(continuação)
A estrela que os guiou
O referido manuscrito estava na Biblioteca
Vaticana havia pelo menos 250 anos, mas não se sabe mais nada de sua
proveniência.
Está escrito em siríaco, língua falada
pelos primeiros cristãos da Síria e ainda hoje, bem como do Iraque e do Irã.
O Prof. Landau acredita que no apócrifo
entra muita imaginação. Mas, há uma muito longa descrição das supostas
práticas, culto e rituais dos Reis Magos.
Feitos, pois, os devidos descontos no
apócrifo, lemos nele que Set, terceiro filho de Adão, transmitiu uma profecia,
talvez recebida de seu pai, de que uma estrela apareceria para sinalizar o
nascimento de Deus encarnado num homem.
Prêmio a uma fidelidade de séculos
Gerações de Magos teriam aguardado durante
milênios até a estrela aparecer, confiantes no aviso de Set.
Mistérios da fidelidade! Milênios
aguardando, gerações morrendo na esperança e transmitindo aos filhos o anúncio
de um dia remoto em que o mundo receberia o Salvador!
Segundo o Prof. Landau, o apócrifo diz que
a estrela no fim “transformou-se num pequeno ser luminoso de forma humana que
foi Cristo, na gruta de Belém”.
A afirmação não é procedente se a
interpretarmos ao pé da letra. Mas, levando em conta o estilo altamente poético
do Oriente, poderíamos supor que o brilho da estrela de Belém convergiu no
Menino Jesus e desapareceu.
E, de fato, depois de encontrar o Menino
Deus, os Magos não mais viram a estrela. Alertados por um anjo, voltaram por
outro caminho às suas terras, como ensina o Evangelho de São Mateus, que não
mais menciona a estrela no retorno.
Anúncio dos profetas e juízo de Padres e Doutores da
Igreja
A festa da adoração dos Reis Magos ao
Menino Jesus recebeu o nome de Epifania do Senhor. Epifania vem do grego:
πιφάνεια que significa “aparição; fenômeno miraculoso”.
A festa se comemora no dia 6 de janeiro,
ou seja, doze dias após o Natal, ou 2 domingos após o Natal, dependendo do
calendário litúrgico usado.
“Andaram as gentes na tua luz e os reis no
esplendor do teu nascimento”, profetizou Isaías (Is 60, 3).
E São Tomás de Aquino explica: ‘Os Magos
foram as primícias dos gentios que acreditaram em Cristo. E neles se
manifestou, como um presságio, a fé e a devoção das gentes que vieram a Cristo
das mais remotas regiões’.
Santo Agostinho sublinha que eles
procuraram com fé mais ardente Àquele que punham de manifesto o clarão da
estrela e a autoridade das profecias.
São João Crisóstomo completa dizendo:
“porque buscavam um Rei celeste, embora nada descobrissem nele denotador da
excelência real, contudo, contentes com o só testemunho da estrela,
adoraram-no”.
Fonte:
Dado essencial: houve o fenômeno astronômico denominado “estrela de Belém”
No post anterior referimos a tese do
astrônomo Mark Thompson, da Royal Astronomical Society de Londres e
apresentador científico da BBC, noticiada por "The Telegraph". Cabe
ponderar que essa tese não é a única nos meios científicos.
Há anos, Werner Keller, num livro muito
divulgado e que é digno de uma atualização com as novas descobertas científicas
(Werner Keller, “E a Bíblia tinha razão”) recolhe afirmações avalizadas de
cientistas de fama universal.
Pouco antes do Natal, no dia 17 de
dezembro de 1603, o famoso matemático imperial e astrônomo da corte, Johannes
Kepler, estava em Praga observando, com seu modesto telescópio, a “conjunção”
de Saturno e Júpiter na constelação de Peixes.
Kepler lembrou que segundo o rabino
Abarbanel (1437-1508) para os astrólogos judeus o Messias viria por ocasião de
uma conjunção de Saturno e Júpiter na constelação dos Peixes.
Após muitos cálculos, Kepler decidiu-se
pela ideia que aquela “conjunção” aconteceu no ano 6 a.C. Mas, a época de
Kepler era a dos “filósofos das Luzes”, laicistas e agnósticos, que recusavam a
priori tudo o que falasse em favor do cristianismo, e não prestou ouvidos à
hipótese do cientista.
Em 1925, o assiriólogo alemão Paul
Schnabel decifrou as anotações cuneiformes da escola astrológica de Sippar, na
Babilônia. Nelas encontrou uma nota sobre a conjunção de Júpiter e Saturno
cuidadosamente registrada durante cinco meses no ano 7 antes do nascimento de
Cristo!
Para os caldeus, Peixes representava
Ocidente e para a tradição judaica, simbolizava Israel e o Messias. Júpiter foi
considerado por todos os povos e em todos os tempos a estrela da sorte e da
realeza.
Segundo a velha tradição judaica, Saturno
deveria proteger Israel; Tácito comparava-o ao Deus dos judeus. A astrologia
babilônia considerava o planeta dos anéis como astro especial das vizinhas
Síria e Palestina.
Uma aproximação esplendorosa de Júpiter
com Saturno, protetor de Israel, na constelação do “Ocidente”, do Messias,
significava o aparecimento de um rei poderoso no Ocidente, na terra de Israel.
E esse foi o motivo da viagem dos magos do Oriente, conhecedores das estrelas! Assim
como eles podiam prever os futuros eclipses do Sol e da Lua, souberam prever
com exatidão a data da “conjunção” seguinte: o 3 de outubro, data da festa
judaica da propiciação.
Os magos devem ter entrado em Jerusalém em
fins de novembro.
“Onde está o rei dos judeus, que nasceu?
Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo. E, ouvindo isso,
o Rei Herodes turbou-se, e toda a Jerusalém com ele” (Mateus 2.2, 3).
Para os conhecedores dos astros do
Oriente, essa devia ser a primeira e natural pergunta, e era lógico que
produzisse espanto em Jerusalém.
Herodes era um tirano odiado, fora posto
no trono pelos romanos, não era propriamente judeu, e sim idumeu. O anúncio de
um rei recém nascido fê-lo temer pela sua soberania.
O historiador judeu Flávio Josefo informa
que, por essa época, correu entre o povo o rumor de que um sinal divino
anunciara o advento de um soberano judeu.
Herodes consultou os príncipes dos
sacerdotes e os escribas do povo para indagar onde havia de nascer o Cristo.
Estes encontraram no livro do profeta Miquéias:
“E tu, Belém Efrata, tu és pequenina entre
milhares de Judá; mas de ti é que me há de sair aquele que há de reinar em
Israel...” (Miquéias 5.2).
Ouvindo isso, Herodes mandou chamar os
magos “e enviou-os a Belém” (Mateus 2.4 a 8).
Como em 4 de dezembro Júpiter e Saturno se
reuniram pela terceira vez na constelação de Peixes, eles “...ficaram possuídos
de grandíssima alegria” e partiram para Belém, “e eis que a estrela, que tinham
visto no Oriente, ia adiante deles” (Mateus 2.10 e 9).
Na terceira conjunção, Júpiter e Saturno pareciam
fundidos numa grande e rutilante estrela e, no crepúsculo do anoitecer,
apareciam no sul, isto apontando o caminho de Jerusalém para Belém. Desta
maneira, tinham a brilhante estrela sempre diante dos olhos, e, como diz o
Evangelho, a estrela ia “adiante deles”.
Afinal, temos vontade de perguntar: com o que
foi a conjunção de Júpiter: com Saturno, como diz Kepler, ou com Regulus, como
diz Thompson?
A pergunta só poderá ser respondida em
definitivo pelos cientistas.
O
mesmo pode se dizer sobre a relativa disparidade das datas. As avançadas hoje
por Mark Thompson têm em seu favor a precisão de computadores que Kepler e os
astrônomos da Babilônia não dispunham.
Nós, como simples leigos, entretanto,
tiramos uma certeza: é que segundo o que a ciência pôde apurar, uma grande
conjunção de astros formou a famosa “estrela de Belém” que conduziu os três
Reis até Belém como narra o Evangelho.
A fé fica pois confortada pela ciência.
Sobre se foi Saturno ou Regulus, e se os
babilônios, Kepler ou os computadores acertaram melhor as datas, os cientistas
algum dia se porão de acordo.
Mas, qualquer que for a solução final, não
mudará o fato histórico essencial: a estrela existiu bela e esplendorosa
apontando para o local onde o Salvador do mundo haveria de nascer.
Fonte:
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