Esta
mártir desfruta da distinção, única na liturgia romana, de ter uma comemoração
especial na segunda missa no dia de Natal. Esta Missa era originalmente
celebrada não em honra do nascimento de Cristo, mas em comemoração à esta
mártir, e no final do quinto século seu nome também foi inserido no cânon da
Missa.
No
entanto, ela não é uma santa romana, pois sofreu o martírio em Sirmium, e não
foi venerada em Roma senão a partir do final do quinto século. É verdade que
uma lenda posterior, não antes do século VI, torna Anastásia uma romana,
embora, mesmo nessa lenda, ela não tenha sofrido o martírio em Roma. A mesma
lenda liga o seu nome com o de São Crisógono, também não um mártir romano, mas
morto em Aquileia, embora tenha uma igreja em sua honra em Roma.
De
acordo com esta "Passio", Anastácia era filha de Pretextato, um
romano vir illustris, e tinha Crisógono
como professor. No início da perseguição de Diocleciano, o imperador convocou
Crisógono a Aquileia, onde sofreu o martírio.
Anastácia, tendo ido de Aquileia a Sirmium
para visitar os fiéis daquele lugar, foi decapitada na ilha de Palmaria, em 25
de dezembro, e seu corpo foi enterrado na casa de Apolônia, convertida em
basílica.
O relato é puramente lendário e não se
baseia em informações históricas. Tudo o que é certo é que uma mártir chamada Anastácia
deu sua vida pela fé em Sirmium, e que sua memória foi mantida sagrada naquela
igreja.
O chamado "Martyrologium
Sieronymianum" (ed. De Rossi e Duchesne, Acta SS., 2 de novembro) registra
seu nome em 25 de dezembro, não apenas para Sirmium, mas também para
Constantinopla, uma circunstância baseada em uma história separada.
De acordo com Theodorus Lector (Hist.
Eccles., II, 65), durante o patriarcado de Gennadius (458-471) o corpo da
mártir foi transferido para Constantinopla e enterrado em uma igreja que até
então era conhecida como “Anastasis” (Gr. Anastasis,
ressurreição); daí em diante a igreja adotou o nome de Anastácia. Da mesma
forma, o culto de Santa Anastácia foi introduzido em Sirmium por meio de uma
igreja já existente. Como esta igreja já era bastante famosa, trouxe a festa da
santa em destaque especial.
Existia
em Roma desde o quarto século, aos pés do Palatino e acima do Circo Máximo, uma
igreja adornada pelo papa Dâmaso (366-384) com um grande mosaico. Era conhecida
como “titulus Anastasix”, e é
mencionada como tal nos Atos do Concílio Romano de 499.
Há alguma incerteza quanto à origem deste
nome: ou a igreja deve sua fundação e recebeu o nome de uma matrona romana Anastácia,
como no caso de várias outras igrejas titulares de Roma (Duchesne), ou era
originalmente uma igreja "Anastasis" (dedicada à ressurreição de
Cristo), como já existia em Ravenna e Constantinopla. Da palavra
"Anastasis" veio eventualmente o nome "titulus Anastasix" (Grisar). Seja como for, a igreja foi
especialmente proeminente do quarto ao sexto século, sendo a única igreja
titular no centro da Roma antiga, e rodeada pelos monumentos do passado pagão
da cidade.
Dentro de sua jurisdição estava o
Palatino, onde ficava a corte imperial. Desde que a veneração da mártir de Sirmium,
Anastácia, recebeu um novo ímpeto em Constantinopla durante a segunda metade do
quinto século, podemos facilmente inferir que as íntimas relações
contemporâneas entre a Velha e a Nova Roma trouxeram um aumento na devoção a
Santa Anastácia os pés do Palatino. Em todo caso, a inserção de seu nome no
Cânon Romano da Missa, no final do século V, mostra que ela ocupava uma posição
única entre os santos publicamente venerados em Roma.
Daí
em diante a igreja no Palatino é conhecida como “titulus sanctx Anastasix”, e a mártir de Sirmium tornou-se a santa
titular da antiga basílica do século IV. Evidentemente por causa de sua posição
como igreja titular do distrito incluindo as moradas imperiais no Palatino,
esta igreja manteve por muito tempo um posto eminente entre as igrejas de Roma;
apenas duas igrejas a precederam em honra: São João de Latrão, a igreja mãe de
Roma e Santa Maria Maior. Este antigo santuário está hoje bastante isolado
entre as ruínas de Roma. A comemoração de Santa Anastácia na segunda missa no
dia de Natal é o último resquício da antiga proeminência desfrutada por esta
santa e sua igreja na vida da Roma cristã.
Fonte: J.P. KIRSCH
(Catholic Encyclopedia)
A vida de santa Anastácia, transmitida de
geração a geração, desde os primórdios do cristianismo, traz os episódios
históricos verídicos mesclados a fatos lendários e às tradições orais. Vejamos
como chegou à cristandade no terceiro milênio.
Diocleciano foi imperador romano entre os
anos 284 e 305. Na época, Anastácia, filha de Protestato e Fausta, ambos
romanos e pagãos, era uma jovem belíssima. Junto com sua mãe, foi convertida à
fé cristã por seu professor Crisógono, futuro santo mártir. As duas se
dedicavam a ajudar os pobres e à conversão de pagãos.
Com a morte da mãe, o pai lhe impôs o
casamento com Públio, um rico pagão da nobreza romana. Mesmo contra a vontade,
Anastácia se casou. Logo o marido a proibiu de envolver-se com qualquer tipo de
atividade, como era de costume entre as damas da sociedade. Mas ela continuou
ajudando os pobres às escondidas e, quando o marido foi informado, puniu-a com
crueldade. Foi proibida de sair de casa. Naquele momento, o consolo veio por
meio dos conselhos do professor Crisógono, que já era perseguido e acabou sendo
preso.
Na ocasião, o imperador Diocleciano nomeou
Públio embaixador na Pérsia. Ele partiu deixando Anastácia sob a guarda de
Codizo, homem cruel que tinha ordem de deixá-la morrer lentamente. Logo chegou
a notícia da súbita morte de Públio. Anastácia foi libertada e soube que seu
conselheiro, Crisógono, seria transferido para o julgamento na Corte imperial
de Aquiléia. A discípula o acompanhou na viagem e assistiu o interrogatório e,
depois, a sua decapitação.
Cada vez mais firme na fé, voltou a
prestar caridade aos pobres e a pregar o evangelho de Cristo. Suspeita de ser
cristã, foi levada à presença do prefeito de Roma, que tentou fazê-la renunciar
à sua religião. Também o próprio imperador Diocleciano tentou convencê-la, mas
tudo inútil. Anastácia voltou para a prisão.
Em seguida, Diocleciano partiu para a
Macedônia, levando consigo os prisioneiros cristãos, inclusive ela. Da Macedônia
foram para Esmirna, na Dalmácia, atual Turquia. Lá, outros cristãos denunciados
foram presos. Entre eles estavam a matrona Teodora e seus três filhos, depois
também santos da Igreja. A eles Anastácia dispensava especial atenção.
Os carcereiros informaram o imperador, que mandou prender Anastácia durante um mês no pior dos regimes carcerários. No fim do período, ela estava mais bela do que antes, e ainda mais firme na sua fé. Inconformado, o imperador a entregou para ser morta junto com os outros presos cristãos. Anastácia morreu queimada viva, no dia 25 de dezembro de 304, em Esmirna.
Os carcereiros informaram o imperador, que mandou prender Anastácia durante um mês no pior dos regimes carcerários. No fim do período, ela estava mais bela do que antes, e ainda mais firme na sua fé. Inconformado, o imperador a entregou para ser morta junto com os outros presos cristãos. Anastácia morreu queimada viva, no dia 25 de dezembro de 304, em Esmirna.
Primeiro, o corpo de Anastácia foi
enterrado na diocese de Zara; depois, em 460, foi levado para Constantinopla.
Seu culto, um dos mais antigos da Igreja, se espalhou por toda a cristandade do
Oriente e do Ocidente. Em quase todos os países, existem igrejas dedicadas a
ela, e muitas guardam, para devoção dos fiéis, um fragmento de suas relíquias.
Sua celebração ocorre tanto no Oriente como no Ocidente, no dia de sua morte,
sempre recordada na missa do período da tarde, em razão da festa do Natal de
Jesus Cristo.
Fonte:
Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário