sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Santa Edna, Abadessa de Whitby – 8 de fevereiro

   
     Século VII depois de Cristo, uma nova etapa da Santa Igreja. Era a época da formação da Cristandade. As nações iam se delineando e a Fé verdadeira tinha uma missão imensa diante de si: converter povos pagãos, evangelizá-los. É preciso louvar e reverenciar os propulsores desta nova etapa. Entre tantas figuras exponenciais, degustemos a história de uma região hoje conhecida como Reino Unido.  
     Quando os pais de nossa Santa, Oswiu e Eanflæd se casaram no ano de 643 d.C., uniram os dois reinos nortumbrianos de Bernicia e Deira. É difícil imaginar como seriam aqueles pequenos reinos que iriam formar nações tão cultas e civilizadas. Mas as ações daqueles reis incipientes revelam como tinham já grande Fé, senão vejamos:
     O rei Oswiu deu 12 parcelas de terras para estabelecer 12 mosteiros como uma oferta de agradecimento por sua vitória na Batalha de Winwaed sobre o rei Penda, da Mércia, em 15 de novembro de 654 ou 655. Uma daquelas parcelas de terra estava em Streoneshalh, mais tarde chamado Whitby. Como parte desse presente de ação de graças, o Venerável Beda (*) nos conta que Oswiu ofereceu sua filhinha Edna, que tinha apenas um ano de idade, “em perpétua virgindade” ao Mosteiro de Hartlepool, sob a orientação da abadessa Hilda.
     Dois anos depois, em 657, a Abadia de Whitby foi estabelecida e Santa Hilda e a criança se mudaram de Hartlepool para a nova abadia. Assim, é provável que Edna tenha nascido por volta de 655 ou 656. É interessante que seu pai, o rei Oswiu, foi um dos participantes do Sínodo de Whitby, em 664, sínodo que resolveu a controvérsia sobre a Páscoa e escolheu a forma de culto e de vida da Igreja latina em lugar da forma celta.
(obs. na gravura acima, Santa Edna ocupa o troneto de abadessa e atende pessoas)
Primórdios da vida e relações familiares:
    Santa Edna (Elflaed em inglês) foi a segunda ou terceira abadessa de Whitby após a morte de Santa Hilda de Whitby em 680. Como Santa Hilda, ela governou a Abadia de Whitby por 33 anos.
     Eddius Stephanus (Estevão de Ripon) em sua Vida de São Wilfrid descreveu Edna como “sempre a fonte de consolação para todo o reino, e a melhor das conselheiras”. A vida anônima de São Gregório foi escrita em Whitby enquanto ela era abadessa.
    Nós a conhecemos principalmente pelos escritos do venerável Beda (ver o dia 23) em sua História Eclesiástica do Povo Inglês e A Vida de São Cuthbert.
     Edna nasceu na família real nortumbriana do rei Oswiu (Oswy) e sua esposa, a rainha Eanflæd, filha do rei Edwin. Por seu lado materno, ela era neta do rei de Deira, Edwin e sua esposa, a rainha Ethelburg, e a bisneta do rei Ethelbert de Kent e sua esposa, Berta. No lado paterno, ela era neta do rei Ethelfrith e Acha de Bernícia e bisneta do rei Ælle. O muito amado rei Oswald era seu tio. Sim, ela era bem relacionada! Era uma princesa daqueles primitivos reinos.
     Edna tinha uma irmã Osthryth que se tornou a rainha da Mércia. Tinha pelo menos três irmãos que conhecemos, Eahlfrith, Ecgfrith e Elfwine, e um meio-irmão Aldfrith, que nasceu fora do casamento, de uma princesa irlandesa chamada Fin. Este filho ilegítimo, Aldfrith, foi criado na ilha de Iona e foi considerado por Beda e Alcuíno como o homem mais culto e sábio. Alguns pensam que a primeira esposa de Oswiu pode ter sido uma princesa de Rheged chamada Rieinmellt, de acordo com as genealogias anglo-saxônicas da História Britânica.
Sta. Edna encontra S Cuthbert
     Após a morte de Hilda em 680, Santa Eanflæd, então viúva de Oswiu, ingressou na Abadia de Whitby, e ela e sua filha Edna tornaram-se abadessas conjuntas; mais tarde Edna foi a única abadessa até sua morte em 714.
     A Igreja Católica na Nortúmbria do tempo de São Cuthbert era uma instituição rica e aristocrática. Em pelo menos uma ocasião a princesa abadessa Edna é encontrada em banquete com São Cuthbert de Lindisfarne.
     A Abadia de Whitby era constituída de religiosas famosas por suas habilidades em medicina. Edna era particularmente conhecida por ser hábil em cirurgia e em sua atenção pessoal aos pacientes, como já o fora Santa Hilda, que era conhecida por seu atendimento médico personalizado.
     Como sua mãe, Edna foi relacionada com o bispo São Wilfrid, e desempenhou um papel importante nas tratativas que colocou seu sobrinho Osred, filho de Aldfrith, no trono em 705. Ela foi uma figura política importante desde a morte de seu irmão Ecgfrith, em 685, até que ela própria morreu.
     De acordo com um relato, Edna sofreu uma doença incapacitante por algum tempo. Um dia, ela pensou em São Cuthbert e desejou ter algo pertencente a ele, pois tinha certeza de que isto iria ajudá-la. Logo depois chegou um mensageiro com o presente de um cinto de linho de São Cuthbert. Ela colocou-o e dentro de três dias ela recuperou a saúde.
     Sua piedade foi elogiada por contemporâneos como o venerável Beda e Estêvão de Ripon. Beda refere-se a seu alto grau de santidade e devoção, enquanto Estêvão a chama de “consoladora de todo o reino e a melhor conselheira”.
     Edna foi altamente considerada entre os líderes no Sínodo de Nidd onde falou “palavras inspiradoras”. Nas conclusões finais do sínodo, foram levadas em consideração as sugestões do Arcebispo e da Abadessa Edna. Na Vida de São Cuthbert é mencionado que uma igreja que Edna mandou construir em uma de suas propriedades fora de Whitby foi consagrada por aquele bispo.
     Há uma carta escrita por volta do ano 700, que alguns estudiosos acreditam ter sido escrita por uma muito culta Edna num latim muito florido, endereçada à Abadessa Adolana de Pfalzel, perto de Trèves, recomendando uma de suas amigas, outra abadessa que estava hospedada em Whitby, pronta para retornar à sua casa.
     Ela foi considerada santa e celebrada em 8 de fevereiro. Santa Edna foi enterrada em Whitby. Uma hagiografia tardia, a Vita sanctae Elfledae, sobreviveu, reunida por John Capgrave em Nova Legenda Angliae, em 1516.
     Escavações feitas na década de 1920 por Radford e Peers encontraram várias fundações de edifícios e duas pedras memoriais gravadas que, acredita-se, registraram a morte de Santa Edna, abadessa de Whitby, e Cineburga, rainha do rei Oswald.

Abadia de Whitby
     O primeiro mosteiro foi fundado em 657 d.C., durante o período anglo-saxão, pelo rei Oswiu da Nortumbria, com o nome de Streoneshalh. Ele designou Hilda, abadessa da Abadia de Hartlepool, e sobrinha de Eduino, o primeiro rei cristão da Nortúmbria, como primeira abadessa. Acredita-se que o nome Streoneshalh signifique "Baía do Forte" ou "Baía da Torre", em referência a um suposto assentamento romano que teria existido no local. Esta suposição jamais foi provada e teorias alternativas já foram propostas, como a que propõe que o nome signifique "Assentamento de Streona".
     O mosteiro duplo de monges e freiras beneditinos foi o lar do grande poeta nortumbriano Caedmon. Em 664 d.C., o Sínodo de Whitby, no qual o rei Oswiu decretou que a igreja nortumbriana iria adotar o cálculo da data da Páscoa e a tonsura romanos, foi realizado na abadia.
     Whitby foi destruída pelos dinamarqueses em ataques sucessivos entre 867 e 870, permanecendo abandonada por 200 anos. A existência de um prestebi, "habitação de padres" na língua nórdica antiga, na pesquisa de Domesday, pode indicar um renascimento da vida religiosa no local desde o período das invasões vikings. O antigo mosteiro era composto de quarenta monasteria vel oratoria arruinados, similares às ruínas monásticas irlandesas, com diversas capelas e celas onde habitavam os monges.
      Reinfrid, um soldado no exército de Guilherme, o Conquistador, se tornou monge e viajou até Streoneshalh, que então já era conhecido como Prestebi ou Hwitebi (o "assentamento branco" em nórdico antigo). Ele pediu a William de Percy, que lhe doou o arruinado mosteiro de São Pedro e as terras adjacentes para que ele iniciasse um novo mosteiro. Serlo de Percy, o irmão do fundador, se juntou a Reinfrid no novo mosteiro, que passou a seguir a regra de São Bento.
     Este segundo mosteiro perdurou até ser destruído por Henrique VIII, em 1540, durante a Dissolução dos Mosteiros. Os edifícios da abadia então foram abandonados, se arruinaram e foram utilizados como fonte de pedras para construções nas redondezas, permanecendo, porém, como uma marca visível para marinheiros. Atualmente, as ruínas pertencem ao English Heritage, que as mantém.
     Em 1914, a Abadia de Whitby foi alvo de um ataque pelos cruzadores dos alemães, que tentavam acertar um posto de radar das proximidades. A abadia foi consideravelmente danificada no ataque, que durou dez minutos.

(*) Beda (c. 673 - + 26 de maio de 735) conhecido também como Venerável Beda, ou São Beda, foi um monge inglês que viveu nos mosteiros de São Pedro, em Monkwearmouth, e São Paulo, na moderna Jarrow, no nordeste da Inglaterra, uma região que na época era parte do Reino da Nortúmbria. Ele é conhecido principalmente por sua obra-prima História Eclesiástica do Povo Inglês, um trabalho que lhe rendeu o título de Pai da História inglesa.
     Em 1899, ele foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII, um dos mais importantes títulos teológicos da Igreja Católica, e é até hoje o único nativo da Grã-Bretanha a alcançar a posição (Santo Agostinho de Cantuária, também um doutor, era nativo da Itália). Além disso, o Venerável Beda era um habilidoso linguista e tradutor, e suas obras ajudaram a tornar acessíveis os textos dos primeiros Padres da Igreja, escritos em latim ou em grego, para os anglo-saxões, contribuindo assim para o desenvolvimento do Cristianismo inglês. O mosteiro de Beda dispunha de uma grande biblioteca que incluía, entre outras, as obras de Eusébio e Orósio.
Manuscritos da História Eclesiástica do Povo Inglês

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