador de todos!". Isentrude insistia sobre o afeto recíproco entre os esposos, para argumentar que a piedade divina não reprime nem suprime o afeto humano. Ela escreveu: "Eles se amavam de um amor maravilhoso e se encorajavam mutuamente no louvor e no serviço de Deus". Porém a vida matrimonial da Santa só iria durar seis anos.
     A Duquesa era desprezada na corte por causa de sua simplicidade no vestir e modéstia no modo de viver. No castelo de Wartburg, quase não era distinguida das servas. Sua devoção era considerada excessiva por muitos. Era seu costume levantar-se à noite para rezar ajoelhada no seu leito conjugal. Além disso, a jovem Duquesa tinha pouco tempo para as distrações mundanas, pois aos 15 anos tivera o seu primeiro filho, Hermano, aos 17 uma filha, Sofia (depois Duquesa do Brabante), e aos 20 uma segunda filha, Gertrudes (que seria beatificada após viver como monja premonstratense). Esta última nascida já órfã de pai.
     No verão de 1227, Luís IV partiu para a 6ª Cruzada na Terra Santa, quando Isabel esperava o terceiro filho. Luís se empenhara em organizar essa Cruzada porque o Papa Honório III havia prometido liberá-lo da intromissão do Arcebispo de Mogúncia. Ele partiu sob o comando do Imperador Frederico II. Mas, não veria a Palestina: ele contraiu uma doença contagiosa em Otranto, Itália. Três meses depois de sua partida, um mensageiro trazia a notícia: o Duque morrera na Itália, onde aguardava para embarcar com Frederico II.
     Segundo Isentrude, "ainda quando o marido vivia, ela era como uma religiosa humilde e caridosa, toda dedicada à oração. Cumpria todas as obras de caridade na maior alegria e sem alterar sua fisionomia".
     Viúva aos 20 anos com três filhos pequenos, Isabel tinha direito a um dote. O confessor sugeriu a ela que contraísse novas núpcias, ou entrasse em um mosteiro, como outras rainhas fizeram. Mas, ela já ouvira os franciscanos que pregavam na Turíngia, e sabia onde encontrar "a perfeita alegria". Com seu dote tinha planos de construir um hospital (e o faria realmente).
     Seu infortúnio haveria de começar com a morte do esposo. A sogra sempre hostilizara a jovem Duquesa. Certa feita, na festa da Assunção em que acompanhara a futura sogra, Isabel tirara a coroa e prostrara-se durante muito tempo diante do Crucifixo. Aborrecida, a mulher começara a ridicularizá-la dizendo: "Quando é que encerras esta cena de te deitares por terra como mula velha cansada? Pesa-te muito a coroa? Dessa maneira pareces uma provinciana dobrada em duas!" Erguendo-se, Isabel apenas disse que não pudera usar uma coroa de pérolas diante de Cristo crucificado e coroado de espinhos.
     Ao saberem do falecimento de Luís IV, Isabel foi alvo da ambição do tio do falecido e dos cunhados que não queriam suportá-la mais. Isabel foi expulsa do castelo de Wartburg; saiu à noite, com a filha recém-nascida nos braços e os outros dois agarrados à saia. Foi preciso se abrigar com as crianças num curral de porcos até ser socorrida como uma pobre pelos franciscanos de Eisenach. Com receio de desagradar o regente, ninguém mais se atrevia a ajudá-la. Por fim, seu tio, Bispo de Bamberg, lhe deu asilo.
     Esteve por uns tempos no Castelo de Pottenstein e finalmente fixou moradia em uma casa modesta de Marburgo, onde mandou construir um hospital com seus últimos recursos, ficando reduzida à miséria. No espírito e à exemplo de São Francisco, que morrera há apenas um ano, vestiu o burel de Terceira Franciscana em 1227, e se dedicou a todas as obras de misericórdia. Ela socorria os doentes e cuidava dos leprosos, colocando-se sob a direção espiritual de um religioso muito exigente. Viveu como pobre, renunciando retornar à Hungria, como desejavam seus pais, o rei e a rainha da Hungria.
     Entrementes os companheiros de armas de seu esposo voltam da Cruzada. Luís IV incumbira-os de proteger sua esposa e eles já se preparavam para atender ao pedido do moribundo, quando o usurpador mudou de atitude para com Isabel. Os direitos de seus filhos foram reconhecidos, mas, em virtude de sua escolha pela pobreza, foram tirados de seu convívio.
     Durante quatro anos viveu praticando extrema penitência e intensa caridade, não comendo, não dormindo, dando tudo aos pobres, sempre pressurosa no atendimento aos doentes. A sua dedicação era disfarçada sob uma normalidade que incluía pequenos gestos exteriores inspirados não numa simples benevolência, mas por um verdadeiro respeito pelos inferiores. Não se excedia nas penitências pessoais que pudessem impedi-la de praticar as obras de caridade.
     No dia 19 de novembro de 1231, com apenas 24 anos, Santa Isabel faleceu em Marburgo, Alemanha.
     Em tão breve tempo de vida foi esposa e mãe dedicada e afetuosa, Terceira Franciscana penitente e caridosa. Após sua morte, o confessor revelou que ainda quando seu esposo estava vivo, ela já se dedicava aos enfermos, até aos mais repugnantes. "Alimentava alguns, a outros procurava leito, levou outros sobre os próprios ombros, dedicando-se sempre, sem todavia entrar em discordância com o marido".
     A fama de sua santidade levou o Papa Gregório IX a ordenar um inquérito sobre os prodígios que lhe eram atribuídos. Foi um trabalho difícil e cheio de complicações, inclusive trágicas, pois o confessor de Isabel, o Arcebispo de Mogúncia, morreu assassinado. Roma retomou as investigações e chegou à canonização em 1235, ainda sob o Papa Gregório IX.
     Os seus despojos foram retirados de Marburgo durante os conflitos no tempo da Pseudo-reforma protestante, e parte deles estão em Viena. É patrona dos enfermeiros, das associações de caridade e da Ordem Terceira Franciscana.
 

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