sexta-feira, 29 de maio de 2015

Santa Úrsula Ledóchowska, Fundadora - 29 de maio

    
     Úrsula Maria Ledóchowska nasceu no dia 17 de abril de 1865 em Losdorf na Áustria. Seu nome de batismo era Júlia Maria. Era filha do Conde Antônio Ledóchowski e da Condessa suíça Josefa Salis-Zizers, um casal muito austero que educou os nove filhos na fé cristã e teve a alegria de dois deles serem elevados à honra dos altares.
     A família Ledóchowski contava com vários homens de Estado, militares, eclesiásticos e pessoas consagradas, comprometidas na história da Europa e da Igreja. Seu tio, o Cardeal Miecislao Ledóchowski († 1902), se opôs às medidas antirreligiosas de Bismarck.
     Outros dois irmãos escolheram a vida consagrada: Maria Teresa, fundadora da Congregação de São Pedro Claver, beatificada em 1975; e o insigne Geral dos jesuítas, Vladimiro Ledóchowski (1866-1942).
     Dificuldades financeiras fizeram com que no ano de 1874 a família se mudasse para Sankt Pölten. Júlia Maria completou seus estudos em uma escola dirigida pelas Irmãs Religiosas do Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, fundado pela Beata Maria Ward (1585-1645).
     Júlia Maria gozava de um afeto especial. Sua mãe chamava-a de “Raio de Sol” e ela aceitou este nome como seu programa de vida, queria como um raio depender continuamente do seu Sol Divino e com seu amor iluminar a vida dos outros, para conduzi-los à fonte de todo o bem, que é Deus.
     Nos estudos se distinguia pela inteligência, aplicação e comportamento de tal modo que seu nome foi escrito no “Livro de Ouro” da escola. Cultivou suas capacidades artísticas de música, pintura e línguas.
     Em 1883 a família Ledóchowski retornou à Polônia e se estabeleceu em Lipnica Murowana, próximo à Cracóvia. Os seus numerosos contatos com o povo da localidade permitiram-lhe descobrir quais eram suas dificuldades e sofrimentos, o que lhe deu oportunidade para colocar-se a serviço dos mais necessitados. Júlia iniciou seus trabalhos de acolhimento e ajuda aos mais necessitados na cidade.
     Seu irmão, Vladimiro, declara: “Tinha um coração extremamente sensível e terno para com cada miséria e cada desgraça. Cercava de cuidados e preocupações especialmente os doentes e pobres; ia buscá-los em casa, providenciava remédios, prestava diversos serviços, consolava-os”.
     No ano 1885 assistiu a morte de seu pai, vítima de varíola. Antes de morrer, ele concedeu-lhe a bênção para tornar-se religiosa.
     Em 18 de agosto 1886 Júlia entrou no Convento das Ursulinas de Cracóvia. Em 1887 recebeu o hábito religioso e tomou o nome de Úrsula Maria. "Soubesse só amar! Arder, consumar-se no amor" - assim escreveu ela antes dos votos religiosos aos 24 anos de idade. Iniciou as atividades de educadora e professora no ginásio dirigido pelas mesmas Irmãs.
     Em 1904 foi eleita Superiora do convento. Abriu o primeiro pensionato para as moças universitárias que estudavam longe da família. Como professora unia o profundo conhecimento da matéria com uma acessível e interessante forma de ensinar. Exercia uma profunda e duradoura influência sobre as educandas. Não poupava esforços para aprofundar nas alunas a vida espiritual. Com as irmãs, como Superiora, era paciente e compreensiva.
     Em Cracóvia entrou em contato com muitas jovens provenientes dos territórios ocupados pela Rússia. Sentia a necessidade de abrir uma obra missionária na Rússia.
     Em 1907, a pedido da colônia polonesa de Petersburgo e com a bênção do Papa São Pio X, Madre Úrsula, vestida de leiga, porque era proibida a existência de conventos naquele país, partiu com algumas irmãs para Petersburgo e assumiu a direção do internato junto ao ginásio polonês Santa Catarina.
     Em Petersburgo, ela não se desencorajou diante das numerosas dificuldades, do deplorável estado financeiro do pensionato, dos educadores e professores mal dispostos para com as religiosas, da falta de conhecimento da língua russa e da necessidade de esconder a própria identidade religiosa, ao menos nos contatos oficiais.
     A aproximação com as moças foi relativamente fácil. Eis o que relata uma delas: “Rebeldes, esperávamos na grande sala, segundo o que nos foi dito, a nossa nova e severa educadora. Entretanto, entrou uma pessoa serena e querida, passou sobre nós um olhar bondoso e disse com um sorriso: ‘Então, daqui em diante seremos uma família’. Viemos para perto dela. Rompeu-se o gelo”. Também o corpo docente foi conquistado e algumas das professoras, entre elas a responsável do pensionato, aumentaram a comunidade das irmãs, naturalmente no maior segredo.
     Madre Úrsula com toda a energia põe-se a trabalhar. Tomou nas mãos a administração do internato e introduziu as mudanças necessárias. Dedicou, porém a maior parte do seu tempo para as jovens. Fez surgir uma capela dentro do internato. Fundou a Congregação Mariana, organizou retiros estimulando nas educandas a necessidade de Deus.
     A Madre e as Irmãs da comunidade viviam na clandestinidade, sempre vigiadas pela polícia secreta, mas desenvolvendo um intenso trabalho educativo e de formação religiosa, orientado também para a aproximação das relações entre polacos e russos.
     Em 1910 abriu na Finlândia (que se encontrava sob o domínio russo) Merentähti, uma escola com pensionato para as jovens polonesas. Merentähti se tornou o centro de ajuda e de atividade religiosa também para a população local, na maior parte pobres pescadores. Aprendeu a difícil língua finlandesa para traduzir o catecismo e os cantos religiosos. Trouxe de Petersburgo uma enfermeira para cuidar dos doentes.
     As autoridades russas percebem a atuação da Madre e iniciam uma sequência de interrogações e perseguições. Com o estouro da Primeira Guerra Mundial ela foi expulsa definitivamente do território russo e da Finlândia, refugiando-se na Suécia. Criou ali a Congregação Mariana onde promovia retiros com diversas senhoras; publicou a revista mensal Centelhas do Sol, primeira revista católica da Suécia, que existe ainda hoje.
     Entre outras atividades deu início a um Instituto de Línguas Estrangeiras. Entrou no comitê de ajuda às vítimas da guerra na Polônia, organizado por H. Sienkiewicz, realizando conferências nos países escandinavos para angariar adesão àquela causa.
     No ano de 1917, iniciou ainda outras obras importantes: na Dinamarca (Djursholm, 1915 e Aalborg 1918) organizou a casa para os órfãos dos operários poloneses que vinham aos países escandinavos para trabalhar periodicamente e por causa da guerra ficaram separados do próprio país. Fundou também uma escola de economia doméstica para as jovens.
     Em 1920 retornou à Polônia com um grupo de irmãs e de órfãos de famílias emigradas. Como as religiosas Ursulinas da Polônia não aceitaram as Irmãs que voltavam da Rússia e da Dinamarca, Madre Úrsula teve que dar início a uma nova Congregação: as Irmãs Ursulinas do Coração de Jesus Agonizante, cujas Constituições ela mesma redigiu e Pio XI aprovou.
     Madre Úrsula resumiu em uma frase o espírito que deve animar os membros de seu Instituto: “Inflama-te na oração até arder e gasta-te no trabalho até dar a vida”.
     A Congregação participou com dinamismo na vida do país em reconstrução; depressa se desenvolveu, nascendo comunidades na Polônia e nas fronteiras orientais do País. Em 1928, abriu a Casa Generalícia em Roma e um pensionato para moças de poucas posses, para melhor conhecerem a riqueza espiritual e religiosa do coração da Igreja e da civilização europeia.
     O Instituto começou um trabalho entre os pobres dos subúrbios de Roma e, em 1930, estabeleceu-se na França, sempre com as mesmas preocupações de educação e de ensino. Entre os anos 1920 - 1939 foram fundadas 35 casas na Polônia, Itália e França. O número de Irmãs chegou a 800.
     Ela mesma escrevia livros e artigos; procurava iniciar e apoiar organizações eclesiásticas para as crianças (em 1925 deu início na Polônia à Cruzada Eucarística, que em 1939 contava cerca de 200 mil crianças), para a juventude e para as senhoras. Participava ativamente na vida da Igreja e do País, recebendo altos reconhecimentos, bem como condecorações estatais e eclesiásticas.
     Madre Úrsula morreu em Roma, no dia 29 de maio de 1939, na casa geral da Congregação. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Verano. Em 22 de abril de 1959 foi realizada uma exumação e o corpo intacto foi transferido para a casa geral.
     Em 1989 foi realizada uma segunda exumação e o corpo foi transladado para a Polônia, em Pniewy, atraindo um grande número de peregrinos. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 20 de junho de 1983 e canonizada em 18 de maio de 2003.
     As Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante estão presentes em 13 países: Polônia, Itália, França, Canadá, Argentina, Brasil, Alemanha, Finlândia, Tanzânia, Rússia, Ucrânia, Filipinas e Bolívia.
 
Fontes: http://www.zenit.org/pt; http://alexandrinabalasar.free.fr/maria_ursula_ledochowska.htm;

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