A
Venerável Anita Cantieri nasceu no Município de Lucca, na Província da Toscana,
Itália, em 30 de março de 1910. Ela foi a última de uma família de mais sete
irmãos e três irmãs, em um total de 11 filhos. Sua família era profundamente
religiosa, de forma tal que iniciaram o seu catecismo muito cedo: aos cinco
anos de idade ela já era considerada pronta para receber a Primeira Eucaristia.
Dos 11 aos 18 anos, ela estudou sob a
orientação das irmãs de Santa Dorotéia em Lucca. Aos 12 anos de idade, ela
decidiu se tornar religiosa e aí muitas transformações ocorreram dentro dela,
transformações estas que ela mesma definiu como sendo a sua conversão para
Deus.
Enquanto os anos se passavam, tornou-se
notório a todos, na sua escola ou na sua Paróquia, que ela era sempre a
primeira a tomar as iniciativas espirituais de senso comum, sempre encorajando
suas amigas e companheiras, especialmente através do próprio exemplo de vida
que dava. E assim ela se preparava para a sua total consagração à Deus através
da vida religiosa.
Em 24 de maio de 1930, Anita tornou-se
postulante nas Irmãs Carmelitas de Santa Teresa. Desde o dia que ingressou, ela
sempre demonstrou que possuía uma profunda vida interior e mostrou cada um dos
sinais de que se tornara uma perfeita religiosa. Tudo fazia com alegria, muito
cuidado e exatidão. Era especialmente devota à Eucaristia, perpetuamente
exposta à adoração aos fiéis na igreja localizada ao lado do Convento.
Apenas três meses após sua entrada no convento,
adoeceu seriamente. Seus superiores foram forçados a enviá-la para sua casa. Ela
retomou sua vida como leiga, sempre cheia de esperança de que sua enfermidade
passasse e ela pudesse voltar ao Carmelo. Isto foi uma grande provação para
Anita, porém ela aceitou com resignação a vontade de Deus.
Em seu diário ela relatava como a sua
doença física não afetava a sua calma e, na realidade, ela agradecia a Deus por
tê-la feito entender que a vocação Carmelita dela era para ser vivida na sua
família, onde não faltava clausura, cela ou mortificação.
Para se tornar uma santa conforme a
Espiritualidade Carmelita, seu diretor espiritual, Monsenhor Pasquinelli, a
matriculou na Ordem Terceira Secular de Nossa Senhora do Monte Carmelo e Santa
Teresa em 1º de julho de 1935. Como Carmelita, ela chamou-se Teresa do Menino
Jesus.
Em 25 de agosto de 1936, tornou-se membro
de Regnum Christi, uma associação de leigos orientada para o apostolado. De
acordo com a sua compreensão do significado da vida, ela entendeu que uma vida
de oração e meditação é um momento especial de união com Deus, aceitação
generosa e serena dos seus sofrimentos emocionais e físicos de todos os dias e
orações oferecidas à conversão das almas, bem como pela santificação dos padres
e das almas consagradas a Deus.
Sua condição física piorou e no início de
1942 tornava-se claro que o seu tempo aqui na terra não duraria muito.
Comenta-se até que ela previu o dia e a hora da sua morte. A morte de Anita
Cantieri se deu às 10 horas da manhã de 24 de agosto de 1942.
Apesar de não haver eventos
extraordinários na sua vida, ela se destacou pelo seu desejo ardente de imitar
a Cristo e atingir o auge da perfeição cristã. De fato, ela escreveu em seu
diário: “Eu não quero permanecer medíocre
na fé. Eu quero me tornar uma santa e como a Glória de Deus se correlaciona com
a minha santidade espiritual, eu desejo alcançar isso de maneira grandiosa”.
Dois outros pontos importantes emergiram
no processo da sua beatificação. Primeiro, ela se deixou guiar pela fé
verdadeira em todos os seus pensamentos e atitudes. Ela sempre aderiu com todas
as suas forças às verdades da religião. Em particular, ela se sentiu fortemente
atraída pelos mistérios da Santíssima Trindade, da Eucaristia, da morte
redentora do Cristo e da vida da Virgem Santíssima. Em todas as suas ações, foi
profundamente animada pelo desejo de realizá-los para a glória de Deus e a
salvação das almas.
A segunda consideração foi destacada
durante os julgamentos canônicos. Anita, apesar de acometida de tuberculose
pulmonar e abdominal, e limitada a conseguir sentar-se em uma cadeira de tempos
em tempos, era intensamente interessada no bem-estar espiritual dos outros e no
apostolado da igreja.
Padre Simeão da Sagrada Família, o
postulador da ordem descalça, escreveu sobre este aspecto notável da sua vida:
“Ela também sentiu um desejo vívido de comunicar sua fé aos outros.
Consequentemente, ela teve um zelo particular por espalhar o reino de Deus e
tornou-se um ajudante eficaz do Pastor. Preocupava-se com a instrução de adultos
na fé e na vida de oração. Ela trabalhava pela salvação dos pecadores,
garantindo que o Viático era dado a tempo a todos os necessitados”.
Anita devotou-se de todo o coração à
vocação que descobriu no seu leito de doente: participação nos sofrimentos de
Jesus Crucificado pela salvação dos outros. Esta união com Jesus na Cruz,
juntamente com o amor d’Ele no Sagrado Sacramento e o amor por Maria, foram as
grandes devoções de sua vida.
Ela realizou um apostolado impressionante
do seu leito de doença. Pessoas que inicialmente iam consolar a sofredora, eram
confortadas, aconselhadas e encorajadas por Anita. No final de sua vida, havia
uma corrente constante de visitantes no seu leito. Anita tornou-se uma fonte de
graça para todos que dela se aproximavam. Ele se tornou Venerável no dia 12 de
dezembro de 1991.
“O
pensamento de que existem almas que, por sua própria culpa, caem no inferno, me
faz tremer de compaixão. A todo custo quero evitá-lo, oferecendo a mim mesma
por eles como sacrifício de adoração e reparação. Para amar a Deus e torná-lO
amado por muitas e muitas almas em eterna alegria, eu pouco me importaria de
uma eternidade de sofrimentos”.
“Para
agradecer por uma única comunhão, uma vida inteira empenhada no serviço de Deus
não seria suficiente. E Jesus se dá para mim todos os dias!”
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