Na cidade de Eracléia, sofreram o martírio, devido o ódio à
fé cristã, 40 santas mulheres, virgens e viúvas, que a tradição oriental
distingue em um único e grande ícone. O Martirológio Romano recorda este grupo
de mártires em data moderna.
No dia 19 de novembro, o Martirológio
Jeronimiano recorda o martírio de quarenta mulheres em Heraclea (Trácia).
Nicéforo Calisto levanta a hipótese de que estas mulheres seriam esposas dos 40
mártires de Sebaste (comemorados em 9 de março), mas não é possível documentar
tal fato.
O relato do martírio foi feito no primeiro
Martirológio Romano e a sua autenticidade é digna de fé. Todas as fontes
antigas, como o Menológio de Basílio Porfirogenito, dão validade a esta antiga
tradição. A "Paixão" menciona o diácono Amon como o mestre e promotor
da conversão ao Cristianismo do numeroso grupo de senhoras.
No tempo do Imperador Constantino (280-337), Licínio Valério Liciniano
(250-325) estava associado na direção do Império no Oriente. A perseguição
contra os cristãos, cessada definitivamente com o Edito de Milão de 313, e
firmado por dois imperadores, ainda estava esporadicamente em uso.
Licínio mandou Baudo à Berea como funcionário. Apenas instalado, ele
recebeu uma denúncia contra Celsina, priora, e as quarenta virgens e viúvas
reunidas com ela em uma comunidade monástica. Depois de um interrogatório em
que finge se sujeitar às disposições do funcionário pagão, Celsina se retira em
oração e é exortada a perseverar pelo diácono Amon, seu diretor espiritual.
Durante o segundo interrogatório, estando presente toda a comunidade de
monjas, os ídolos se esmigalharam e o sacerdote de Zeus foi elevado por anjos
pelos ares e precipitado ao solo, esfacelando-se, enquanto Amon e as 40
senhoras cristãs se retiravam.
Baudo ficou enfurecido e mandou colocar um elmo de bronze na cabeça de
Amon, mas o elmo voou em direção à cabeça do mesmo Baudo, que nada fez para
perdoar os mártires. Enviou o grupo para Licínio, em Eracléia, onde as virgens
veneraram as relíquias de Santa Glicéria, virgem e mártir, depois elevada à
padroeira da cidade.
O imperador ordenou que todo o grupo fosse jogado às feras, mas os
animais não quiseram tocá-lo. Licínio então mandou matar o diácono Amon, as
virgens encabeçadas por Celsina e as viúvas por Lourença, massacrando-as por
grupos em meio aos maiores suplícios inventados pelos pagãos.
A data do martírio, levando-se em conta os anos de governo dos
imperadores Constantino e Licínio, e do Edito de Milão de 313, se pode deduzir
que tenha sido 312 ou nos primeiros dias do ano 313.
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