Vítima de brutais covardias, Verônica Antal
sacrificou a própria vida para se manter fiel a Cristo
Foi beatificada neste último sábado, 22 de
setembro, na Igreja da Assunção em Nisiporesti, Romênia, a jovem Verônica
Antal, mártir da pureza num contexto de grandes sofrimentos e perseguições
contra os cristãos da sua terra.
Sob o jugo do comunismo
Em sua época, cidadãos eram presos não
somente por se oporem ao regime comunista que subjugava a Romênia, mas também
por testemunharem a sua fé em Jesus Cristo: a convicção religiosa, aliás, era
considerada pelos perseguidores comunistas como a “maior culpa” a ser
castigada.
A vida da comunidade católica romena foi
posta à prova com dureza pela doutrina leninista-marxista, que excluía Deus e
os valores cristãos do horizonte de vida das pessoas.
A inspiração profética de outra santa mártir da
pureza
A Beata Verônica estava lendo a biografia
de Santa Maria Goretti, a mártir da castidade, sem saber que dentro de
poucos dias ela própria teria o mesmo fim da jovem italiana: seria morta pelas
mãos de um homem que queria violentá-la.
Comentando a leitura, Verônica tinha
confidenciado a uma amiga que se fosse necessário, ela também se comportaria do
mesmo jeito que Santa Maria Goretti. Numa folha de papel, chegou a escrever: “Eu
sou de Jesus e Jesus é meu”.
De fato, para permanecer fiel a Jesus,
Verônica preferiu a morte.
O tesouro da família
A jovem era filha de agricultores de Nisiporesti,
norte da Romênia, nasceu no dia 7 de dezembro de 1935, foi batizada no dia
seguinte, Festa da Imaculada Conceição, e cresceu sob a grande influência da
avó, Zarafina, que lhe ensinou a rezar e a frequentar a Santa Missa – não só
dominical, mas diária, e exigindo um percurso a pé de 8 quilômetros até a
igreja. A avó também ensinou a menina a fiar e costurar, o que permitiu que ela
fizesse roupas típicas do seu país.
Verônica era uma menina alegre que não
faltava às aulas, mesmo precisando ajudar nos árduos trabalhos agrícolas da
família. Junto com a Eucaristia, o rosário também fazia parte da vida da
família.
A consagração a Jesus
Foi nesse contexto de humildade, trabalho,
família e fé que aos 16 anos Verônica sentiu o chamado de Jesus e o desejo de
entrar no convento das Irmãs Franciscanas Missionárias de Assis, do vizinho
vilarejo de Hălăuceşti.
Mas
o governo comunista suprimiu as ordens religiosas em toda a Romênia, inclusive
o convento de Hălăuceşti. Verônica precisou, por isso, viver a vida de
clausura em casa, reservando um quarto para se recolher em oração e tornando-se
fiel seguidora da Ordem Terceira Franciscana, bem como da Milícia da Imaculada
(fundada por São Maximiliano Kolbe). Ela emitiu de forma privada o voto de
castidade.
A jovem se tornou conhecida pela caridade
para com os pobres, doentes, idosos e mães em dificuldade, além de dar
catequese na paróquia. Seu lema era: “Esta é a vontade de Deus: a sua
santificação”.
O martírio
Na noite de 23 de agosto de 1958, Verônica
foi para Hălăuceşti, onde seriam realizadas Confirmações no dia seguinte. No
dia 24 de agosto, depois da Missa, as amigas ajudaram-na a ordenar a sacristia.
No final da tarde, as amigas foram para casa, mas ela lhes disse que a precedessem,
ela as seguiria mais tarde. As jovens que saíram antes chegaram a contar que Verônica estava inquieta
e pálida naquele dia, como se pressentisse o que estava para lhe acontecer.
O
martírio se consumou no trajeto de 8 quilômetros de campos desertos que
separavam a igreja da sua casa. Lá estava Pavel Mocanu, o jovem que começou a assediá-la com propostas
indignas. Há tempos ele premeditava fazer mal a qualquer “freira”, como com
desprezo definia Verônica e suas amigas. Do assédio, ele não tardou a partir para a
violência assassina: inconformado com as recusas de Verônica, ele a deixou
sangrando até a morte num milharal, depois de lhe desferir brutais e covardes
42 facadas.
Seu corpo, inviolado, foi achado na manhã
seguinte. A coroa do rosário ainda estava apertada entre os seus dedos.
“Viveu como santa e morreu como santa”
A fama
de santidade da jovem impulsionou as visitas ao local do seu martírio como se
fosse um santuário.
Verônica, a mártir romena da castidade sob
o jugo do comunismo, se une agora à alva fila dos santos que defenderam a
pureza com o sacrifício da própria vida:
Santa
Maria Goretti, na
Itália;
Beata
Albertina Berkenbrock, no
Brasil;
Beata Anna
Kolesárová, na
Eslováquia;
Beata
Teresa Bracco, também
na Itália, que resistiu à tentativa de estupro por parte de um soldado nazista;
Beata
Carolina Kózka, na
Polônia, que resistiu à violência sexual de um soldado das tropas russas que
ocupavam o país na Primeira Guerra Mundial.
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