Século
VII depois de Cristo, uma nova etapa da Santa Igreja. Era a época da formação
da Cristandade. As nações iam se delineando e a Fé verdadeira tinha uma missão
imensa diante de si: converter povos pagãos, evangelizá-los. É preciso louvar e
reverenciar os propulsores desta nova etapa. Entre tantas figuras exponenciais,
degustemos a história de uma região hoje conhecida como Reino Unido.
Quando os pais de nossa Santa, Oswiu e
Eanflæd se casaram no ano de 643 d.C., uniram os dois reinos nortumbrianos de
Bernicia e Deira. É difícil imaginar como seriam aqueles pequenos reinos que iriam
formar nações tão cultas e civilizadas. Mas as ações daqueles reis incipientes
revelam como tinham já grande Fé, senão vejamos:
O rei Oswiu deu 12 parcelas de terras para
estabelecer 12 mosteiros como uma oferta de agradecimento por sua vitória na
Batalha de Winwaed sobre o rei Penda, da Mércia, em 15 de novembro de 654 ou
655. Uma daquelas parcelas de terra estava em Streoneshalh, mais tarde chamado
Whitby. Como parte desse presente de ação de graças, o Venerável Beda (*) nos
conta que Oswiu ofereceu sua filhinha Edna, que tinha apenas um ano de idade,
“em perpétua virgindade” ao Mosteiro de Hartlepool, sob a orientação da
abadessa Hilda.
Dois anos depois, em 657, a Abadia de
Whitby foi estabelecida e Santa Hilda e a criança se mudaram de Hartlepool para
a nova abadia. Assim, é provável que Edna tenha nascido por volta de 655 ou
656. É interessante que seu pai, o rei Oswiu, foi um dos participantes do
Sínodo de Whitby, em 664, sínodo que resolveu a controvérsia sobre a Páscoa e
escolheu a forma de culto e de vida da Igreja latina em lugar da forma celta.
(obs. na gravura acima, Santa Edna ocupa o troneto de abadessa e atende pessoas)
(obs. na gravura acima, Santa Edna ocupa o troneto de abadessa e atende pessoas)
Primórdios da vida e relações familiares:
Santa Edna (Elflaed em inglês) foi a
segunda ou terceira abadessa de Whitby após a morte de Santa Hilda de Whitby em
680. Como Santa Hilda, ela governou a Abadia de Whitby por 33 anos.
Eddius
Stephanus (Estevão de Ripon) em sua Vida
de São Wilfrid descreveu Edna como “sempre
a fonte de consolação para todo o reino, e a melhor das conselheiras”. A
vida anônima de São Gregório foi escrita em Whitby enquanto ela era abadessa.
Nós
a conhecemos principalmente pelos escritos do venerável Beda (ver o dia 23) em
sua História Eclesiástica do Povo Inglês
e A Vida de São Cuthbert.
Edna
nasceu na família real nortumbriana do rei Oswiu (Oswy) e sua esposa, a rainha
Eanflæd, filha do rei Edwin. Por seu lado materno, ela era neta do rei de
Deira, Edwin e sua esposa, a rainha Ethelburg, e a bisneta do rei Ethelbert de
Kent e sua esposa, Berta. No lado paterno, ela era neta do rei Ethelfrith e
Acha de Bernícia e bisneta do rei Ælle. O muito amado rei Oswald era seu tio.
Sim, ela era bem relacionada! Era uma princesa daqueles primitivos reinos.
Edna tinha uma irmã Osthryth que se tornou
a rainha da Mércia. Tinha pelo menos três irmãos que conhecemos, Eahlfrith,
Ecgfrith e Elfwine, e um meio-irmão Aldfrith, que nasceu fora do casamento, de
uma princesa irlandesa chamada Fin. Este filho ilegítimo, Aldfrith, foi criado
na ilha de Iona e foi considerado por Beda e Alcuíno como o homem mais culto e
sábio. Alguns pensam que a primeira esposa de Oswiu pode ter sido uma princesa
de Rheged chamada Rieinmellt, de acordo com as genealogias anglo-saxônicas da História
Britânica.
Sta. Edna encontra S Cuthbert |
Após
a morte de Hilda em 680, Santa Eanflæd, então viúva de Oswiu, ingressou na
Abadia de Whitby, e ela e sua filha Edna tornaram-se abadessas conjuntas; mais
tarde Edna foi a única abadessa até sua morte em 714.
A Igreja Católica na Nortúmbria do tempo
de São Cuthbert era uma instituição rica e aristocrática. Em pelo menos uma
ocasião a princesa abadessa Edna é encontrada em banquete com São Cuthbert de
Lindisfarne.
A Abadia de Whitby era constituída de
religiosas famosas por suas habilidades em medicina. Edna era particularmente
conhecida por ser hábil em cirurgia e em sua atenção pessoal aos pacientes,
como já o fora Santa Hilda, que era conhecida por seu atendimento médico
personalizado.
Como sua mãe, Edna foi relacionada com o
bispo São Wilfrid, e desempenhou um papel importante nas tratativas que colocou
seu sobrinho Osred, filho de Aldfrith, no trono em 705. Ela foi uma figura
política importante desde a morte de seu irmão Ecgfrith, em 685, até que ela
própria morreu.
De acordo com um relato, Edna sofreu uma
doença incapacitante por algum tempo. Um dia, ela pensou em São Cuthbert e
desejou ter algo pertencente a ele, pois tinha certeza de que isto iria
ajudá-la. Logo depois chegou um mensageiro com o presente de um cinto de linho
de São Cuthbert. Ela colocou-o e dentro de três dias ela recuperou a saúde.
Sua
piedade foi elogiada por contemporâneos como o venerável Beda e Estêvão de
Ripon. Beda refere-se a seu alto grau de santidade e devoção, enquanto Estêvão
a chama de “consoladora de todo o reino e
a melhor conselheira”.
Edna foi altamente considerada entre os
líderes no Sínodo de Nidd onde falou “palavras inspiradoras”. Nas conclusões
finais do sínodo, foram levadas em consideração as sugestões do Arcebispo e da
Abadessa Edna. Na Vida de São Cuthbert é mencionado que uma igreja que Edna
mandou construir em uma de suas propriedades fora de Whitby foi consagrada por
aquele bispo.
Há uma carta escrita por volta do ano 700,
que alguns estudiosos acreditam ter sido escrita por uma muito culta Edna num
latim muito florido, endereçada à Abadessa Adolana de Pfalzel, perto de Trèves,
recomendando uma de suas amigas, outra abadessa que estava hospedada em Whitby,
pronta para retornar à sua casa.
Ela
foi considerada santa e celebrada em 8 de fevereiro. Santa Edna foi enterrada
em Whitby. Uma hagiografia tardia, a Vita
sanctae Elfledae, sobreviveu, reunida por John Capgrave em Nova Legenda Angliae, em 1516.
Escavações
feitas na década de 1920 por Radford e Peers encontraram várias fundações de
edifícios e duas pedras memoriais gravadas que, acredita-se, registraram a
morte de Santa Edna, abadessa de Whitby, e Cineburga, rainha do rei Oswald.
Abadia de Whitby
O primeiro mosteiro foi fundado em 657
d.C., durante o período anglo-saxão, pelo rei Oswiu da Nortumbria, com o nome
de Streoneshalh. Ele designou Hilda, abadessa da Abadia de Hartlepool, e
sobrinha de Eduino, o primeiro rei cristão da Nortúmbria, como primeira
abadessa. Acredita-se que o nome Streoneshalh signifique "Baía do
Forte" ou "Baía da Torre", em referência a um suposto
assentamento romano que teria existido no local. Esta suposição jamais foi
provada e teorias alternativas já foram propostas, como a que propõe que o nome
signifique "Assentamento de Streona".
O mosteiro duplo de monges e freiras beneditinos
foi o lar do grande poeta nortumbriano Caedmon. Em 664 d.C., o Sínodo de Whitby,
no qual o rei Oswiu decretou que a igreja nortumbriana iria adotar o cálculo da
data da Páscoa e a tonsura romanos, foi realizado na abadia.
Whitby foi destruída pelos dinamarqueses
em ataques sucessivos entre 867 e 870, permanecendo abandonada por 200 anos. A
existência de um prestebi,
"habitação de padres" na língua nórdica antiga, na pesquisa de
Domesday, pode indicar um renascimento da vida religiosa no local desde o
período das invasões vikings. O antigo mosteiro era composto de quarenta monasteria vel oratoria arruinados,
similares às ruínas monásticas irlandesas, com diversas capelas e celas onde
habitavam os monges.
Reinfrid, um soldado no exército de
Guilherme, o Conquistador, se tornou monge e viajou até Streoneshalh, que então
já era conhecido como Prestebi ou Hwitebi (o "assentamento
branco" em nórdico antigo). Ele pediu a William de Percy, que lhe doou o
arruinado mosteiro de São Pedro e as terras adjacentes para que ele iniciasse
um novo mosteiro. Serlo de Percy, o irmão do fundador, se juntou a Reinfrid no
novo mosteiro, que passou a seguir a regra de São Bento.
Este segundo mosteiro perdurou até ser
destruído por Henrique VIII, em 1540, durante a Dissolução dos Mosteiros. Os
edifícios da abadia então foram abandonados, se arruinaram e foram utilizados
como fonte de pedras para construções nas redondezas, permanecendo, porém, como
uma marca visível para marinheiros. Atualmente, as ruínas pertencem ao English Heritage, que as mantém.
Em 1914, a Abadia de Whitby foi alvo de um
ataque pelos cruzadores dos alemães, que tentavam acertar um posto de radar das
proximidades. A abadia foi consideravelmente danificada no ataque, que durou
dez minutos.
(*)
Beda (c. 673 - + 26 de maio de 735) conhecido também como Venerável Beda, ou
São Beda, foi um monge inglês que viveu nos mosteiros de São Pedro, em
Monkwearmouth, e São Paulo, na moderna Jarrow, no nordeste da Inglaterra, uma
região que na época era parte do Reino da Nortúmbria. Ele é conhecido
principalmente por sua obra-prima História
Eclesiástica do Povo Inglês, um trabalho que lhe rendeu o título de Pai da História inglesa.
Em 1899, ele foi proclamado Doutor da
Igreja pelo Papa Leão XIII, um dos mais importantes títulos teológicos da
Igreja Católica, e é até hoje o único nativo da Grã-Bretanha a alcançar a
posição (Santo Agostinho de Cantuária, também um doutor, era nativo da Itália).
Além disso, o Venerável Beda era um habilidoso linguista e tradutor, e suas
obras ajudaram a tornar acessíveis os textos dos primeiros Padres da Igreja,
escritos em latim ou em grego, para os anglo-saxões, contribuindo assim para o
desenvolvimento do Cristianismo inglês. O mosteiro de Beda dispunha de uma
grande biblioteca que incluía, entre outras, as obras de Eusébio e Orósio.
Manuscritos da História Eclesiástica do Povo Inglês |
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